Espanha e Portugal no inverno, pro Renato (e pra Vanessa)

Sevilha, dezembro de 2002

Sevilha, dezembro de 2002

O Renato Mechica só pode viajar em janeiro e está pensando em ir para o sul da Espanha (Andaluzia), continuando a Portugal.

A dúvida principal dele é se estará frio demais para aproveitar. E se estiver frio mesmo, se não valeria a pena trocar a parte de Portugal por uma extensão aos Pirineus, as montanhas relativamente próximas a Barcelona, para ter um gostinho do inverno ibérico.

Já a Vanessa tem 10 dias entre o Natal e o Réveillon para viajar por Portugal e está com dificuldades para decidir.

Achei que dava para reunir as duas perguntas numa enquete só, e assim beneficiar a todos os que queiram viajar para a Europa no inverno sem enfrentar um frio rigoroso demais.

Começando pela minha experiência: estive na Andaluzia em dezembro de 2002 e peguei dias lindos. Fez sol quase todos os dias, e depois de caminhadas acabava sempre tirando o casaco. Por tudo o que leio por aí, a Andaluzia é um dos lugares da Europa onde não há dúvidas de que é melhor ir no inverno do que no altíssimo verão.

Fui a Portugal nesta época duas vezes. Estive em Lisboa em dezembro de 2001 e em Lisboa, no Bussaco, em Chaves e no Porto em dezembro de 2002. As duas vezes o tempo esteve mais cinza do que ensolarado; no norte de Portugal peguei bastante chuva (o que é bastante normal nesta época do ano). Acho que Lisboa fica bem mais bonita com calor (o frio tende a acentuar sua melancolia), mas a temperatura é perfeitamente palatável. Em 2001 tirei o casaco algumas vezes (em 2002, não).

Para a Andaluzia recomendo ler a Paula Bicudo. Para Portugal, o Arnaldo (leia também este, este e este posts) e a (que já esteve por lá no inverno duas vezes). Para os Pireneus, a Carmen.

E você que já foi à Península Ibérica no inverno, o que recomenda para os nossos queridos consulentes?

161 comentários

Ricardo,
Somente agora, mais de um ano após ter pensado na ida para o sul da Espanha e Portugal, conseguimos ir para a Andaluzia e Lisboa e aproveitar as sugestões e dicas que você e os trips nos passaram. Gostaria de agradecer aos que mandaram as sugestões. Escrevi abaixo sobre nosso roteiro e fiz alguns comentários, como agradecimento e na esperança de quem sabe ajudar alguém que no futuro queira fazer esse passeio também. Tenho certeza que nossa rota pode ser melhorada, mas pensando após a viagem, acho até que foi um roteiro bem interessante e adequado no tempo. Aí vai:

Chegada e Córdoba:
Voamos direto para Madri e desembarcamos no dia 28/Dez. De lá fomos diretamente para a estação Atocha onde pegamos o trem para Córdoba. Como o trecho é servido pelo mesma linha que vai para Sevilha via AVE (trem de alta velocidade) e há disponibilidade quase de hora em hora, deixamos para comprar direto na estação. A viagem entre Madri e Córdoba demora cerca de 1h40. Dormimos uma noite em Córdoba para termos um pouco mais de tempo de visita, ao invés de fazer uma rápida parada somente para conhecer a tão falada mesquita. Pudemos passear pelo delicioso barrio judio, visitamos a mesquita, e gastamos o resto do tempo que nos restou entre comer algumas tapas e caminhar pelas ruas de Córdoba, todas elas ornadas com lindas árvores completamente recheadas de laranjas! Definitivamente, a mesquita precisa ser visitada.

Granada, Sierra Nevada e Nochevieja:
Na manhã seguinte, pegamos um trem (média para baixa velocidade rs) de Córdoba para Granada, onde tínhamos reservado 3 noites, inclusive a “nochevieja” (ano novo). Como esse trecho tem poucos horários, creio que dois ou três ao dia, já tínhamos comprado as passagens com bastante antecedência e com bons preços. A primeira tarde usamos para um reconhecimento geral da área turística e começar a explorar a região do Albaicin e Sacromonte, além de subir até o mirador San Nicolas para ver Alhambra emoldurada por Sierra Nevada. Tratamos também de retirar nossos bilhetes para Alhambra, o que vale um comentário: é realmente mandatório comprar antes os bilhetes via internet; quando compramos 3 semanas antes da viagem já havia poucos lugares e somente no primeiro horário da visita às 08:30; ao chegar em Granada vimos diversos avisos de que os ingressos estavam esgostados para dali a 3 dias. A retirada pode ser feita nas bilheterias de Alhambra ou na oficina de Alhambra localizada na praça próxima ao centro. É extremamente simples: basta colocar na máquina o cartão de crédito com o qual a compra foi feita que a máquina faz a leitura e imprime os bilhetes, só isso. Com os bilhetes em mãos, se dispensa a ida à bilheteria no dia da visita.

