Copenhagen
Enviado especial | Hugo Medeiros
Eu adorei Copenhagen. Numa interpretação pessoal e livre, me pareceu uma mistura entre a histórica Praga, a moderna Londres e a vibrante Amsterdã. Tudo isso acomodado em ruas planas e repletas de pessoas alegres e felizes.
Com a chegada do verão a vibração ainda é maior. Isso porque, segundo os próprios moradores, se tiver sol, independente da temperatura, todo mundo vai para as ruas.
King's Garden
Mesmo vendo o movimento de bicicletas em Odense, Copenhagen me impressionou ainda mais. E não é para menos, já que metade da população usa esse meio de transporte diariamente.
Para os turistas, em diversos locais existem bicicletas que podem ser alugadas. O acionamento é suave pois tem um auxílio elétrico. Tem que pedalar, mas é tudo muito fácil.
Ficamos no First Hotel Twentyseven, que oferece diárias a partir de 1200 coroas dinamarquesas (DKK) para o casal, com café incluso. Sim, é caro, mas você paga principalmente pela excelente localização e o bom café da manhã que servem. Antes de ir tinha visto muitas pessoas reclamando no Tripadvisor sobre o tamanho dos quartos. Os de solteiro realmente são minúsculos, mas os de casal têm um tamanho muito razoável. Não são grandes, mas também não me senti apertado em momento algum.
Segway tour
Rapidamente deixamos as malas nos quartos e fomos para o primeiro compromisso do dia: um tour de Segway por Copenhagen.
Já tinha visto esse passeio em diversas cidades, mas nunca experimentado. Sempre pensei que não valesse o investimento. Mas a verdade é que vale sim.
Aquele aparelho estranho de duas rodas, que se move gentilmente pelas ruas, é uma diversão para pessoas de todas as idades. O city tour em si é um bônus. O legal mesmo foi passear por entre as pessoas, bicicletas e carros com desenvoltura e rapidez.
O custo de 350 DKK por 1 hora de passeio é um excelente investimento para as férias. Primeiro é necessário um treino, realizado num pátio ao lado da loja. Em poucos minutos todos já estão dominando o equipamento e podem sair para as ruas. A utilização de capacete é obrigatória, e ele conta com um fone que permite ouvir as instruções e comentários da guia, que vai na frente.
Royal Smushi Cafe
Na sequência fomos almoçar no Royal Smushi Café, que se localiza bem no centro da região mais agitada e animada da cidade. Para chegar ao restaurante passe pelo portal que fica entre as lojas Royal Copenhagen e Georg Jensen e siga até o final.
Trata-se de um restaurante moderno, alegre e com excelente comida. Um prato típico do lugar é o smushi, um sanduíche aberto que pode ser feito com salmão, frango, carne, lombo, etc. No Royal Café eles servem um mini smushi, extremamente saboroso. Um prato com 3 mini smushis custa 150 DKK e é suficiente para uma pessoa. Interessante porque numa única oportunidade você pode experimentar sabores totalmente diferentes e igualmente deliciosos.
Royal Copenhagen
Após o almoço visitamos algumas lojas da região, como a Royal Copenhagen, que produz as porcelanas mais caras do planeta. Existem peças tradicionais, com preços um pouco mais razoáveis, mas a atração mesmo são as pintadas à mão, com bordas em ouro, e cujos preços chegam a ser inimagináveis. Um único prato por 1500 euros é motivo mais do que justificado para termos cuidado redobrados com as crianças.
A loja do famoso Georg Jensen fica ao lado, e possui produtos para todos os gostos, mas com preços elevados, compatíveis com a qualidade e beleza das peças.
Uma loja que gostei muito foi a Illumus Bolighus, pois possui vários andares, com uma diversidade incrível de produtos. É importante destacar, no entanto, que na Dinamarca a grande maioria dos produtos são focados no design, o que reflete na qualidade e beleza das peças, mas ao mesmo tempo num preço pouco atrativo. Por isso deve-se pesquisar, analisar e procurar bastante, o que é mais fácil de ser feito em lojas maiores.
Para quem quiser comprar Lego, tem uma loja perto da Illumus Bolighus, com várias opções e preços mais baixos do que no Brasil. E se preferir um atendimento em português, procurem o Emil, que é dinamarquês mas fala a nossa língua perfeitamente, e é extremamente solicito.
Por toda a cidade você encontra também o minimercado Irma. Fui numa loja próxima ao parque Tivoli e comprei alguns itens básicos por preços aceitáveis. Lá eles tem diversas opções de saladas prontas por 30-40 DKK, além de sucos, refrigerantes e diversos itens que se forem comprados em restaurantes ou bares ficarão muito mais caros.
Kompagnistraede
E deixei o melhor para o final. Na minha opinião a loja mais interessante para compra foi a Magasin, que fica logo acima da estação de metrô Konges Nytorv, apenas 5 quarteirões do Royal Café. Indispensável levar o seu passaporte porque estrangeiros tem 10% de desconto nas compras. São vários andares com roupas, itens para cozinha, decoração, maquiagem, óculos, etc. Em cada andar separe os produtos que deseja e já pague (não esqueça do passaporte). Depois de finalizar todas as compras vá no serviço de atendimento que fica no último andar, apresente as notas fiscais e peça o Tax Refund, que irá lhe garantir a restituição de aproximadamente 20% de tudo que comprou. Como a loja é imensa, o importante é ir com calma e pesquisar os melhores negócios. Mas algumas marcas de produtos de cozinha como a Joseph Joseph e a Zwilling estavam bem interessantes quando estive lá. Perto do atendimento aos clientes tem alguns lockers onde é possível deixar a compras enquanto você faz seus passeios.
