Sul do Chile | Ilha de Chiloé: uma beleza bruta
Visitar Chiloé é das experiências mais autênticas que se pode ter no Chile. Cerca de três horas de vôo entre Santiago e Castro acercam o que existe de mais cosmopolita no país a um destino rústico e genuíno.
Chiloé é o Chile sem verniz. Está se desenvolvendo turisticamente, o que significa poder se hospedar em hotéis novíssimos e confortáveis, mas ainda conseguir comprar artesanato diretamente das mãos do artesão. As casas típicas não escondem a ação do tempo. Os mercados servem comida local para gente do local. Não é difícil se sentir à vontade em um lugar tão modesto, onde as extravagâncias ficam só por conta da natureza.
Chilote way of life
O arquipélago de Chiloé é composto por cerca de 30 ilhas que ficam ao norte da Patagônia e a sul da região dos lagos. A ilha principal é a Ilha Grande de Chiloé, onde estão as maiores comunas: Castro e Ancud.
Chiloé não corresponde exatamente à nossa típica imagem de um arquipélago – em vez de jangadas há barcos robustos; no lugar da areia você encontra colinas e ovelhas, e mesmo no verão, é comum chuviscar.
Do mar e da montanha vem a cultura e o trabalho dos chilotes, os habitantes de Chiloé. No mar eles pescam, coletam mariscos e algas, criam salmão. Nas montanhas, plantam diversas variedades de batatas, extraem madeira e criam animais.
Sem conhecimentos formais de arquitetura, os chilotes construíram um impressionante conjunto de igrejas. São 70 espalhadas pelas ilhas, das quais 16 foram reconhecidas pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade.
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Construídas durante as missões jesuíticas e franciscanas no arquipélago, têm um desenho bastante particular; parecem casinhas com uma torre bem ao centro, e misturam características européias e indígenas nativas. São todas de madeira, e a mais antiga, a Igreja de Santa María de Loreto de Achao, na ilha de Quinchao, data de 1730.
As igrejas de Chiloé e as casas típicas, adornadas por tejuelas de alerce, foram feitas a partir do que os carpinteiros aprenderam na construção de barcos. As palafitas, símbolo do arquipélago, têm tudo a ver com o estilo de vida chilote. É a necessidade de se estar à beira-mar, de onde historicamente vem a principal forma de sustento.
Muitas palafitas foram destruídas no violento terremoto de 1960, mas dois grupos delas ainda resistem na comuna de Castro: os Palafitos Gamboa e os Palafitos Pedro Montt. Além deles, também são vistas outras casas do gênero pelas ilhas, porém isoladamente.
Olha o passarinho!
O nome Chiloé deriva de Chille-Hué, ou “lugar das gaivotas”. Junto ao circuito de igrejas históricas e às palafitas, as aves são das principais atrações do arquipélago – especialmente os pingüins.
A baía de Puñihuil é como um destino de férias para os pingüins de Magalhães, que chegam vindos da Patagônia, e os pingüins de Humboldt, que vêm da costa do Peru e do Chile. Eles são bastante parecidos, e é curioso que só em Chiloé essas duas espécies convivam.
Os pingüins podem ser vistos em ilhotas próximas à praia, onde ficam durante a primavera e o verão. O passeio é feito a bordo de lanchas e dura 40 minutos.
Segundo me contaram, eles chegam em Puñihuil por volta de setembro. Em outubro, rola uma paquerinha. Em novembro, ficam de nheco-nheco. Em dezembro nascem os filhotes, que mudam de plumagem em fevereiro. Em março, as famílias se vão.
Durante o verão são feitas até 30 saídas de lancha por dia para ver os bichinhos nas ilhotas. Apesar disso, é preciso ligar antes de ir, para reservar e confirmar (veja aqui os contatos). O passeio pode ser cancelado em caso de ventos muito fortes. O barco chacoalha um pouco mesmo em boas condições climáticas, mas vale a pena agüentar o tranco!
Muitas outras aves migratórias dão o ar da graça em Chiloé. Entre elas está o zarapito de bico reto, que faz uma viagem de 14 mil quilômetros desde o Canadá e o Alasca para chegar até lá. Sim, numa tacada só. E a gente reclamando de meia horinha de esteira na academia.
Passeando pelas ilhas durante o verão você pode encontrar áreas pantanosas cobertas por enormes turmas deles, que numa primeira olhada até se confundem com a paisagem.
