Jardim das Águas, de Monet
Muitas casas onde moraram artistas e personalidades foram transformadas em museus mundo afora. Poucas, no entanto, explicarão tanto sobre a obra do morador quanto a casa de Claude Monet em Giverny, a pouco mais de uma hora de viagem de Paris.
O grande mestre do Impressionismo morou e pintou nesta casa entre 1883 até sua morte, em 1936. No início a propriedade era alugada, mas em 1890 foi comprada pelo pintor. Ao longo desse tempo, Monet cultivou os jardins que apareceriam de maneira recorrente em sua obra. Ou seja: além de inventar um estilo, o sujeito ainda produziu o cenário que queria pintar.
A casa e os jardins estão abertos diariamente entre o início de abril e o fim de outubro; do início de novembro ao fim de março, estão fechados. A visita é mais bonita em maio, no auge da primavera, mas o passeio vale a pena durante toda a temporada de funcionamento. A Lina do Conexão Paris esteve no outono e achou lindo.
Vamos ao passo a passo para fazer este passeio por conta própria.
1. O trem
O trem Intercités da linha entre Paris e Vernon
A primeira etapa da viagem é de trem e leva entre 45 e 50 minutos. Os trens saem da Gare St.-Lazare, no 9º arrondissement, servida por quatro linhas do metrô (3, 12, 13 e 14) e uma de RER (linha E).
Gare St.-Lazare
É preciso comprar passagem até Vernon. O trem que serve a rota é um Intercités, que tem configuração de trem regional de alta velocidade, com vagões de dois andares. A passagem custa € 14,70 em cada sentido. Não há lugar marcado nem desconto para compras antecipadas (os preços do print são de uma viagem de 2013).
Bilheteria Grandes Lignes na Gare St.-Lazare
Ainda assim, vale a pena comprar no site da SNCF, http://www.voyages-sncf.com, para não precisar comprar na hora, na estação; as máquinas são complicadas (no dia em que eu fui, estavam travando direto) e a fila na bilheteria "grandes lignes" são tão grandes quanto as linhas (perdi meia hora nela).
Comprando online
As passagens desta rota, nesta tarifa, são válidas por dois meses a partir da data de compra. Ao comprar pela internet, selecione a opção de entrega "borne libre service". Ao chegar, basta passar na máquina de auto-serviço o cartão de crédito usado na operação, e a sua passagem será impressa.
Se não for e-ticket, valide a passagem antes subir no trem!
Antes de subir no trem, não esqueça de validar ("composter") o seu bilhete, inserindo a passagem na maquininha postada na entrada da plataforma, com o código de barras voltado para você. Sem o carimbo da máquina a sua passagem não estará válida, e você pagará multa se for pego pelo fiscal (sem choro nem vela). Mas atenção: o e-ticket não precisa ser validado.
Horários de ida
Os trens partem de duas em duas horas. Os horários que permitem que você aproveite melhor a visita são os das 8h20, 10h20 e 12h20. O das 8h20 faz você pegar os jardins com menos gente para atrapalhar suas fotos.
Painel de partidas
Para achar sua plataforma, procure pelo destino Rouen, que é o ponto final da linha.
2. O ônibus
Siga as placas para o ônibus -- ou alugue uma bicleta
Ao descer da plataforma em Vernon você já verá placas indicando o caminho para os ônibus a Giverny. Haverá vários estacionados a meia quadra da estação; basta seguir o fluxo. Os horários são coordenados com os trens que chegam de Paris. Se houver mais passageiros do que assentos, pode-se viajar em pé.
Ônibus estarão à sua espera
A passagem é comprada a bordo com o motorista; a ida e volta custa € 10. Giverny fica a apenas 7 km de Vernon. O ônibus faz o trajeto em menos de dez minutos. Quem preferir pode alugar uma bicicleta no bar em frente à estação. Cada magrela custa € 15; é preciso deixar um documento de identidade (pode ser seu RG mesmo).
3. A visita
Se não quiser pegar fila, compre online
A casa de Monet está a pouco mais de cinco minutos de caminhada do fim da linha do ônibus. Nos fins de semana e meses de verão, espere encontrar uma fila moderada. Se quiser furar fila, você pode comprar o ingresso com antecedência na bilheteria online da Fundação Monet. O ingresso custa € 9,50 para adultos e € 6,50 para crianças a partir de 7 anos.
