Ibis, All Seasons, Etap & cia: como são os hotéis Accor na Europa
A Accor — o maior grupo hoteleiro francês, presente aqui no Brasil com as marcas Ibis, Mercure, Sofitel, Novotel e Formule 1 — foi um dos apoiadores da meu périplo europeu do ano passado. Aproveitei e experimentei todas as bandeiras que pude, para entender cada conceito e detectar eventuais diferenças entre o que as marcas oferecem no Brasil e na Europa.
Me hospedei em Etap, Ibis, All Seasons, Mercure, Novotel, Novotel Suites, Pullman e MGallery — ou seja, em hotéis de duas a cinco estrelas — em doze cidades de França, Suíça, Itália e Espanha. Fiz as reservas eu mesmo, administrando uma verba pré-determinada, e sujeito à disponibilidade e às tarifas vigentes no momento de cada reserva. Os hotéis individualmente não sabiam do acordo com o site, então na prática tive a mesma experiência que você teria.
Reservas e café da manhã funcionam exatamente como nos hotéis do grupo no Brasil. A diária-padrão não inclui café da manhã (com exceção dos All Seasons, em que é incluída) e, caso feita no site do grupo, pode ser cancelada até as 18h do dia do início da hospedagem. Tarifas descontadas, porém, envolvem débito imediato. Às vezes você encontra promocionais incluindo o café da manhã.
Vale a pena se associar ao A|Club, o programa de fidelidade do grupo. Estadas em todos os hotéis valem pontos (proporcionais às tarifas). A cada 2.000 pontos acumulados você pode emitir um voucher de 40 euros ou 60 dólares, que é aceito como parte do pagamento de quaisquer despesas (hospedagem e/ou extras) no check-out (mas não pode ser usado online para tarifas promocionais pré-pagas).
Aos hotéis, alors!
–> ETAP (Ibis Budget): low-cost e em processo de renovação
Na hierarquia das marcas da Accor, a rede Etap ocupa um posto intermediário entre os Formule 1 (que na Europa são sensivelmente mais básicos que no Brasil) e os Ibis. Nunca tinha me hospedado antes num Etap, e confesso que só incluí a marca no mix na última hora, por curiosidade.
Dei sorte. Não sabia que os hotéis estão sendo repaginados — e por acaso escolhi uma cidade (Lucerna, na Suíça) em que o Etap já está no novo modelo, “cocoon & design”, premiado com um European Design Award. Peguei um quarto triplo, com aquela cama suspensa característica dos Formule 1 no Brasil. O jeitão básico-moderninho lembra o dos quartos privativos dos hostels-design (o preço é semelhante). Tem uma bancada para trabalho, mas como em vez de cadeira só tem um banco, para períodos longos é melhor se mudar para a recepção, onde tem um cantinho com mesas e cadeiras (e máquinas de café, refrigerante e guloseimas). O wifi é pago, tanto no quarto quanto no lobby (você compra um cartão na recepção).
Pelo menos na Suíça, o café da manhã é muito sortido (pode haver variação segundo o país) — e muito parecido com o do Ibis. Os utensílios, porém, são de plástico. Na Suíça o café da manhã sai 11 francos suíços (€ 9). Na França custa € 4,95.
Existem 450 Etap na Europa, por diárias que começam um pouco abaixo de 50 euros. Não espere localizações muito centrais. Mas muitos estão estrategicamente posicionados junto a grandes estradas (na maioria das vezes, em zonas industriais) e podem ser usados como bases low-cost em roteiros de carro.
Em tempo: a rede está mudando o nome para Ibis Budget (que também será a nova denominação dos Formule 1 no Brasil).
–> IBIS: clássico econômico
A rede Ibis é o maior sucesso mundial de hotelaria econômica — tanto que a Accor está aproveitando o seu prestígio para rebatizar outras duas marcas do seu portfólio. O padrão, renovado na década passada e já espalhado por toda a rede, é o mesmo que você já está acostumado no Brasil. Você acorda e pode até esquecer em que cidade está, mas não tem como não saber que está num Ibis.
Há pouquíssimas diferenças para os Ibis brasileiros. Os quartos não têm frigobar — então evite fazer aquele estoque de refrigerante e cerveja na chegada, porque não tem onde gelar. Em compensação, há quartos triplos (com a mesma diária dos duplos). A estação de trabalho tem cadeira com encosto. O wifi é cobrado (mas em alguns hotéis é liberado no lobby); pega-se a senha na recepção. O buffet do café da manhã custa €9.
Existem Ibis bastante bem localizados — junto a estações de trem, principalmente — mas não espere encontrar um Ibis em bairro supernobre, como no Brasil (onde os Ibis estão em regiões caixa-alta de Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo). Também estão presentes em zonas industriais próximas a grandes estradas, podendo servir como base pragmática em roteiros de carro. Quando estão junto a aeroportos, são a melhor opção para passar a véspera de um vôo madrugador.