A visita a Alhambra tomou toda a manhã e o início da tarde, e tem o poder de nos transportar para outro local e outra época, com toda aquela arquitetura árabe lindamente trabalhada. As fontes d’água, colocadas por toda a parte, também trazem um toque especial ao local, parecem lembrar um oásis. A tarde continuamos passeando pela cidade além de aproveitar para curtir uma das muitas teterias da cidade… As noites em Granada foram aproveitadas com muitas tapas e sangrias!!. No dia seguinte, pegamos o carro alugado na Avis, localizada na estação de trem e rumamos para Sierra Nevada. Por lá há diversas opções de passeios e caminhadas, inclusive no inverno, mas já que estávamos por lá com toda aquela neve, resolvemos ficar pela cidade e curtir um pouco o local.
A noite, seguimos as recomendações do Ricardo e fizemos nossa mini-ceia de reveillon no quarto do hotel. Depois, por volta das 23:00, seguimos para a praça da prefeitura onde curtimos a passagem de ano: o estilo espanhol de comemorar a nochevieja foi muito interessante e divertido; foram distribuídas “bolsillas de cotillon”, sacos com chapéus de festa, máscaras, apitos, etc e latinhas com 12 uvas. Com todos na praça enfeitados com o conteúdo das bolsas, comemos as 12 uvas ao som das 12 badaladas, após as quais os fogos estouraram. Feliz 2011 a todos!! Depois a festa seguiu com rock e música eletrônica. Foi uma virada de ano bem diferente e divertida.

Rumo a Sevilha:
De Granada partimos em direção a Sevilha pelas vias indicadas como rotas panorâmicas pelo Via Michelin, para podermos curtir com calma o caminho e quem sabe descobrir novas paisagens. Fomos para Ronda, onde gastamos algumas horas visitando a área histórica da cidade. De lá seguimos para Setenil de las Bodegas, minúsculo pueblo blanco encravado sob enormes rochas. Nesse pueblo, as casas são curiosamente construídas sob as rochas. Passamos por lá com um misto de curiosidade e claustrofobia tamanho o aperto das ruas, e seguimos para Sevilha, onde ficamos duas noites.
Os pontos altos desse trecho foram os Reales Alcazares, a catedral com a Giralda; a Plaza de Espanha. e um outro pequeno tour por bares de tapas, sempre fazendo questão de colocarmos na mesa o inesquecível jamón ibérico.

Extremadura:
De Sevilha seguimos rumo a Badajoz onde ficamos por três noites. Fizemos o caminho tentando identificar alguns pontos de interesse no mapa. O primeiro, muito próximo de Sevilha é Itálica, cidade com algumas ruínas do período romano e que junta com Mérida forma o principal conjunto histórico do período romano na Espanha. Paramos também em Santa Olalla Del Calla, pequeno pueblo com uma belíssima fortificação árabe construída no alto de uma montanha no século XIII, de onde se pode desfrutar um linda paisagem de toda a região. O castelo pode ser visitado simplesmente pegando sua chave na oficina de turismo da região. Entrando na Extremadura, a atração do caminho se resume a belíssimas paisagens rurais, como campos de sobreiros com as cascas do caule removidas (a árvore de onde se tira a cortiça e que ganha uma forte coloração vermelha quando isso ocorre), centenas de ovelhas e os famosos porcos pata negra. Um ponto que curtimos foi a pequena cidade de Monestério, com vários e vários produtores de jamon e outros embutidos ibéricos. Comemos maravilhosamente bem por lá.
Não temos muito o que falar de Badajoz pois não andamos muito por lá. Usamos a cidade como “ponto de apoio” e, com isso, sempre chegávamos de volta de nossos passeios no final da tarde.
O primeiro dia foi utilizado para visitar Cáceres. Apesar de ser um patrimônio da humanidade e ter um conjunto histórico muito bonito, a cidade não nos empolgou tanto. Consideramos que Toledo e Salamanca, por exemplo, são muito mais interessantes, mas valeu a visita.
O melhor da viagem pela Extremadura ficou por conta de Mérida, para onde rumamos no dia seguinte. O conjunto de obras romanas na cidade é fascinante. Nós, que ainda não conhecemos Roma nem tampouco a Grécia, ficamos deslumbrados com tamanha beleza das obras espalhadas pela cidade. Vale a visita. Ao final do dia, devolvemos o carro que pegamos em Granada.

