Veja neste guia prático de viagem a Galinhos (RN):
Por que ir a Galinhos
Uma península de areia, com um farol na ponta, cercada por águas azuladas no mar aberto e esverdeadas no braço de mar (que os nativos chamam de rio). Entre o braço de mar e a praia, um povoado cujas ruas ainda são percorridas por charretes. E duas montanhas peculiares: uma duna e uma salina. Assim é Galinhos, um vilarejo de praia como nenhum outro.
Mesmo com tanta beleza e exotismo, Galinhos consegue a façanha de não ter mudado praticamente nada depois da chegada do turismo. Nos últimos 15 anos, a única mudança visível foi o calçamento (com paralelepípedo) de boa parte do vilarejo. (OK, tem também o predinho de três andares da pousada Amagali.) No mais, até os grupos que fazem o bate-volta desde Natal (e que são cada vez mais numerosos) pouco afetam a rotina da vila: passeiam de barco pelo braço de mar, almoçam em Galos e só aparecem em Galinhos quando falta pouco para embarcar de volta.
A dificuldade de acesso, que é a qualidade comum a todos os paraísos preservados, em Galinhos ganha um reforço poderoso: a água no povoado é salobra -- o que faz com que os banheiros das pousadas tenham um segundo chuveiro, acoplado a um galão de água mineral, para o enxágüe final. Funciona! Tanto para tirar o sal do corpo, como para frear um crescimento indesejado. E de lambuja, ainda seleciona o visitante que vai mais se identificar com Galinhos.
Permita-se parar no tempo por uns dias. Velocidade, aqui, só para quem está pilotando pranchas a vela. O único compromisso do dia é assistir ao pôr do sol no mar. Acione o modo slow beach e seja feliz.
Quantos dias em Galinhos?
Para fazer os passeios principais você vai precisar de dois dias inteiros. Dias suplementares sempre serão bem-vindos se o seu objetivo é descansar e curtir praia.
Quando ir a Galinhos
A região de Galinhos tem um dos (micro)climas mais secos da costa brasileira. Em praias localizadas na zona da mata, a época chuvosa costuma registrar perto de 300mm de chuva (ou mais). Em Galinhos, a época de chuva (de março a maio registra entre 100mm e 150mm de precipitação. Mesmo na comparação com outros destinos de zona árida -- como Fortaleza ou Natal --, Galinhos sai ganhando no quesito menos chuva.
A temperatura não varia muito ao longo do ano: a máxima vai a 30ºC ou mais durante o ano inteiro, e a mínima fica entre 21ºC e 23ºC. O segundo semestre é bem mais ventoso, o que ajuda a amenizar a sensação de calor (ao ar livre, na sombra, você nunca sentirá calor excessivo se houver vento) e também a espantar as nuvens.
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Como chegar a Galinhos
Pelo asfalto, Galinhos está a 180 km da zona hoteleira da Ponta Negra, em Natal -- e a 152 km do novo aeroporto de Natal. O asfalto chega até Pratagil, onde há um estacionamento, um bar e o píer. Dali é preciso fazer uma travessia de barco de 10 minutos.
As travessias ocorrem sempre que haja um mínimo de 8 passageiros. A passagem custa R$ 4. Caso não haja 8 passageiros, o barqueiro cobra R$ 30 pela travessia.
De carro
O acesso a Galinhos é pela BR 406, a estrada que leva de Natal a Macau. O novo aeroporto de Natal fica no início dessa estrada.
A estrada está em estado bastante razoável. O movimento não é intenso e há poucas curvas, o que facilita as ultrapassagens. Não há radares fixos, mas há muitas lombadas nos trechos que cortam cidadezinhas.
Sem carro
De ônibus
Rodoviária de Natal
O Expresso Cabral, que faz a rota Natal-Macau, faz uma parada em Pratagil apenas três vezes por semana: 6ª, domingo e 2ª. O ônibus sai de Natal às 6h e chega às 9h em Pratagil. A volta é às 17h15, com chegada às 20h15 em Natal. A passagem custa R$ 32,10 (outubro/2016).
Em outros dias e horários, é possível pegar qualquer ônibus Natal-Macau do mesmo Expresso Cabral e parar no trevo de entrada para Galinhos na BR 406. Você vai precisar combinar um traslado com a sua pousada; o carro para até 4 pessoas do trevo a Pratagil deve custar R$ 40.
