Cousino Macul

Vinícolas em Santiago: como visitar Cousiño Macul e Concha y Toro de metrô

Vinho é sempre um assunto importante para quem vai a Santiago. Não importa o seu estágio no assunto — iniciante, curioso, avançado –, sempre há o que visitar. Enófilos de carteirinha já saem de casa com sua lista de vinícolas a visitar (e degustar) nos vales de Casablanca (domínios de Sauvignon Blanc e Chardonnay) e de Colchagua (onde moram as uvas Carmenère, Cabernet e Syrah).

Mas se o seu objetivo é simplesmente ver um vinhedo de perto, percorrer as instalações de uma vinícola, entender como o vinho é feito — e ainda provar de três a cinco amostras da produção local –, não é preciso se afastar da cidade. Duas vinícolas do Vale do Maipo (dominado pelas castas Merlot e Cabernet) podem ser visitadas combinando metrô e ônibus: a histórica Cousiño Macul e a popular Concha y Toro.

Passeio à vinícola Cousiño Macul de metrô + ônibus ou táxi

Cousiño Macul

A Cousiño Macul é a vinícola mais próxima do centro (e, na minha opinião, a que vale mais a pena entre as duas). O primeiro passo é marcar a visita no site da vinícola.

Esteja na estação Tobalaba do metrô (entroncamento das linhas 1/vermelha e 4/azul) com pelo menos uma hora de antecedência em relação ao horário da visita. A estação Tobalaba está a menos de 10 minutos da estação Baquedano (onde está o hotel Mito) e a pouco mais de 5 minutos das estações Manuel Montt (onde está o Ibis Providencia) e Los Leones (onde estão o Orly e Le Rêve). Num raio de 5 a 8 minutos de caminhada da estação Tobalaba estão hotéis como RQ Bosque Tobalaba (em frente), NH Collection, Doubletree by Hilton e Atton El Bosque. A estação está a uma quadra do shopping Costanera Center, o que facilita que esse passeio seja feito em dobradinha com o mirante Sky Costanera.

Cousiño Macul

Pegue a linha 4, direção Plaza de Puente Alto. Desça na nona estação, Quilín (existe mais adiante uma estação chamada Macul, mas não serve).

Paseo Quilín

Ao sair da estação, vire à esquerda. Você vai passar por uma passarela subterrânea sob a avenida expressa e vai chegar a um shopping, o Paseo Quilín.

Paseo Quilín

Ali você tem as duas opções para terminar o percurso. Pode pegar um táxi ou seguir de ônibus. Os dois pontos ficam no próprio pátio de estacionamento. O ônibus (na verdade, microônibus) que serve para a vinícola é o D57 e não pode ser pago em dinheiro; só com a tarjeta Bip, o ‘bilhete único’ santiaguino que você compra nas estações de metrô. Se você usou a Tarjeta Bip no metrô, o trecho de ônibus não será cobrado. O táxi vai levar 5 minutos; o ônibus, 10 minutos. Peça para o motorista avisar a parada (paradero, no espanhol local).

Cousiño Macul

Pronto, chegamos.

O charme da Cousiño Macul é ser uma das mais antigas bodegas chilenas — e ainda nas mãos da mesma família. O fundador, Luis Cousiño, era de origem portuguesa. Sua mãe morreu no parto; seu pai se casou novamente — e, num enredo digno de novela de época, o menino Luis acabou se casando com Isidora, uma das filhas da madastra.

Naquela época eles ainda não sabiam, mas Isidora Goyenechea viria a dar nome à avenida que detém o maior PIB por m² de Santiago. Luis morreu precocemente, de tuberculose, e coube a Isidora comandar o império da família, que além da vinícola incluía uma mineradora (de carvão).

Ao chegar à vinícola, procure o balcão da recepção de passeios. Eles vão conferir a sua reserva e cobrar a visita (aceitam cartão de crédito).

Cousiño Macul

Mesmo com a cidade cheia de brasileiros (era o nosso feriado de 7 de setembro), o grupo do meu horário (11h) era pequeno. Gostei.