Portugal:
Havíamos escolhido ficar em Badajoz por sua proximidade com a fronteira com Portugal. Desse modo, pegamos um táxi para Elvas que nos custou 23 Euros. Lá pegamos o segundo carro da viagem. Existem ônibus entre Badajoz e Elvas, mas creio que somente quatro por dia e em horários não muito adequados para nosso plano de viagem.
De Elvas seguimos também por estradas secundárias. A paisagem ,no geral, se resume a zonas rurais, mas passamos por belos locais, como por exemplo Evoramonte. Paramos em Evóra para almoçar e passamos parte da tarde passeando pela cidade. Ficamos menos do que queríamos pois tínhamos que ir até Lisboa ainda.
Em Lisboa passamos cinco noites, sendo que no primeiro dia fizemos um bate-volta para Óbidos. A pequena cidade é linda, totalmente murada e merece ser visitada. Aproveitamos para ver um pouquinho também do litoral português, passando rapidamente por Peniche e Baleal. São pequenos balneários cujas casas dão um certo ar mediterrâneo, creio, mas que devido ao vento absurdamente forte e frio, só tinha dezenas de surfistas e alguns curiosos. Devolvemos o carro logo em seguida pois o trânsito em Lisboa é uma loucura. Os dias seguintes aproveitamos em Lisboa mesmo, visitando os pontos já bastante comentados pelos trips e em diversos blogs (obrigado a todos). No último dia visitamos também Sintra, mas a visita foi prejudicada pela chuva.

O tempo: na Andaluzia pegamos lindos dias com céu azul. Somente um dia em Granada foi bem nublado e com pancadas de chuva que não atrapalharam o passeio. Longe disso, foram a desculpa perfeita para descansarmos um pouco, curtirmos bares e teteria. A temperatura esteve sempre super agradável, entre uns 12 a 18 graus! As noites eram mais frias, mas colocando uma blusa mais quente e um cachecol, tudo se resolvia. Achamos que foi a época perfeita para conhecer a Andaluzia.
Em Sierra Nevada, pegamos duas nevascas durante o dia, mas nada melhor do que isso estando numa estação de inverno. Já na Extremadura o tempo piorou e mal vimos o sol, mas felizmente a chuva também pouco nos atrapalhou; lá a temperatura já caiu um pouco e ficou boa parte do tempo por volta dos 10 graus.
Já em Portugal sofremos um pouco com muitas pancadas de chuva forte e também com o vento fortíssimo que esteve presente por uns dois ou três dias. Lá realmente achamos o tempo muito mais instável que na Espanha, e comprovamos que janeiro não é das boas épocas para visitar Portugal, apesar de que também não inviabiliza a visita.

Hotéis: por termos ido no inverno, com dias obviamente mais curtos, e como também queríamos descansar um pouco da correria de final de ano, optamos por hotéis sabidamente confortáveis e de boa qualidade. Ficamos em hotéis da rede AC Hoteles em Córdoba, Badajoz e Lisboa, no hotel Vincci Granada e no NH Viapol em Sevilha.

A rede AC é razoavelmente nova, e nunca vi comentários sobre ela em blogs brasileiros. Conhecemos a rede em uma viagem pelo norte da Espanha em 2007, quando nos hospedamos na rede em Oviedo. A rede está em expansão pela Espanha, Portugal e Itália e oferece hospedagem com ótimo padrão de qualidade, os quartos são muito confortáveis, o visual bastante moderno e “clean” e o atendimento também é muito bom. Recomendamos sem dúvida. Em termos de localização, o de Córdoba é quase ao lado da estação de trens, perfeito para quem quer fazer uma parada rápida. O de Badajoz atendeu às nossas necessidades por ficar junto às estradas para Mérida e Portugal. O de Lisboa fica próximo à Marques de Pombal, um pouco distante dos pontos de interesse, mas é servido por estação de metrô bem próxima, nada do que reclamar.

O Vincci Granada também se mostrou bem confortável, com bom atendimento e ótimo café da manhã. Fica a cerca de 500m da estação de trens e um pouco distante da zona turística e do centro, mas a avenida do hotel é muito bem servida por ônibus que levam diretamente ao Albaicin ou ao centro.