ALL SEASONS (Ibis Styles): moderninhos, com wifi e café incluídos
Colorido, descontraído, cheio de mimos incluídos, o All Seasons é uma espécie de Ibis versão Jetsons. Acrílico, alumínio e cores cítricas permeiam os ambientes. Os quadros nas paredes têm jeito de gravuras de Andy Warhol, mas quando você chega perto percebe que são cartazes publicitários a lembrar que aqui os extras não custam extra.
De fato, o wifi é incluído (você pega a senha na recepção), o café da manhã também, e durante o dia sempre há uma bandeja no lobby onde você pode preparar café ou chá.
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O café da manhã tem ótimo café de máquina e capricha na estação saúde; se não quiser suco pronto, você pode espremer laranjas na hora numa centrífuga self-service.
Todo hotel da rede também tem um cantinho para crianças no lobby, com videogame e mesinha para desenhar.
Supercurti o conceito. Só ponho um pequeno reparo: a estação de trabalho no quarto tinha que vir com uma cadeira com encosto. Como só tem banco, o jeito de trabalhar por mais de vinte minutos é usando o espaço do café da manhã.
Quanto à localização: nas cidades, os All Seasons costumam ser um tiquinho melhor localizados do que os Ibis (muitos funcionam no lugar de Ibis antigos). Também estão presentes em pólos industriais junto a grandes estradas — então funcionam como bases desencanadas para roteiros de carro.
A rede está mudando o nome para Ibis Styles .
–> MERCURE: cada um na sua, com ótimo café
Assim como acontece no Brasil, a rede Mercure é a menos padronizada entre as marcas da Accor. Cada hotel tem uma cara própria; alguns são 3 estrelas, outros são 4 estrelas. Mas os quartos sempre têm bom tamanho, com frigobar completo e bons amenities no banheiro.
O wifi é grátis; é preciso pegar a senha na recepção.
Para mim, o destaque da rede é o café da manhã, que tem variedade de frutas frescas e uma caprichadíssima seção de lights e integrais. Custa €13,50 por pessoa.
Os Mercure têm boa localização nas cidades grandes, mas também são encontrados em pólos industriais perto de grandes estradas — onde servem de base confortável para roteiros de carro.
–> NOVOTEL: 4 estrelas completo
Os Novotel normalmente ocupam prédios modernos, têm quartos espaçosos e sala de ginástica completa (muitos oferecem também piscina coberta e spa).
Sofás que viram cama permitem que muitos quartos recebam 4 pessoas.
Na França o wifi é cobrado (mas no de Sevilha, onde fiquei, foi grátis). O café da manhã, tão bom quanto o do Mercure, sai € 19 por pessoa.
São encontrados nos centros das cidades, e também em pólos industriais junto a grandes estradas, onde servem de base confortável para roteiros de carro. É também encontrado perto de aeroportos.
–> SUITE NOVOTEL: quero morar aqui
Outra rede em transição: era a antiga Suitehotel. Todos os hotéis agora levam o nome Suite Novotel, mas o novo padrão só foi implantado em quatro hotéis novinhos: Issy-les-Moulineaux (arredores de Paris), Perpignan, Luxemburgo e Málaga.
Mais uma vez, dei sorte: reservei o de Málaga, tinindo de novo. Adorei o conceito. A suíte, de 30 m², é superbem dividida, e tem uma minicozinha com microondas. Os móveis em branco, preto e cinza são modernos e elegantes — e têm um claro parentesco com os que eu tinha encontrado no Novotel de Montreal. Uma mesinha de centro vira mesa de trabalho em dois toques. O wifi, pelo menos em Málaga, é grátis.
Gostei muito do café da manhã — bacanérrimo, tanto pelo ambiente high-tech quanto pelo que é oferecido (iogurtes e smoothies e sobremesas em potinhos). Custa €13.
Hospedando-se ao menos 4 noites você pode pedir emprestado o carrinho Smart do hotel por até quatro horas por dia (sujeito a disponibilidade, claro).
–> PULLMAN – 5 estrelas fresh
A bandeira Pullman tem um astral mais contemporâneo (também mais internacional e menos francês) do que os clássicos Sofitel.
Fiquei no de Barcelona, aproveitando uma tarifa de ocasião de menos de € 200, com café. O quarto ali era moderno e aconchegante — dois adjetivos difíceis de conciliar num mesmo ambiente. O wifi, pelo menos ali em Barcelona, era grátis.
Café da manhã excelente, com espumante. Quando não está incluído, custa € 25.
–> MGALLERY: charme acessível
Os MGallery são uma coleção de hotéis-boutique não-padronizados.
Experimentei dois. Um foi totalmente sensacional: o MGallery Palazzo Caracciolo, que ocupa um antigo palácio em Nápoles — e que consegui por € 110, numa tarifa promocional que incluía o café da manhã. Quando não incluído, o café custa € 12.
Fiquei também no MGallery Cerretani em Florença, que não chega a ser palacial, mas oferece charme e luxo a meia quadra do Duomo. Algumas tarifas incluem wifi.
Achei uma ótima alternativa para dar um toque classudo a qualquer roteiro sem precisar cacifar um hotel proibitivo.
