De madrugada na Feira do Açaí (e de lá ao Ver-o-Peso)
Ilustração | Daniel Kondo
Belém é a cidade mais incrível que você ainda não pensou em visitar. Eu ia guardar essa frase para o fim, mas quanto mais cedo você ficar sabendo disso, melhor.
Estive agora pela segunda vez. Uma das coisas que eu sabia que precisava fazer era acordar cedinho para pegar a área de peixes do mercado Ver-o-Peso em pleno funcionamento. Mas meu amigo Lafa tinha planos ainda mais madrugadores.
– Passo às cinco no hotel pra pegar vocês.
[Feira do Açaí]
O que eu não sabia era que o primeiro espetáculo do dia acontece uma quadra adiante do Ver-o-Peso. Ali, na Feira do Açaí, a partir do meio da noite barcos vindos das ilhas da Baía do Guajará descarregam um mar de cestos de açaí recém-colhido.
[Feira do Açaí]
[Feira do Açaí]
Durante o dia, as sementinhas terão sua finíssima película extraída por máquinas manejadas com precisão de modo a acrescentar a medida exata de água para produzir o açaí “do fino” (para beber), “do médio” (para comer com peixe frito e farinha grossa) ou “do grosso” (para cair da mesa direto na rede).
[Feira do Açaí]
Estávamos escoltados pelo Belenâmbulo, intrépido blogueiro que ainda faz foto com película. Mas a hora é ingrata para o fotógrafo café-com-leite como eu: assim que a primeira luz aparece, a maior parte do açaí já se foi e os cestos são empilhados de cabeça para baixo.
[Ver-o-Peso]
Lá pelas sete é hora de contornar o portinho e entrar no pavilhão de peixes do Ver-o-Peso.
[Ver-o-Peso]
Nas bancadas das peixarias, filhotes, cavalas, dourados e toda sorte de criaturas amazônicas, expostas de um jeito tão bonito que você pensa num novo significado para a expressão “peixes ornamentais”.
[Ver-o-Peso]
[Ver-o-Peso]
[Ver-o-Peso]
Os outros ingredientes fundamentais da dieta paraense nos esperam cinco minutos mais à frente, cada um no seu setor: as farinhas, o tucupi, o jambu, a castanha – aberta e descascada nas próprias banquinhas.
[Dona Lúcia]
Aberto o apetite, deve-se procurar a banca de dona Lúcia, para provar a tapioca à moda paraense: enroladinha, fofa e ligeiramente besuntada de manteiga de garrafa. Onde eu estava com a cabeça que comi só quatro?
[Tapioca paraense]
Pronto. Agora você pode ir até a área dos perfuminhos, ervas e garrafadas. Pode turistar.
[Ver-o-Peso]
Belém é a cidade mais incrível que você ainda não pensou em visitar. Já disse isso? Não vou cansar de repetir.
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80 comentários
Oi Ricardo! Estou felicíssima em saber que nossa Belém finalmente está sendo visitada por pessoas abençoadas, que mostram as riquezas , belezas e gostosuras da minha querida e amada cidade.
A foto do filhote me deixou com água na boca…
Ric,
Belém é algo. E o Ver o Peso é uma das experiências que todo viajante deveria se dar a chance de experimentar. Se fala tanto da Tailândia e temos aí Belém a nossa disposição. Não é por nada que o Alex Atala, o chef super premiado, dono do Dom, de SP, escolhido o restaurante número 1 da lista mundial, é visitante assíduo e apaixonado. Aí se come o açaí de um modo completamente diferente: sem açúcar, sem granola, no prato, com peixe frito e farinha. Hummmm…. nunca mais consegui comer açaí à moda do sul. Estar no Ver o Peso, no balcão, com o pessoal da terra, com muito calor, se sentindo parte do espetáculo, é se integrar neste país, que ainda é desconhecido para a maioria.
