Além de ser o vilarejo mais próximo de Bariloche -- tanto o Cruce de Lagos quanto o ônibus de linha passam por lá antes de chegar a Puerto Montt -- Puerto Varas tem a vantagem de estar mais ou menos no centro geográfico dos pontos de interesse dos lagos andinos.
Transformei dois desses passeios -- a Puerto Montt e a Frutillar -- em excursões gastronômicas consecutivas. E o que é melhor: tudo com transporte público
Começamos pegando um micro no centrinho de Puerto Varas, em frente a uma galeria na esquina da Del Salvador com San Francisco. Todos os micros que conectam a cidade às vizinhas passam por ali. Tarifa: 700 pesos (US$ 1 e pouquinho).
Meia hora mais tarde (Puerto Montt está a apenas 20 km de Puerto Varas) desembarcávamos no anexo da rodoviária de Puerto Montt. Vale comentar que a rodoviária de Puerto Montt é limpíssima e moderníssima; mas o anexo, onde param os micros, é o horror o horror o horror.
De lá viramos à esquerda (de quem está de costas para o mar) e caminhamos por menos de 15 minutos. Passando o porto e um enclavezinho de lojas de artesanato chegamos ao nosso destino: os Palafitos de Angelmó, um conjunto de restaurantezinhos à beira do canal estreito proporcionado por uma ilhota em frente. O Nick já tinha estado lá em outra viagem, e a Meilin super-recomendava também.
Os Palafitos é um daqueles lugares onde o pitorescômetro sobe às alturas. Como resistir a entrar num desses micro-restauranticos com mesas apertadinhas e vista para os barquinhos chegando com peixe fresco? (Tá, NAQUELE momento exato não vi nenhum peixe chegando, mas a gente imagina, pô.)
O mais indicado é o local número 19, que sai em tudo quanto é guia e revista. Olhei pela janela e... bem, as janelas tem meias-cortinas e a chef tem chapéu de chef. Não, eu não queria um restaurante normal. Eu queria ir num sujinho comum. Escolhemos o número 15/16, de dona Vilma, pela vista.
Pedi mexilhões enormes; o Nick foi de côngrio frito. Tomamos cerveja. Tiramos fotos. Pagamos a conta (11 mil pesos; uns 20 dólares), felizes, e fomos embora.
Os 15 minutos de volta à rodoviária ajudaram a fazer um pouquinho a digestão. Ao chegar ao anexo pobrinho, achamos o lugar de onde saía o micro pra Frutillar.
A tarifa era um pouco mais cara -- 1.200 pesos, ou US$ 2 e pouco. Desde Puerto Montt, a viagem é bem chatinha: os micros vêm pela auto-estrada (duplicada, espetacular -- vai até 300 km ao norte do Chile assim), mas entram em Puerto Varas e em Llanquihue no caminho.
Uma hora depois estávamos na parte baixa de Frutillar, uma cidade cenográfica alemã à beira-lago. (Infelizmente naquele dia tinham desligado o painel gigantesco do Osorno que aparece nos dias claros no outro lado do lago.)
No verão Frutillar funciona como um balneário e centro de artes (há um lindo teatro, o Teatro del Lago, que avança pelas águas do Llanquihue).
Fora de temporada é um lugar basicamente para se empanturrar de guloseimas alemãs -- ali chamadas kuchen e tortas. E foi exatamente para isso que nós fomos. Quer dizer: tentamos ir também no Museu Colonial Alemão, mas estava próximo do horário de fechamento e não nos deixou entrar.
Aproveitamos uma trégua do chuvisqueiro para caminhar pela beira-lago, mas quando a chuva apertou corremos para a primeira confeitaria que apareceu na nossa frente.
Eu fui de kuchen de morango, o Nick de kuchen de nozes. Se você preferir as tortas (altíssimas), peça uma fatia para duas pessoas, porque pelo que eu vi na mesa ao lado dá pra dois e sobra...
Na volta estávamos no ponto esperando um micro pra Puerto Varas quando passou um casal de chilenos e nos ofereceu carona para lá -- pode tanta simpatia? No caminho, nos falaram do terceiro programa gastronômico da região -- ir até Porto Octay, a próxima cidadezinha à beira-lago, para um almoço pantagruélico de javali num lugar chamado Espantapájaros.
Obrigado pela carona, mas fica pra próxima!
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