Cousiño Macul

O tour – em espanhol — começa pelo vinhedo (la viña), que se estende até a sede. O guia, de ótima didática, dá explicações sobre o Vale de Maipo e suas uvas. (Fiz a visita no fim do inverno, quando as parreiras estão peladas; só chegando muito perto daria para ver os primeiros brotos de folhas surgindo. Se você quer ver uvas no pé, visite entre dezembro e março.)

Cousiño Macul

As instalações hoje são meramente cenográficas, usadas nas visitas, em eventos e em… filmagens e gravações. (Atualmente estão gravando uma novela por ali.) Mas ainda é o lugar que abriga a adega particular da família Cousiño.

Cousiño Macul

O destaque da visita é a cave subterrânea. Construída no fim do século 19 com projeto francês, é tida (ou pelo menos eles disseram e eu acreditei) como uma das caves mais perfeitas já construídas fora da Europa. As grossas paredes de tijolos usam como rejunte uma argamassa local chamada cal y canto, feita de areia e clara de ovo. A temperatura interna fica estável em 15ºC, não importa a época do ano.

Cousiño Macul

A visita termina uma sala-museu onde estão expostas traquitanas usadas na produção, engarrafamento e distribuição do vinho na era mesozóica.

Cpusiño Macul

O grupo volta então à sede, onde é dividido segundo o tipo de visita que foi comprado. Quem comprou a visita Regular fica na sala principal, onde são servidos três tipos de vinho: um varietal, um reserva e um gran reserva.

Cousiño Macul

Quem comprou a visita Premium (presente!) é chamado para uma salinha onde há uma mesa pronta com os cinco vinhos (incluindo um premium) a serem degustados já servdos nas taças, e um prato de queijos e frutas secas. Um segundo enólogo aparece para explicar cada um dos vinhos e proceder ao ritual da degustação.

Não tenho nenhuma autoridade para opinar sobre os vinhos – mas o passeio é redondinho.

Visita à vinícola Cousiño Macul

Visitas de 2ª a sábado em diversos horários. Não há visitas aos domingos, 1º de janeiro, Sexta-feira Santa, 1º de maio, 18 e 19 de setembro e 25 de dezembro. Visita Regular: 19.500 pesos chilenos. Visita Premium: 30.500 pesos chilenos. Não há visitas em português. Visitantes até 17 anos não pagam. Reserve no site da vinícola.

Passeio à vinícola Concha y Toro de metrô + ônibus ou táxi

Concha y Toro

A Concha y Toro é a maior exportadoras de vinhos da América do Sul, e a mais conhecida no Brasil. Por isso é top of mind entre os brasileiros que visitam Santiago. As principais agências de turismo receptivo vendem excursões de meio dia à vinícola. Mas o passeio também pode tranquilamente ser feito por conta própria. O primeiro passo, como sempre, é marcar a visita no site da vinícola.

A Concha y Toro fica 12 estações adiante da Cousiño Macul. Por isso, esteja na estação Tobalaba do metrô (entroncamento das linhas 1/vermelha e 4/azul) com pelo menos uma hora e meia de antecedência em relação ao horário da visita. A estação Tobalaba a pouco mais de 5 minutos das estações Manuel Montt (onde está o Ibis Providencia) e Los Leones (onde estão o Orly e Le Rêve). Num raio de 5 a 8 minutos de caminhada da estação Tobalaba estão hotéis como RQ Bosque Tobalaba (em frente), NH Collection, Doubletree by Hilton e Atton El Bosque. A estação está a uma quadra do shopping Costanera Center, o que facilita que esse passeio seja feito em dobradinha com o mirante Sky Costanera.

Tome a direção Plaza de Puente Alto e desça na estação Las Mercedes.

(Caso você esteja hospedado nas redondezas da estação Baquedano – onde onde está o hotel Mito) – pode pegar a linha 5/verde na direção Vicente Valdez e então trocar para a linha 4, direção Plaza de Puente Alto, e desça em Las Mercedes.)

Concha y Toro

Em Las Mercedes, pegue a saída Av. Concha y Toro Poniente. Ao chegar à superfície você vai ver o ponto de táxi (levará 10 minutos) e um grande ponto de ônibus coberto. Os ônibus que passam pela Concha y Toro são locais e não param ali; seu ponto fica à esquerda da parada coberta. Você pode pegar os ônibus 73, 80 e 81; o percurso vai levar de 15 a 20 minutos. A passagem precisa ser paga em dinheiro; a tarjeta Bip não funciona, porque a Concha y Toro está em outro município, Pirque.