De forma bem resumida, para passear pelo centro pegue a Ostergade (esquina com Niels Juels Gade) e vá até a Frederiksberggade (esquina com Vester Voldgade). É praticamente a mesma rua que muda de nome, basta seguir o fluxo. Caso tenha fome, pegue a Kompagnistraede, uma rua paralela, que possui diversos restaurantes e cafés.
Mas, na minha opinião, as belas lojas de Copenhagen são apenas um bônus. Comprar apenas te permite trazer para casa pequenas lembranças dessa encantadora cidade. A parte mais interessante é andar, se perder e, sempre que possível, fazer uma boa refeição.
Hotel d'Anglaterre
E nesse mesmo dia fomos jantar no Hotel d'Angleterre, que nada mais é do que uma versão dinamarquesa do nosso Copacabana Palace. O hotel foi reaberto maio 2013 após uma longa, demorada e cara restauração. Hoje o d'Angleterre dispõe de 30 quartos e 60 suítes, além de um excelente restaurante e um coquetel e champanhe bar.
Tudo é novo e está impecável. O atendimento é primoroso e a decoração, de muito bom gosto. Os quartos mais simples podem ser encontrados a partir de 2750 DKK (sem café da manhã), o que não chega a ser um absurdo frente à qualidade e tradição do local.
O brunch, ao custo de 495 DKK, é muito concorrido e precisa ser reservado com meses de antecedência. No almoço um menu com 3 pratos custa 375 DKK e no jantar um prato principal está em torno de 160 DKK.
No nosso caso degustamos 3 pratos, harmonizados com vinhos, e foi uma refeição realmente memorável. A qualidade e sabor, juntamente com a beleza do ambiente, fazem com que os preços sejam muito razoáveis. Arriscaria até dizer, baratos.
Após mais uma experiência gastronômica, a qual recomendo fortemente, voltei para o hotel, pensando se Copenhagen poderia ficar ainda melhor.
E eis que na manhã seguinte o céu estava azul.
Bem cedo fomos em direção ao parque King's Gardens. Inicialmente visitamos o castelo Rosenborg, que é pequeno e pode ser visto em uns 20 minutos.
Castelo Rosenborg
Caso o tempo esteja curto para ir ao castelo, não se preocupe. Para mim pelo menos, achei o parque mais agradável.
Round Tower
Uma pequena caminhada depois nos levou até a Round Tower, onde subimos uma rampa até um excelente ponto de observação, com vista para toda Copenhagen.
Retornamos em seguida para o King’s Gardens e almoçamos no restaurante Orangeriet. E nada melhor do que comer uma bela refeição rodeado por jardins majestosos. Um sanduíche aberto custa 75 DKK e um prato principal 150 DKK.
Nesse momento aprendi mais uma peculiaridade dinamarquesa. O azeite, que nós usamos rotineiramente, é reservado por eles apenas para alguns poucos pratos, como saladas. Ao pedir azeite para o sanduíche aberto, ficou evidente a dúvida dos garçons. O que chegou na mesa foi uma vasilha com um pouco de azeite, acompanhado de uma atenção redobrada dos garçons querendo ver o que faríamos em seguida.
Boa comida, bons preços e jardins por todos os lados são uma excelente combinação, mas melhor ainda foi que veio depois.
Forte Trekoner
Caminhamos até o porto, onde pegamos um barco e fizemos um belíssimo passeio pelos canais de Copenhagen. Algumas empresas como a Stromma oferecem diversas opções, sendo que algumas delas passam pelo maravilhoso forte Trekoner, localizado a alguns quilômetros da costa.
No forte está instalada uma bela lanchonete e uma aconchegante estrutura para eventos. Uma ou duas noites por mês o Chef Daniels abre o restaurante para jantar, ao custo de 300/400 DKK (já incluso o transporte de barco). Se isso acontecer durante a sua estadia, não perca a oportunidade. Caso contrário, para grupos maiores é possível entrar em contato diretamente com a administração do forte para verificar valores e, quem sabe, participar de um jantar privado numa típica fortaleza na Dinamarca.
Após um agradável passeio fomos para uma empolgante aula de culinária, em que auxiliamos o chef na elaboração de alguns pratos. Mas como muito ajuda quem não atrapalha, rapidamente nos encaminhamos para a mesa, onde foi servido o delicioso salmão de entrada e o maravilhoso porco à pururuca de prato principal.
Gosto de pensar que esse tipo de evento consiste num investimento em memórias, que nos acompanharão por toda a vida. Mas se você não estiver na cidade no dia em que estiverem servindo o jantar, não se chateie e programe pelo menos um passeio ao forte. É uma excelente visita, e a ida e volta por si só já valeriam a pena.
Hotel d'Anglaterre
Felizes e satisfeitos, retornamos para o continente, para uma rápida parada no champanhe bar do Hotel d'Angleterre. O ambiente refinado, com música ambiente e luminosidade adequada encerrou com grandiosidade um dia perfeito. As garrafas de champanhe com preços a partir de 900 DKK ou uma taça por 130 DKK eram condizentes com o requinte do lugar.
Eu jamais imaginaria, mas comi na Dinamarca quase tão bem quanto na França. A culinária se mostrou não apenas refinada, como também saborosa. Mesmo nos locais mais elegantes sempre me senti à vontade e confortável.
Pois é, mesmo tão distante, e com pouquíssimas coisas em comum, a receptividade dinamarquesa me lembrou a alegria singular do povo brasileiro. E não existe nada melhor do que se sentir em casa, estando fora de casa.
Mas mesmo no final a Dinamarca ainda tinha algumas surpresas guardadas, e como era de se esperar, essas surpresas envolviam muita modernidade, história e diversão.
Hugo Medeiros viajou a convite de Visit Norway e Visit Denmark.
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