Eu fui no trem das 10h20, mas hoje acho que vale a pena madrugar para pegar o trem das 8h20 e entrar na casa logo que abre, às 9h30. Por quê? Porque entrando primeiro você pode atravessar o primeiro jardim e pegar a passagem subterrânea para o Jardim das Águas, antes que suas alamedas encham de gente e você não consiga fotografar a ponte japonesa de Monet sem a presença de colegas turistas.
Jardim das Águas
(Caso os jardins já estejam lotados, minha sugestão é dar contornos impressionistas à suas imagens, usando o filtro de desfocagem do instagram...)
Depois de contemplar a paisagem aberta -- os chorões, as canoas, as pontes e as ninféias (flores de lótus) do lago -- é hora de atravessar de volta a passagem subterrânea e passear pelo jardim das flores, o Clos Normand. Aqui o conjunto é bonito, mas os detalhes são estonteantes. Sua câmera vai virar um beija-flor, pousando sobre cada nova florzinha da alameda.
Clos Normand
Clos Normand
Clos Normand
Eu deixaria a casa para o fim do passeio. Ao entrar, você vai saber que o dono da casa não é só aquele pintor famoso que você conhece de livros e museus -- mas o jardineiro espetacular cuja obra você acabou de ver ao vivo.
A casa
A casa é uma graça e, assim como os jardins, tem o seu momento grandioso e seus tesouros sutis. O grande "uau" se dá quando você entra no ateliê do pintor, de pé direito alto e janelas generosas, que deixam a luz banhar o ambiente; espalhadas displicentemente pelas paredes estão reproduções de obras-primas de Monet, algumas delas retratando os jardins que você acabou de visitar. Já o equivalente às florzinhas delicadas do jardim são as gravuras japonesas da coleção de Monet, que ocupam as paredes dos corredores e dos cômodos do andar superior. É como se fosse um jardim de gravuras...
(Pena que o interior da casa não possa ser fotografado. Mas você pode ver fotos no site oficial, aqui.)
Na saída, a lojinha é uma mina de ouro de presentinhos e souvenirs de bom-gosto
4. Fome?
Bon appétit!
Nos arredores do museu, no centrinho de Giverny e no caminho de volta para o ônibus você encontrará restaurantezinhos floridos servindo especialidades normandas. (A propósito, tinha esquecido de comentar: Giverny fica em território da Alta Normandia, na fronteira com a Île-de-France, que é o departamento de Paris. Tem também onde pedir sanduíches e tomar café.
5. A volta
Horários do ônibus
No ponto final do ônibus Vernon-Givenchy você vai encontrar a tabela de horários de volta. Todos os ônibus são coordenados com as saídas do trem para Paris.
Sempre há três ou quatro trens à tarde. (Os jardins fecham às 18h.) Os trens vêm de Rouen. Não esqueça de validar a sua passagem na maquininha.
6. O complemento
O museu Marmottan
Para ficar pós-graduado em Monet, tire uma manhã ou uma tarde em Paris para complementar a sua experiência visitando o museu Marmottan. Funciona num elegantérrimo palacete do 16º arrondissement (metrô La Muette, linha 9) e abriga a maior coleção privada de Claude Monet -- incluindo inúmeros originais cujas réplicas você terá visto no ateliê de Giverny. Abre de 3ª a domingo, das 10h às 18h (5ª até as 21h). Custa € 11. O Paris Museum Pass não é válido. Sobre o Marmottan, leia o post da Majô no Filigrana.
Quando fui, em 2008, estava um dia lindo, e saímos caminhando de lá até o Trocadéro, na margem do Sena oposta à Torre Eiffel...
7. O resumo:
A passagem de trem
- A casa e os jardins de Monet em Giverny abrem diariamente das 9h30 às 18h entre o início de abril e o fim de outubro. Fecham do início de novembro ao fim de março. O site oficial é este.
- O ingresso custa € 9,50 e pode ser comprado online. No campo "mobile", para incluir o telefone do seu celular, ponha +55 e depois o código DDD sem o zero.
- Compre passagem de trem da gare St. Lazare até Vernon. Custa € 14,70 em cada trecho e vale por dois meses a partir da data de compra. É preciso validar a passagem nas maquininhas antes de subir no trem. Não há lugar marcado. Em Vernon há ônibus coordenados com os horários dos trens. A passagem do ônibus é vendida a bordo, pelo motorista (€ 5).
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