Entre as áreas mais importantes para a observação de aves estão as baías de Caulín, na comuna de Ancud, e Pullao, na península de Rilán, parte da comuna de Castro.
Em Pullao está um centro de observação muito bacana chamado Bahía Pullao. É oferecido um passeio guiado pela propriedade e todo o equipamento necessário para observar aves nativas e migratórias, como telescópios terrestres que aproximam em até 60 vezes o que se vê. Para reservar, entre em contato pelo site.
Comida e artesanato
Chiloé é um paraíso para os aficionados por coisas-do-mar-que-vêm-em-conchinhas. Pude provar mariscos em sopas, em mousses, recheando empanadas ou recém-saídos de um buraco cavado no chão (lembram do curanto?).
Pratos com mexilhões, vôngoles e ostras, sempre fresquinhos, são servidos tanto em elegantes restaurantes de hotel quanto em mercados tradicionais e festas folclóricas. Uma delícia e um privilégio.
Outro ingrediente celebrado na região é a batata. Dizem haver 286 variedades de batatas nativas do arquipélago, com cores e formatos os mais diversos. Toda casinha no campo tem a sua plantação de batatas e meia dúzia de ovelhas.
A lã é dos materiais mais utilizados pelos artesãos chilotes. A feira da comuna de Dalcahue, na Ilha Grande de Chiloé, é um bom lugar para fazer compras de produtos de lã. Adorei, em especial, as bonequinhas:
O melhor dia para visitar o mercado é domingo, quando artesãos vindos de outras partes do arquipélago também aparecem para vender seus produtos por ali.
Aproveite para fazer um lanchinho ou almoçar em um dos balcões das cocinerías do mercado. É um programa divertido para quem curte provar comidas típicas no melhor estilo caseiro.
Organizando a viagem
Quando ir
A melhor época para visitar Chiloé é no verão. Essa é a estação com o clima menos chuvoso, e também quando se pode ver pingüins e, com sorte, baleias azuis, além dos zarapitos e outras aves migratórias. No verão também acontecem os festivales costumbristas, celebrações ao ar livre com danças, comidas e artesanato típico chilote.
A época a se evitar é entre os meses de maio e agosto, quando as chuvas são mais fortes.
Como chegar
A melhor idéia é voar ao aeroporto de Castro a partir de Santiago ou de Puerto Montt, onde o vôo que sai de Santiago faz escala.
Para quem estiver explorando a região dos lagos de carro, é possível atravessar de automóvel em uma balsa. É necessário dirigir de Puerto Montt ao povoado de Pargua para embarcar no ferry, que chega ao norte da Ilha Grande de Chiloé por Chacao.
Essa é uma viagem longa e que toma metade de um dia. Fica como alternativa caso não se encontre carros para alugar em Chiloé. O bilhete para o ferry pode ser comprado na hora e as saídas acontecem em pequenos intervalos.
Onde ficar
Para uma hospedagem mais prática e com foco em passeios, vale a pena escolher entre as duas principais comunas: Castro e Ancud, ambas na Ilha Grande de Chiloé.
Castro tem uma maior oferta de hotéis e é onde fica o aeroporto. Lá estão os bairros de palafitas. Algumas foram convertidas em albergues ou pousadas, e podem servir a uma estadia mais autêntica. Fica mais ao centro da ilha, perto do circuito de igrejas históricas, do mercado de Dalcahue e da península de Rilán, onde está a baía de Pullao e o centro de avistamento de aves. Castro fica mais perto do que Ancud do Parque Nacional Chiloé e do Parque Tentauco, embora ainda distante de ambos. Conheça os hotéis de Castro no Booking.
Ancud fica ao norte, perto do local por onde se chega de ferry. Está próxima da baía de Puñihuil (de onde sai o passeio para ver os pingüins e a excursão ao alto mar para encontrar baleias), e da baía de Caulín, conhecida como “santuário de aves”. Na comuna de Ancud está Chepu, onde um vale de árvores mortas é o cenário dramático de excursões de caiaque ao amanhecer. Veja os hotéis de Ancud no Booking.
Para uma hospedagem em estilo lua de mel, e sem fazer economia, vale considerar a península de Rilán. Lá estão o confortável Hotel Parque Quilquico, que pratica o turismo sustentável; o Tierra Chiloé (antigo Refugia), com luxo discreto e apenas 12 quartos, e o Centro de Ocio, de onde se tem uma vista escandalosa e suítes amplíssimas, mas menos serviços.
