Cruzeiro Australis | A ida: de Ushuaia a Punta Arenas

Geleira Plüschow

Espremido em três dias, o programa da perna Argentina-Chile do cruzeiro Australis é um pouco mais puxado. O navio zarpa às 8 da noite, durante o jantar, e às 6h30 da manhã o alto-falante já chama os passageiros para a primeira atividade da viagem: a descida à ilha Horn, onde está o Cabo Horn, o pedaço de terra mais ao sul do planeta antes da Antártida, situado no ponto onde o Atlântico encontra o Pacífico. (Em espanhol o nome do lugar foi adaptado para “Cabo de Hornos”. Em português, deixamos Cabo Horn mesmo.)

Não é uma maneira muito auspiciosa de começar esta expedição, já que em apenas 40% das passagens o cruzeiro encontra condições favoráveis ao desembarque. No nosso caso, os prognósticos já se revelavam terríveis desde as duas da manhã, quando o navio entrou em mar aberto e passou a enfrentar ondas de até 4 metros de altura, combinadas com ventos que chegaram a 150 km/h. Vale lembrar que mal tinham passado 24 horas desde o grande terremoto da costa central chilena, a 3.500 km dali.

Cabo Horn

Quando chegamos ao cabo propriamente dito, o mar estava aparentemente mais calmo, mas não havia condições de desembarque. Resultado: acordamos cedo à toa. Avistamos o rochedo, e só. Boa parte dos passageiros ficou mareada, e quem não ficou (como eu) precisou lutar contra o enjôo até depois do almoço, quando finalmente o barco alcançou águas protegidas.

A caminho da baía Wulaia

A segunda parada do dia é no meio da tarde, na baía de Wulaia. A idéia por trás deste trecho é repetir uma parte da viagem de Charles Darwin, que passou dois anos pela Patagônia antes de chegar às Galápagos. Uma vez em terra firme, aprendemos sobre a vida dos yámanas, indígenas que viviam pelados naquele frio bárbaro, e depois partimos para uma caminhada rumo a um mirante que, no nosso caso, cumpriu apenas parcialmente sua função – já que os picos nevados ao longe estavam encobertos por nuvens de chumbo.

A baía de Wulaia. Quero meus picos nevados ao fundo!!!

Ou seja: foi um dia mais cultural do que fotogênico. Aprendemos muito – sofremos muito com o mar, também – mas o programa do dia emociona de verdade aos que valorizam o fato de atingir o ponto mais austral do continente. Para os que buscam paisagens espetaculares (presente!), o dia vale mais para entrar no clima da região e da navegação.

Segundo dia de navegação
No segundo dia

O segundo dia, porém, já começa lindo, com o barco passando ao pé de montanhas com cumes nevados. Depois do almoço acontece o grande momento de toda esta etapa, com a aproximação, em botes salva-vidas, à geleira Piloto, que fica ao final de um fiorde estreito. Sem ter ainda passado pelo Calafate, não posso fazer comparações; mas garanto que foi bastante impressionante. A primeira geleira a gente nunca esquece…

Piloto de longe
Piloto de perto
Piloto no alto

Antes de escurecer o canal ainda nos brindaria com uma outra geleira, majestosa, e visível do convés do navio: a geleira Plüschow. Excelente fecho para o segundo dia de cruzeiro.

Geleira Plüschow

A única atividade do terceiro dia – que, na verdade, se resume a uma manhã – também acontece cedinho, antes do café. O navio passa batido por Punta Arenas e vai até a Ilha Magdalena, sede de uma colônia de 200.000 pingüins-de-magalhães. Nesta época do ano, uma parte deles já iniciou a migração a latitudes mais quentes – mas ainda havia habitantes suficientes para caracterizar uma pingüinera. É um passeio que pode ser feito normalmente a partir de Punta Arenas, mas os passageiros do Via Australis chegam antes de todos e têm a ilha para si. Num dia de sol como o que pegamos, a luz do amanhecer é sensacional, iluminando os pingüinzinhos de frente. (Para ver mais fotos, leia o post Isla Magdalena: onde os pingüins ainda têm trema.)

Pingüinera de Magdalena

Desembarcamos às 11 da manhã. Quase todos os passageiros dormiriam uma ou duas noites em Punta Arenas e depois seguiriam de ônibus ou van a Puerto Natales, de onde visitariam o parque nacional de Torres del Paine.

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    56 comentários

    Oi Ricardo,estou planejando fazer o cruzeiro de 7 dias. Em que tipo de cabine vc ficou? No site da Australis nao fica muito claro a diferenca entre elas.
    Obrigada

      Olá, Adriana! O Ricardo Freire ficou num navio mais antigo do que os que estão sendo usados. Todas as cabines são bastante aceitáveis, não se preocupe.

    Gostaria de saber se tem outro meio de transporte para atravessar do Ushuaia para Punta Arenas, sem ser de navio ou avião.

      Olá, Marta! Não há avião. Apenas barcos de cruzeiro, como este, ou então ônibus. Leva 13 horas e não sai todos os dias, não.

    Solicito informações sobre viagem de barco entre Puerto Montt e Punta Arena,Chile,(somente ida )previsão de data para Novembro 2013,uma pessoa e uma motocicleta ,Att , André Wist .

      Olá, André! Este post é sobre um cruzeiro de passageiros. Não temos informações sobre o ferry boat.

    Olá,posso contrato navio direto em ushuaia para ir a Puntarena e quanto custa ?

      Olá, Ana! Clique no site do cruzeiro. As compras devem ser feitas por lá, com antecedência. Você encontrará os preços.

    Ficamos no Los Calquenes. Muito bom, confortável e com um restaurante de primeira. Como já foi dito antes, ele não é muito central mas o transporte é eficiente.

    Por favorme informa se setembro é legal de visitar a Patagônia.
    Obrigada

    Ricardo, adoro seu site!
    Eu e minha mulher queremos passear de barco pela Patagônia e estamos indecisos sobre qual é o melhor passeio. Estou achando o Navimag de Punta Arenas para Puerto Montt meio roubada – quase quatro dias num barco que não parece muito legal. O que você me diz?
    abrx!
    Leandro

    Olá Ricardo
    Muito obrigada!
    Pois é, tentei habilitar meu cartão de débito para saques. Só que a Caixa Econômica me disse que não é possível realizar o débito internacional, que eles não possuem este tipo de convênio. Todos os saques sairão do cartão de crédito….
    Achei que todos os bancos faziam o débito internacional.

    Abs!Daniela

    Olá
    Gostaria de saber se em Ushuaia é possível trocar reais por pesos argentinos.
    Obrigada!

      Olá, Daniela! É possível, sim, mas pode ser que a cotação não seja das melhores.

      O melhor é habilitar o seu cartão de banco para saques internacionais e fazer retiradas já em pesos no caixa automático!

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