La Joconde (souvenir de uma visita ao Louvre)

Sala da Mona Lisa, Louvre

Era a minha segunda vez no Louvre; a primeira depois da construção da pirâmide, que eu só conhecia pelo lado de fora. Eu tinha planejado visitar o museu como se visita Paris: flanando. Aos poucos, com calma, o que houvesse de pitoresco e de monumental se faria notar.

Sala da Mona Lisa no Louvre

O pitoresco e o monumental apareceram juntos, e rápido demais. Não eram nem 30 do primeiro tempo quando passei pelo primeiro cartaz, no alto de um suporte de metal. Tinha a cara dela estampada, uma seta e seu nome: La Joconde.

A caminho da Mona Lisa no Louvre

Pronto. Depois desse, não haveria sala ou corredor que não ostentasse um cartaz da Mona Lisa com uma seta e seu nome de guerra francês. Colada na parede, dependurada no teto, afixada na porta, ensanduichada em acrílico, Joconde parecia uma moça desaparecida (deve haver casos de pessoas que se perdem no Louvre e nunca são achadas) ou procurada pela polícia (atenção! Perigosa mulher-bomba de sorriso dissimulado à solta!).

A caminho da Mona Lisa no Louvre

A caminho da Mona Lisa no Louvre

Aos poucos os corredores iam ficando mais cheios. Mesmo se não houvesse os cartazes, bastaria seguir o trânsito para chegar à sala onde Joconda recebe as visitas.

A caminho da Mona Lisa no Louvre

É um dos lugares mais divertidos que você pode freqüentar sem precisar comprar um abadá. Tomando quase toda a sala, um mar de paparazzi espouca flashes na tentativa de capturar um ângulo perfeito do rosto mais conhecido do planeta.

Na sala com a Mona Lisa

Poucos se dão conta de que a única maneira de provar que se esteve tête-à-tête com a Mona Lisa é justamente registrar o milharal de cabeções entre a sua câmera e a tela. A maioria levanta a câmera por sobre a cabeça do vizinho da frente, foca e tira sua foto perfeita, livre de copyrights.

Na sala da Mona Lisa no Louvre

Quem tem paciência espera o pessoal da frente sair. Uma funcionária de origem antilhana ou africana, cabelos avermelhados e escorridíssimos, dirige o fluxo em duas línguas. “Avancez! Only one photo, please! Avancez!”

Na sala da Mona Lisa no Louvre

Achei a figura mais interessante do que Joconde e voltei minha zoom para o lado dela; cliquei bem quando ela mandava, bravíssima, um “Only one photo!”. Quando estava vendo o resultado no monitor, senti um dedinho no meu ombro. “Éfacez! Éfacez!” – era ela, a funcionária, exigindo que eu apagasse, na sua frente, a minha melhor foto do dia. Hmpf.

Deixei Mona pra lá e fui dar alguma atenção aos Veroneses e Ticianos da sala, coitadinhos, tão ignorados pelos paparazzi. Mas no meu ouvido um Nat King Cole cantava, em franglês: “La Joconde, La Joconde, men have named you…”

Originalmente publicado em julho de 2008 no Divirta-se do Estadão.

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47 comentários

Olá Boia! Obrigada pelas ótimas dicas de sempre! Vc indica alguma empresa para fazer o tour no museu em português? Estarei viajando com meus pais

Obrigada! Abs, Nessa

    Olá, Vanessa! Acredito que você teria que contratar um guia, não sei se as grandes agências oferecem tours em português. Há audioguias em português que você pode alugar no próprio museu. Sugiro que você leia na internet relatos em português mais profundos sobre a visita ao Louvre, encontrará bons roteiros para organizar o seu tempo.

Ano passado em setembro fiz a visita ao Museu do Vaticano duas vezes. A noite super tranquilo, poucas entradas a venda e corredores vazios, pude sentar e apreciar a capela sistina com toda a calma e silencio. Outro dia fui pela manhã, comprei o ingresso pela internet e entrei direto, foi muito cômico, a multidão te leva pelos corredores e a capela fica lotada é um burburiho absurdo e os seguranças fazendo xiiiiii para a galera parar, gente tirando fotos, uma feira rsrsrsrs

Quanto ao Louvre fui em 2009, visitei o resto to museu primeiro, tudo tranquilo, depois de umas 6 horas de passeio fui ver a monalisa só a noite, estava mais vazio, mas mesmo assim deu trabalho para ver. Na época era um festival de flashes, a tela chegava a ficar azul rsrsrs. Mas depois consegui tirar a minha foto.

Como o próprio diretor do Louvre já falou em uma entrevista 80% dos turistas vão ver SÓ a Monalisa.

Eu adoro tirar fotos de museu…(tenho até mesmo foto de algumas fotos que estavam em exposição, coisa de doido mesmo hehe) mas se é proibido, temos que respeitar.

No Prado, tive que deixar tudo logo em pequenos guarda-volume na entrada. Já no Reina Sofia (também em Madrid) eles deixam tirar foto de tudo, exceto dentro da sala onde está Guernica! O que gera um negócio inusitado.. de dentro da sala não pode, mas se tirar de uma das 3 entradas dela, fique a vontade – o que me rendeu uma foto num angulo até inusitado desta impressionante obra!

Sinceramente, comtemplar uma das grandes obras primas de Leonardo Da vinci é o suficiente, porque fotos de quase todas as obras e principalmente de “LA Gianconda” encontramos em livros e principalmente na internet em dias atuais, portanto fotos do louvre em si e da multidão enlouquecida querendo fotografa-la são muito mais interessantes do que a foto da própria !!!

Quando fui ao Louvre agora em abril, semana de Páscoa, lotadísssssssimo, deparei-me com a mesma situação descrita pelo nobre Ricardo Freire. Meu marido e eu nos entreolhamos e decidimos que não era digno de Leonardo da Vinci a gente se acotovelar pra tentar tirar uma foto de sua musa(com certeza tremida e cheia de cabeças impossíveis de serem apagadas pelo Photoshop). Nos retiramos da sala estupefatos com tamanha falta de educação dos turistas.

Seguimos o passeio, bem devagar, admirando e não apenas vendo, fotografando o que nos interessava realmente, procurando o melhor ângulo. A maioria das fotos são de obras quase desconhecidas, mas que constam do álbum de viagem pela beleza e história, e não apenas pela fama.

Saímos para almoçar e voltamos no meio da tarde. Nesse dia (se não me engano era uma quarta-feira) o Louvre fechava às 10 da noite. Quando faltavam cerca de 15 minutos para o fechamento, nos dirigimos à famigerada sala da Joconda e ali tivemos a oportunidade de, sozinhos na sala, admirarmos a obra como ela merecia, tirar fotos de todos os ângulos possíveis: eu sozinha com Mona, marido com Mona, eu e marido com Mona, beijinho na frente da Mona…um mènage, na França, com Monalisa! Fica a dica!

E reza a lenda de que esse quandro exposto não é nem o original, e sim uma réplica. Será?
O certo é que cerca de 50% do aglomerado são de japas!

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