Concha y Toro

A bilheteria fica junto ao portão; você paga a sua reserva e ganha uma pulserinha colorida que indica o seu grupo.

Concha y Toro

Caso chegue cedo, você pode aproveitar o restaurante da vinícola. Eu não tinha muito tempo, pedi uma porção de empanadas que estava excelente.

Os grupos na Concha y Toro são grandes, e há visitas em português. O tour começa num auditório, com um vídeo de 10 minutos.

Concha y Toro

De lá, o grupo passa a uma visita pelos jardins da propriedade — que incluem o Jardín de Variedades, onde estão plantadas as 26 cepas de uva usadas pela cia –, os vinhedos e, por fora, La Casona, a residência de verão da família. Infelizmente esta parte, que intuo ser a mais interessante do tour, não é oferecida em dias de chuva, como o meu. Preciamos nos contentar com a vista da varanda.

Concha y Toro

Nesta varanda acontece a primeira degustação, de vinho branco. Cada visitante recebe uma caixinha com uma taça, que servirá de souvenir. A guia é ainda mais didática que o da Cousiño Macul. Nota-se que está preparada para falar com quem não tenha absolutamente nenhuma informação anterior sobre vinho.

Concha y Toro

Descemos então à cave.

Concha y Toro

Depois das explicações técnicas, vamos ao que a cia. considera como o ponto alto do tour, a visita à cave do Casillero del Diablo (garrafeira do diabo).

Concha y Toro

O escurinho dali permite que a projeção de uma animação na parede que conta a lenda da aparição do diabo para ladrões de vinho.

Concha y Toro

Depois do filminho, subimos para o térreo para a degustação final, de tintos.

Fiz o tour Tradicional. Há um segundo tour, Marqués de Casa Concha, que talvez seja mais técnico. O basicão parece feito sob medida para acharia aborrecido um tour convencional de vinícola, e por isso agrega esses efeitos especiais de parque temático da Flórida. Vale para levar criança…

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Serviço gratuito

    Visita à vinícola Concha y Toro
    Visitas diárias, inclusive domingo, em vários horários. Não há visitas dias 1º de janeiro, Sexta-feira Santa, 1º de maio, 18 e 19 de setembro e 25 de dezembro. Visita Tradicional: 22.000 pesos (há grupos em português). Visita Marqués de Casa Concha: 35.000 pesos (não há grupos em português). Visitantes até 17 anos não pagam. Reserve no site da vinícola. As principais agências oferecem passeios guiados de meio-dia à Concha y Toro.

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    61 comentários

    Olá!!! Estou montando um programa de viagem para o Chile e gostei muito das dicas em Santiago.
    Tenho uma dúvida sobre os feriados nos dias 18 e 19/09. Lí que nada abre nestas data. Estarei Puerto Varas nestas datas e gostaria de saber se vou conseguir fazer os passeios aos Lagos ou se as agências que prestam este serviço ficam fechadas.

      Olá, Marilia! Em cidades turísticas os passeios funcionam normalmente, não se preocupe.

    Fiz hoje o tour na Cousiño-Macul seguindo as orientações aqui.
    Só uma pequena correção: não tem mais o ônibus D57. Agora é D17 (Alto Macul).
    A dica de pedir para o motorista avisar o “paredero” funcionou, mas à esquerda dá para ver a entrada da vinícola. A parada é logo depois.

    Olá; Estou adorando o conteudo e detalhes do blog. Vou para Santiago com minha esposa em 07/2018 e tenho uma dúvida sobre o BIP (tarjeta metro/onibus): Posso comprar uma e usar compartilhada com minha esposa? Ou seja, eu passo a catraca (imagino que seja catraca, rs), passo o cartão para ela e ela passa posteriormente? Ou deve ser 1 por pessoa?

      Olá, Luiz! Não pode não, por causa da possibilidade de baldeações e viagens combinadas. O cartão é individual.