O Ver o Peso é o contraponto da Estação das Docas, toda com ar condicionado, uma versão bem turística, com uma série de restaurantes e bares, que se pode usufruir e com umas lojinhas com preços adequados para comprar camisetas e até artesanato com pedras da região.
Fiquei no Crowne Plaza, no centro da cidade – era próximo de tudo. Há 2 anos, os táxis eram baratos e fáceis de conseguir. Próximo do hotel e junto ao Colégio Nazaré fica um dos tacacás mais famosos de Belém, o da Dona Maria, uma barraquinha que abre pelas 16-17h. Sempre há fila. Se come, sentado em cadeirinhas de plástico. Ela também serve, em alguns dias, um caruru maravilhoso. Fiquei freguesa de caderno, batia o ponto quase todos os dias.
O que me decepcionou foi a falta total de informações no Setor de Turismo, tanto do Estado, como do Município (em maio de 2010), assim como a ausência de qualquer guia nas livrarias. Fiquei pensando no contraste com outros lugares com potencial turístico bem menor…
Excelente esta tua contribuição para divulgar Belém. Tens absoluta razão: Belém é a cidade mais incrível que você ainda não pensou em visitar.
Um abraço,
Noemia
Realmente Belém é uma agradável surpresa….no Ver-o-Peso é interessante tb ver como eles moem a folha do jabú para depois preparar o tucupi.
No mercado Ver-o-Peso provem todas as frutas diferentes, são todas deliciosas.
Parem nas bancas das garrafadas, perguntem pra q serve cada uma, vc terá uma aula da cultura Brasileira!
Não deixem de provar o melhor sorvete do Mundo – Sorvetes Cairu….só com as provinhas eu já fiquei satisfeita, mas olhuda comprei mais, depois eu cheguei a passar mal de tanto que comi….rsrs….pq é realmente irresistível.
https://www.tripadvisor.com.br/ShowUserReviews-g303404-d2373260-r133197246-Cairu-Belem_State_of_Para.html
kiss tina
Agora pensei em visitar! 🙂
Adorei o post! Parabens
Que texto gostoso!!!
A-mei aqueles cestos verdes. Traria uns três pra casa…
Acabei de fechar hotel e passagens para o Carnaval em Belem. Vou ficar no Tulip Inn Batista Campos, no Centro. Fui nas dicas de Sites, Blogs, Trip Advisor e outros. Alguém sabe se eu fiz uma boa escolha ?
Olá, Alex! É bom e bem localizado. A localização do Tulip Inn Nazaré é ligeiramente melhor. O Soft Inn, a duas quadras, é um intermediário entre Ibis e Formule 1. O Golden Tulip está mais próximo da vida noturna. Confira as tarifas do Radisson, como é um hotel business pode estar em conta.
Peça opinião sobre hotéis sempre antes de reservar, depois pode ser frustrante.
Muito Obrigado Bóia. Depois eu volto aqui pra contar como foi o passeio.
Eu olhei o Radisson mesmo. É uma boa escolha?
Olá, Mariana! O Radisson é o hotel mais novo de Belém e está bem localizado em Nazaré.
Passei o carnaval em Belém. Gostei da localizacao do TulipInn Batista Campos. Foi bom o custo benefício, bom chuveiro, bom café da manhã.
Os passeios imperdíveis são o Veropeso, a Basílica de Nazaré, o Teatro da Paz, o Mangal das Garças, o museu Gueldi, a estação de Docas, o Forte Presépio. Vale a pena também fazer um passeio de barco pela Baia do Guajara. Os barcos saem do Veropeso mesmo.
E fiz um bate em volta em Mosqueiro, fui na praia do Paraíso, um pouco mais afastada do centrinho, menos muvuca (muita gente nos feriados vai pra Mosqueiro e Salins curtir as praias).
Fui também conhecer Icoaraci, polo de artesanato Marajoara.
Recomendo Belém !
Minha NS da Tapioquinha, que fome deu esse post !