A rodoviária de Natal fica na Av. Capitao Mor Gouveia, 1597, no bairro de Cidade Esperança (tel. 84/3205-2931). Um táxi da zona hoteleira de Ponta Negra até lá sai R$ 32 na bandeira 1. De ônibus urbano, dá para pegar a linha 599 (Guarapes) na av. Roberto Freire, que vai até a Rodoviária sem transbordo por R$ 2,65 (outubro/2016). Na rodoviária, as passagens do Expresso Cabral são vendidas no guichê Transpasse.
De trânsfer
Sua pousada em Galinhos pode organizar seu traslado, desde o aeroporto ou seu hotel em Natal, por preços entre R$ 300 e R$ 400 (dependendo do carro) para até 4 pessoas.
Aproveitando um tour organizado
O passeio de dia inteiro a Galinhos é oferecido por todas as grandes agências de turismo receptivo de Natal. Custa desde R$ 100 por pessoa. Se você está sozinho ou viajando em dupla, é uma maneira eficiente e confortável de ir a Galinhos. Você vai precisar comprar dois passeios -- um para o dia da ida, outro para o da volta -- e combinar com a agência o horário e o ponto de encontro para o dia da volta (normalmente os passeios saem de Galinhos entre 15h e 16h). No passeio da ida, você já aproveita para fazer o tour completo (mangue, salina, dunas e bugue). Fique dias suplementares para descansar e entrar no ritmo super-slow de Galinhos. Nesse esquema, você vai ser buscado no seu hotel em Natal e devolvido também em algum hotel. Não serve para voltar de Galinhos direto para o aeroporto.
Pela areia
Estou registrando, mas pessoalmente não recomendo: acho o hábito de viajar pela praia, tão arraigado no Rio Grande do Norte e no Ceará, antiecológico e perigoso. Sou a favor da delimitação estrita de áreas para tráfego de bugues de passeio, fora das orlas de vilarejos ou de praias freqüentadas por banhistas.
Dito isso, não dá pra não registrar que é possível chegar a Galinhos pela areia. Há agências que organizam a travessia de Natal a Fortaleza pela beira do mar, em três ou quatro dias. De 4x4, é possível evitar a travessia saindo da BR 406 logo depois de João Câmara, até a cidade de Caiçara do Norte, seguindo por mais 30 km pela areia, na maré baixa. Motoristas de Galinhos sabem como ir de Pratagil a Galinhos atravessando a salina, num percurso de 15 km off-road (não-recomendável para quem não conheça a região).
Vindo do Ceará
Galinhos está a 460 km de Fortaleza e 300 km de Canoa Quebrada.
Saia de Fortaleza pela CE 040 e prossiga na direção de Natal pela BR 304. Saia da BR 304 em Itajá e siga pela RN 118 (uma estrada da Petrobrás) até a RN 406, onde você continua no sentido Natal até a entrada para Pratagil/Galinhos.
Onde ficar em Galinhos
No píer há sempre charretes a postos para levar passageiros com bagagem. Cobram R$ 10 até a sua pousada.
No lado do braço de mar
Para além de ser mais fofa das pousadas de Galinhos, a Chalé Oásis é também a mais bem-localizada: ao desembarcar, você não caminha nem 50 metros desde o trapiche. Provavelmente você encontrará na recepção os afabilíssimos Clara e Joca, que há 14 anos trocaram Portugal pelas areias de Galinhos. Seu Chalé Oásis é uma vila de casinhas coloridas de madeira, postadas em torno de um jardim miraculosamente bem cuidado. As melhorias são uma constante: recentemente, a pousada ganhou uma nova piscina (com jacuzzi aquecida), e dois novos chalés (grandes e de alvenaria). O serviço é cortês e competente, mesmo nos breves períodos em que o casal não está na península. A cozinha é um destaque da casa -- tanto no cardápio do jantar, que tem espaço para receitas regionais portuguesas, quanto no café da manhã, que oferece de cuscuz a leite-creme (a crème brûlée lusa). A carta de vinhos tem rótulos portugueses escolhidos pelo Joca e vendidos a preços bastante razoáveis. Um mirante e um gazebo convidam a curtir a brisa e o visual do braço de mar.