    Olá! Fiz a visita à Cousiño Macul no dia 12/02. O ônibus que vai até lá é o D17 e não D57. E quando pegar a linha 4 do metrô, tem que prestar atenção se está no trem verde ou no vermelho – basta olhar na frente do trem ou a luz em cima das portas – o que para na estação Quilín é o VERDE.

    Visitei as duas vinícolas no dia 16/02/2018 e usei as dicas do site para chegar em ambas usando metrô e táxi/uber.

    Para a Cousiño Macul o táxi ficou 2250 pesos, o uber de volta pro Paseo Quilín ficou 1800 pesos.
    Para a Concha y Toro, perguntei para um taxista e ele me disse que o preço era 4000 pesos, decidir então pedir um uber usando a wifi do McDonald’s que tem atravessando a rua quando sai da estação Las Mercedes e ficou 2710 pesos. Mas na vinícola ouvi um casal dizendo que pagou 3000 pesos pro táxi deles, então depende do motorista.

    Uma coisa que não vi aqui no site e que gostei foi uma van de transporte da Aventura Ski, que saí da Concha y Toro e te deixam na estação Las Mercedes, cobrando 1000 pesos por pessoa. Fui abordada por um homem de uniforme perto da bilheteria da vinícola ainda, enquanto tentava chamar um uber. Como meu motorista uber cancelou a corrida, fui na van e recomendo.
    Depois perguntei ao motorista se eles faziam o caminho inverso (Las Mercedes -> Concha y Toro) e ele me falou que sim. A van sai do estacionamento atrás do McDonald’s (e te deixa lá na volta).

    na primeira ida ao Chile visitei a Concha Y Toro e agora voltei para fazer a Cousino Macul. Gostei mais do tour na Cousino Macul (fiz a premium com 6 tipos de vinho e queijos, valeu a pena – ganhei uma taça e uma garrafa de Savignon Blanc).

    tranquilo usar o transporte público e a corrida de taxi do Patio Quilin até a entrada da vinícola ficou cravado 2000 pesos

    Fui hoje às duas vinícolas seguindo os dados do post sem nenhum problema. O metrô estava muito lotado (linha vermelha, 09:00am, já fora do pico, na ida, e 17:00, antes do pico, na volta). Os ônibus são realmente um tanto velhinhos. Atualizando algumas informações:

    A visita regular na Cousiño Macul está custando 14.000 pesos chilenos
    O ônibus que sai do shopping na estação Quilin é o D17 (não D87).
    O ônibus para a Concha Y Toro (saindo e chegando a Las Mercedes) está custando 700 pesos chilenos.
    Eu particularmente gostei mais da Cousiño Macul do que da Concha Y Toro. Achei a degustação muito melhor e as explicações do guia, mais técnicas!

    Pessoal, a linha de ônibus para ir na Cousiño Macul está errada, no post está D57, mas na verdade é D17.

    Cousino Macul ótima indicação. Bons vinhos e uma aula sobre vinhos desde o plantio à colocação no mercado. Concha y toro decepção. Sensação é de querer o dinheiro de volta. Só a propriedade que é bonita e interessante. O tour pago é superficial e focado apenas na história da família e da tal da lenda do diabo que mora e protege a vinícola. Pra quem está com tempo apertado sugiro fortemente ir à outras vinícolas ao invés da concha y toro. Sem contar que achei os vinhos da degustação concha y toro ruins.

    Bóia, gostaria de confirmar com você se o ônibus que se pega na estação Los Mercedes não precisa da tarjeta Bip. Pois encontrei pessoas dizendo que precisa na internet. E não consegui confirmar isso. E ainda, na volta da para fazer o inverso, pegar ônibus e descer na Los Mercedes?
    Obrigada.

      Olá, Kátia! Quando o Ricardo Freire fez esse trajeto, em setembro de 2015, não precisava (a tarjeta sequer era aceita). Mas se você chegar até Las Mercedes, já terá um cartão Bip com você. Carregue com uns pesos a mais e tudo dará certo.

      Fiz este passeio agora no final de julho. Você paga direto ao motorista, acho que 400 pesos-umas moedas. A volta é pelo mesmo caminho, super facil e o pessoal do metro esta explicando aonde é o ponto de ônibus, mas é na mesma calçada da saída do metro, não tem erro.!

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