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73 comentários
Fiquei no Etap novo de Genebra e nunca mais irei repetir esse erro — a janela do quarto nao abre e o ar condicionado era rarefeito, um sufoco muito ruim em pleno verao. O vaso sanitario fica em uma cabine ainda mais claustrofobica.
Fiquei no Ibis Gare de Lyon em Paris e o qto era bem bom, tinha ate varandinha. Sempre tento ficar no Mercure, pois sao garantia de hotel novo e confortavel, com preço bom.
Me hospedei no Mercure de Lyon, França, e nós amamos! Prédio antigo e lindo demais! Paguei cerca de 90 euros nesse de Lyon, sem café da manhã.
Tb me hospedei no Mercure de Wurzburg (acho que é assim que se escreve rs) e tb amei. Quarto enooooorrme! Com banheira de hidromassagem e supermoderno! Muito bom mesmo! Nesse, paguei cerca de 60 euros, em uma promoção com pagamento antecipado e sem possibilidade de reembolso, mas sem café da manhã tb.
Ab,
Cinthia.
Em setembro de 2011 fiquei hospedado em dois Mercure e um Ibis na Alemanha. E pela primeira vez encontrei um Ibis (em Melsungen próximo a Kassel), um pouco fora do padrão, com quartos enormes, maior que o Mercure Prinz em Joinville.
No Mercure hospedei-me em Frankfurt, um deles o Mercure Hotel Wings Frankfurt Airport é próximo ao Aeroporto e utilizei na última noite, pois meu voo era as seis da manhã e ele fica a dez minutos de taxi (20 euros) e tem uma newsletter impressa no lobby em Português com as notícias do Brasil.
Outro Mercure utilizado em Frankfurt foi o Mercure Hotel Bad Homburg Friedrichsdorf, fica a 15 minutos do centro de Frankfurt de S-Bahn mais uns 5 de caminhada da estação em um tranquilo bairro de Bad Homburg, nesse o destaque foi a piscina aquecida e a tábua para passar camisa no quarto.
Erico,
Às vezes a Accor (mas também a IHG e outros grupos semelhantes) “rebaixa” um hotel ao invés de renová-lo por motivos comerciais. Se um Mercure está ficando “vencido”, mas o local não tem mercado para uma repaginada e reforma caras, podem fazer um “downgrade” para Ibis, deixando-o fora do padrão no sentido de quartos maiores.
Não é muito comum, mas acontece.
Mercure por Mercury
Eu nunca foi alojada em um hotel Ibis, ou Mercury, mas sim em un hotel Accor (Novotel) e gostei.
Dicas interessantes, pra anotar se eu vou viajar e necessito um hotel confortável, limpo e simple, sem surpresas.
Falando em rede Accor na Europa…
Fiquei no Ibis de Lisboa em pleno dezembro/2009 e morri de calor. O hotel não tem ar-condicionado, e sim um “climatizador”. Minha impressão é de que por ser inverno, eles aumentaram demais a temperatura. Para suportar o calor do hotel eu dormia de janela aberta. Detestei…
Fiquei em out/2011 no Mercure Champ de Mars em Colmar. O hotel esté meio velhinho e tal mas me atendeu bem. O que ainda não consegui entender foi o free wifi. A internet é oferecida pela Orange (operadora de celular) e o cliente precisa fazer um cadastro e tal, aceitando aquelas condições lá. Fiz tudo e tive acesso ä internet pelo IPhone e pelo netbook. Quando cheguei no Brasil recebi a cobrança do acessos feitos pelo IPhone ( que estava com a opção de roaming de dados desabilitada). Não lembro os valores mas a cobrança é feita por acesso. A mesma coisa aconteceu num hotel em Salzburg em que a internet é “öferecida”pela operadora de celular. Logicamente, os acessos pelo netbook não foram cobrados. E eu que estava querendo deixar de levar o netbook pra viajar não sei mais o que fazer. Alguém tem alguma experiência semelhante?
Na França (pelo menos no Ibis Cannes), o wi-fi era liberado – bastava pegar o código na recepção do hotel.
Na Europa, já fiquei em um Etap em Caen, na Normandia, bem próximoda estação de trem. Diária muito barata e um quarto muito básico, mas limpo e silencioso.
Em Paris já fiquei no Ibis da Place de Clichy, com vista para o “futuro” (o cemitério de Montmartre, rsrs) e diária de 69 euros para o quarto duplo. Baratíssimo para padrões parisienses e sem o cheiro de mofo que vem de brinde em vários hotéis antigos. O café custava 7,50 euros e era bastante bom, com boa variedade de frutas e pães. Só o suco é que não tem jeito: é sempre de caixinha mesmo…
Ah, vale lembrar também que os Formule 1 da Europa são um pouco inferiores aos do Brasil e os banheiros ficam no corredor. No entanto, costumam sair mais em conta que albergues, sendo que a localização dos últimos normalmente é melhor.
Tem um negócio que é prático com o Formule 1 na Europa é que vc pode pegar a reserva e entrar no Hotel com o seu cartão de crédito, no meio da noite, por exemplo se estiver viajando de carro. Não tem alguém que te atenda, é quase self-servie.