Já o NH de Sevilha dispensa comentários; como todos os demais da rede é praticamente impecável. Sua localização fica a 20 ou 25 minutos de caminhada até a zona turística, mas tem uma estação de metrô do outro lado da avenida que resolve tudo rapidamente.

Obrigado e um grande abraço,
Renato e Susana

    Olá Renato.

    Vou fazer esse trajeto de Sevilha a Lisboa e achei interessante essa opção de taxi ente Badajoz e Elvas. Você reservou o taxi com antecedência? Pegou o taxi na própria locadora? Achou que valeu a pena? Se puder me passar mais detalhes dessa dica, eu agradeço muito!
    Abs
    Julia

Caro Ricardo,
Vou fazer o seguinte roteiro de carro a partir do dia 20/12: Madri – Bordeaux – Lyon – Milão – Nice – Barcelona dia 09/01/2011. Mas estou preocupado com neve, bloqueio de estradas e etc.
Tem alguma dica ou algum site sobre as condições das auto estradas nessa época do ano?
Alguém já fez e tem alguma dica imperdível desse caminho? Minha mulher quer ir a um castelo nesse caminho, alguém conhece um que valha a pena mesmo ir?

Obrigado,
Anderson

Pessoal, vou estar no dia 31 de Dezembro em Barcelona. Alguém tem alguma dica de local para a Ceia? Obrigado.

O Solar dos Presuntos, citado no post acima, é excelente. Cheguei nele por um guia local que o indicava como o melhor de Lisboa.
A Casa do Alentejo vale pelo ambiente super interessante e tem um preço acessível, mas é bom escolher bacalhau, porque a cozinha alentejana é ultra gordurosa (as migas fazem você precisar de uma angioplastia, e o sabor não é essa coisa toda)
https://www.casadoalentejo.pt
Mas para saber se abrem nas festas só consultando mesmo.
Acho que vale a pena checar os restaurantes dos bons hotéis, que provavelmente estarão abertos. O do que me hospedei, Altis Avenida, é correto, bonito e tem uma linda vista.
https://www.altisavenida.com/pt/restaurants.html
Boa sorte!

Olá !!!
Muito obrigada Isabel, Gustavo, Georgia e Ricardo !!!
Várias opçoes…que bomm !!! Vou olhar todas !!! Valeu msm !!!

beijosss

Andreia
Vou enviar-lhe links de restaurantes afamados na zona (estilos e preços muito diversificados)
Tem que contactar para ver se estão abertos

https://www.bocca.pt/

https://www.tivolihotels.com/Default.aspx?

ID=424https://rest4free.com/pdf/95.pdf (brasileiro fino, se calhar não lhe apetece assim muito)

https://www.solardospresuntos.com/Home/tabid/36/Default.aspx

https://www.guiadacidade.pt/portugal/pt/dir/19572/restaurante-ze-varunca-lisboa

https://www.restaurante-olivier.com/avenida.html

https://www.guiatimeout.estadao.com.br/portugal_lisboa_restaurantes_avenida_internacional
Mando-lhe tb uma pág do booking com hoteis na Av da Liberdade. Todos têm espaço de restauração. É só pesquisar.

Acho que já é uma selecção interessante

Oi Ricardo,
primeiro, parabéns pelo blog!!! Tem me ajudado muito!!
Queria te pedir indicações de restaurantes em Lisboa. Estarei lá no Natal, no hotel Sana Rex, que fica na Rua Castilho. Como não sei como funcionam os transportes em Lisboa nessas datas festivas, queria reservar um restaurante para jantar a noite, no dia 24 e um para almoçar no dia 25 próximos ao hotel, no Bairro Alto mesmo. Você poderia me sugerir alguns, para que eu procure saber se abrirão no Natal e fazer as reservas?
Obrigada !
Andreia.

    Andreia

    Não abri o link que o Riq recomendou mas faria essa pergunta no tripadvisor.com.
    Sempre haverá um “expert destination” pra te responder.

    Nas datas festivas os transportes funcionam, mas acho que o número é bem reduzido. No ano passado passei o reveillon lá e foi o caos total voltar para o hotel.

    Boa viagem!

    Oi Andreia,
    Meus pais passaram as festas de Natal do ano passado no Hotel Mondial, No restaurante panorâmico “Varanda de Lisboa”, muito bom segundo relato deles.

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