Para os padrões de Galinhos, a pousada Amagali é praticamente um resort: está num terreno enorme, á beira do braço de mar (a 400 metros do píer; vá de charrete). Um predinho de três andares (o arranha-céu da península) abriga 12 apartamentos (que estão com visual diferente da foto; as paredes agora são brancas). As acomodações mais charmosas são os dois chalés branquinhos com vista para o braço de mar. A piscina é uma lindeza; o restaurante serve pratos regionais e italianos.
Na vila
A novidade de Galinhos é a Made in Aqui, montada por um casal de franceses numa estrutura pré-existente. É tudo muito bem-resolvido: a decoração criativa e a qualidade dos equipamentos conferem um belo upgrade a instalações modestas. O quintal, também supertransado, está à sombra de uma velha amendoeira. O restaurante fica no segundo andar e funciona à noite como bar e pizzaria. Fica mais perto do mar do que do píer.
À beira-mar
Uma das pioneiras do pedaço, a Brésil Aventure é acima de tudo o camarote para assistir ao pôr do sol. O destaque são as áreas sociais com vista para o mar: o avarandado do bar e o mirante. As acomodações são básicas; há uma piscina, mas sem vista.
Em Galos
A 5 km de Galinhos, a Peixe-Galo é bem-montada e tem uma linda piscina de frente para o braço de mar e as dunas. Sua vantagem é que a água em Galos não é salobra como a de Galinhos.
Onde comer em Galinhos
Os restaurantes das pousadas Chalé Oásis (regional e português), Amagali (regional e italiano), Made in Aqui (pizzas e massas) e Brésil Aventure (regional) também atendem não-hóspedes.
Fora das pousadas, o Frutos do Mar/Slow Food funciona na casa do dono/chef Lourimar Neto, que muda o cardápio conforme a oferta dos pescadores (tel. 84/994-432-228).
Quem busca um almoço tipo buffet vai encontrar no Self-Service da Nanai (tel. 84/994-890-058).
Coalho e caranguejo na Brésil Aventure
Caso a Brésil Aventure não esteja servido petiscos (aconteceu na minha última viagem...), alternativa para assistir ao pôr do sol é no Nativu's Bar, que também está de frente para o mar.
Em Galos, o mais concorrido da hora do almoço é o buffet do Restaurante da Irene (tel. 84/3552-2016). Mas se quiser almoçar num avarandado à beira do braço de mar, vá ao vizinho Rio Paisagem (tel. 84/994-297-485).
O que fazer em Galinhos
Passeio de barco
O passeio essencial de Galinhos é um verdadeiro circuito pelo braço de mar. O barco sai da vila e passa por um mangue viçoso -- até aí, nada diferente dos passeios de barco de outras praias. Só que o mangue é caminho para algo inusitado: a salina de Galinhos, uma magnífica duna de sal (que pode passar por montanha nevada se você caprichar no ângulo da foto). Na continuação do passeio, voltando pelo mesmo mangue, haverá uma parada para o barqueiro capturar o peixe-morcego, uma criatura pré-histórica que logo será devolvida à água. A próxima parada é junto à Duna do Capim, num visual meio Lençóis Maranhenses. Ali é a parada para banho. Dali o barco segue ao vilarejo de Galos, que é a parada do almoço, e finalmente de volta a Galinhos.
Este é o circuito básico, oferecido nos passeios bate-volta desde Natal e que pode ser contratado com barqueiros locais a partir R$ 180 por barco. Mas o passeio pode ser incrementado: nas dunas haverá bugueiros de plantão para oferecer o passeio de bugue das dunas a Galos (para a parada de almoço) e de lá a Galinhos; custa R$ 60 extras por bugue. Em Galinhos, o passeio de charrete até o farol sai R$ 30 extras por charrete. O almoço em Galos também é pago à parte.
Querendo algo mais exclusivo, com toques sofisticados, recomendo os passeios do Junior Tubarão. O diferencial maior dos barcos do Junior é na parada das dunas: ali é servido o almoço, de ostras recém-colhidas, sashimi, ceviche e frutas frescas. Custa R$ 300 por casal; o almoço está incluído (bebidas são pagas à parte; preço de julho/2018). Veja como foi o meu passeio com o Junior em 2013 (desde então, ele já incorporou novos barcos e incrementou o serviço de bordo).
Passeios de bugue e charrete
Os passeios de bugue, a Galos e às dunas do Capim, começam em R$ 60; o passeio de charrete até o farol ao entardecer sai R$ 30.
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