Ficar na península é para quem pretende passear em ritmo menos acelerado e curtir mais o hotel.
Quantos dias
3 dias inteiros, sem contar com chegada e saída.
Como rodar
Alugar um carro é a melhor pedida. A maior parte das estradas é tranqüila e está em boas condições, ainda que um trecho ou outro possa não ser asfaltado. Há muitos mirantes e lugares bonitos para parar pelo caminho.
Para quem não dirige, é uma boa se encaixar em tours organizados. As distâncias são grandes em Chiloé, e a oferta de transporte público não é tão ampla. De toda forma, é dos lugares que um bom guia pode fazer toda a diferença na sua viagem, inclusive para contar causos e lendas chilotas. História é o que não falta!
Mariana viajou a convite da SERNATUR Los Lagos e do Turismo do Chile.
Leia mais:
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Comentários
Bom dia. Eu e meu esposo queremos ir a CHILOÉ, principalmente para conhecer os pinguins, a ideia é ir final de outubro, e vamos de carro, gostaria de informações sobre valores e horários do ferry, passeios dentro da ilha, e qual a possibilidade de ver os pinguins nessa época. ou qual seria a melhor epoca para ve-los.
Olá, Kelin! INfelizmente não temos conteúdo estruturado sobre Chiloé, mas acredito que você consiga todas essas informações online. A temporada de pinguins começa em outubro, quanto mais para a virada do ano, mais fácil de encontrar.
Olá. Vamos passar uns dias de junho em Puerto Montt, pelo que li, não é o período mais indicado para visitar as Ilhas Chiloé, mesmo assim, temos muita vontade de ir lá. O plano é pegar um carro em Puerto Montt e estamos planejando ir até as ilhas, dormir uma ou duas noites em Castro. É um bom período para aproveitar o mínimo lá?
Olá, Ronildo! O tempo em Chiloé é frio e sujeito a chuvas o ano inteiro. No inverno vai estar mais frio e os dias serão mais curtos, só isso.
Adorei conhecer, foi um documentário na RTP2 que me despertou a atenção. Gostava de visitar, mas só através de uma agência de viagens com tudo programado. OBRIGADA pela informação disponibilizada que merece 5 estrelas! 💫💫💫💫💫 😊
Fiquei na dúvida , pra atravessar de carro a única forma é um ferry que leva meio dia ? Eu vou estar em puerto varas de carro e queria fazer um bate e volta em Chiloé, o que sugeri ?
Olá, Nadia! O que toma boa parte do dia é o traslado desde Puerto Varas. Dá uma hora e meia de carro até o local de embarque do ferry (Pargua), mais a espera para o ferry, daí 40 minutos de travessia até Chacao, depois 1 hora e meia até Castro. Há agências que oferecem o bate-volta – é cansativo mas factível. Por conta própria você vai cansar demais, é melhor pernoitar em Castro.
Ola,Nadia:_ respondendo a sua pergunta:_ Saindo de Puerto Varas ate Pargua sao aproxidamente 85 Km. antes do cruze de ferry pra Ilha de Chiloe.(de ferry entre espera e saida 45,minutos),Apos cruzamento do Golfo( no Ferry. a primeira cidade pra visitar e Ancud( historica muita beleza natural).,tomando estrada 5 Sul sentido Dalcahue e Castro.Lembrando que Ilha de Chiloe tem 180 Km de cumprimento e 60 km de largura. Um dia nao e suficiente pra conhecer bem os Encantos da Ilha Famousa pelas lendas e fantasias. Quer saber mais e conhecer Chiloe.
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Atte, Alejandro
Oi! Estamos indo para o Chile na segunda quinzena de Setembro, acha que vale uma visita à Chiloé? Pensamos em alugar um carro em Puerto Montt e subir até Santiago. Vale a pena ir para Chiloé?
Olá, Fabricio! Chiloé tem um perfil muito particular qu enão se encaixa naquela beleza plácida que a maioria das pessoas espera do Chile. Nós adoramos Chiloé, dÊ uma olhada no material para ver se é a sua ‘praia’ também.
Olá, ótimas dicas e recomendações por favor qtos dias vc sugere com calma fazer P. Montt e P. Varas e dps ficar por mais qtos dias em Chilloé ? Como irei de carro onde é melhor ficar em Castro ou em Ancud? Detalhe gostamos de explorar os locais.Obrigado.
Olá, Wilson! As vantagens de cada localidade estáo explicadas no tópico Onde ficar. Fique 5 dias em Puerto Varas.