Praias do Brasil: São Miguel dos Milagres

Guia de São Miguel dos Milagres

São Miguel dos Milagres

São Miguel dos Milagres entrou no meu mapa em 2000, por acaso. Estava em Maceió e vi num jornal local uma pequena reportagem sobre uma pousada que tinha acabado de abrir. Procurando novidades para o meu guia Freire’s, cheguei — anonimamente e sem reservar — numa tarde chuvosa. A pousada estava fechada; o dono tinha ido para Maceió. Mas gostei do que vi e disse para o faxineiro que voltaria no dia seguinte. A manhã veio ensolarada, o dono tinha voltado à pousada, me hospedei, caminhei pela praia na maré baixa, cruzei com uma turminha do jardim de infância brincando junto aos barquinhos ilhados na areia, jantei filé de arraia com uma salada de rúcula e tomatinho cereja cultivados na horta.

Sem querer, tinha descoberto um tesouro ainda desconhecido até mesmo em Alagoas: 40 km de praias lindas e desertas, protegidas da curiosidade alheia por fazendas de coco e pela estradinha precária, interrompida por uma travessia de balsa que impedia o caminho de se tornar um atalho para Maragogi, e assim preservava povoados que pareciam saídos d’O Bem Amado. No fim da estradinha, em Japaratinga, vi uma placa de um hotel tentando atrair passantes que vinham do norte: “Conheça a Rota Ecológica”. Rota Ecológica? Resolvi adotar.

No mês seguinte, resenhei a região e a pousada na minha coluna na revista Exame Vip. O texto começava assim: “Sabe aquela praia que só você conhece, onde tem a pousadinha do Fulano que você só indica para os amigos mais chegados? Pois a praia se chama São Miguel dos Milagres, o fulano atende por Nilo e o nome da pousadinha é Pousada do Toque“. Ao receber o primeiro telefonema, de um leitor de Brasília, o Nilo achou que fosse trote. Os hóspedes que vieram gostaram. Alguns gostaram tanto que resolveram abrir pousadas por lá. Em cinco anos, a Rota se tornou um pólo de hospedagem de charme pé na areia.

Uma década e meia depois daquela surpreendente salada de rúcula no fim do mundo, São Miguel dos Milagres e a Rota Ecológica não são mais um segredo. Cinco anos de Réveillons baladíssimos (o Réveillon dos Milagres) e reportagens de Luciano Huck, Fátima Bernardes e Ana Maria Braga compartilharam as belezas da região com outros públicos. Novas opções de hospedagem surgem, agora acompanhadas por uma onda de restaurantes e bares funcionando fora das pousadas.

Rota Ecológica: quando dá praia?

Venha — e fique. Um bate-volta desde Maceió (ou Maragogi, ou Porto de Galinhas) não vai revelar o que a região tem de especial, que é o convite a relaxar e não fazer nada por dias a fio, comendo muito bem e sendo atendido com uma simpatia difícil de achar em outro lugar.

Só tem uma coisa. O Viaje na Viagem adverte: depois de passar uma temporada na Rota Ecológica, é difícil se apaixonar perdidamente por outra praia.

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    244 comentários

    Olá!!! Sempre dou uma passadinha por aqui, quando penso em viajar… Por várias férias já pensei em conhecer a rota ecológica, mas me assusto com o valor das diárias nas pousadas!! Hoje, somos um casal e uma criança de 6 anos. Como posso viajar somente em período de férias escolares, ainda inflaciona mais! Teria alguma indicação de uma pousada com um bom custo-benefício? Fico agradecida!

      Olá, Rosane! A região está bastante valorizada. Recomendamos sempre hospedagem à beira-mar, porque fora da beira-mar você vai precisar pegar praia em “receptivos”. Verifique se alguma pousada à beira-mar, qualquer uma, cabe no seu bolso.

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