Por dentro do Oasis of the Seas

O bar Viking Crown
O bar Viking Crown

Antes de mais nada, devo lembrar aos tripulantes, passageiros e pára-quedistas do blog que não sou nenhuma autoridade em cruzeiros. Basicamente porque este não é o tipo de viagem que faz a minha cabeça. O mundo, no entanto, está pouco se importando com a minha opinião; o nicho de cruzeiros vai muitíssimo bem, obrigado, em qualquer lugar do mundo em que haja navios em operação. Me interessa, portanto, saber como funciona e entender também dessa modalidade de viagem (mais ou menos como acabei entendendo — bastante, modéstia às favas — de resort, mesmo sem ser propriamente fã do gênero).

Solarium: sol e piscina sem muvuca
Solarium: sol e piscina sem muvuca

Fiquei feliz de comprovar que a experiência num navio pode ser bem diferente da outra. Meus três dias no Oasis of the Seas não tiveram praticamente nada em comum com a semana em que fiquei a bordo do Zenith da CVC, há dois anos. Daquele lá só se salvaram a festa, a comilança e a bebelança (e o mestre de cerimônias dos shows de humor). Desta vez eu consegui entender melhor por que tanta gente gosta de cruzeiro.

O parque aquático das crianças
O parque aquático das crianças

Um navio de grandíssimo porte, que ofereça uma enorme variedade de espaços e atividades, funciona como uma espécie de universo paralelo. Tudo o que você procuraria em terra firme está a uma viagem de elevador (com uma ou duas passagens por corredores) do seu quarto. (Eu acho mais divertido procurar essas coisas em terra firme, mas nem todo mundo precisa concordar comigo.)

Jogatina
Jogatina

Um navio do tamanho do Oasis of the Seas — o maior já construído, e que começa a operar de verdade agora em dezembro –, então, é como uma versão turística da Arca de Noé: você vai encontrar a bordo pelo menos um representante de cada espécie de estabelecimento que você freqüentaria nas férias em terra firme.

O  bar Champagne
O bar Champagne

A diferença do Oasis

O que torna o Oasis of the Seas diferente até mesmo dos outros navios da sua família não é o tamanho — mas o que fizeram para aproveitar essas superdimensões. E o que fizeram foi cavar um buraco, um vão, uma fenda no meio do navio. Em vez de ser um bloco maciço com um convés por cima, o Oasis é composto por duas alas de apartamentos que também têm vista para os pátios internos.

Central Park
Central Park

Central Park bis
Central Park bis

No pátio do centro do navio foi criado o Central Park, uma praça ao ar livre com arbustos, plantas e um jardim vertical de verdade, ladeado por restaurantes, bares, lojas e galerias.

Royal Promenade e a clarabóia
Royal Promenade e a clarabóia

No meio do jardim foram construídas clarabóias que vazam luz natural para a Royal Promenade, a “rua” principal do navio, por onde se embarca e se desembarca, e onde ficam os restaurantes, bares e lojas abertos até mais tarde. (De lá também se desce facilmente ao deck de baixo, onde se concentra a vida noturna, com salas de espetáculo e o cassino.)

A Boardwalk
A Boardwalk

O outro espaço ao ar livre criado pelo vão fica na popa: é a Boardwalk, uma avenida temática criada para parecer um píer de praia na Califórnia, com direito a carrossel antigo e barraca (em inglês fica melhor: “shack”) de frutos do mar.

O carrosselzinho
O carrosselzinho

É essa configuração — e não simplesmente o tamanho — que faz o Oasis of the Seas parecer um bicho diferente de todos os outros do seu bioma. Pode reparar: este será o primeiro navio de cruzeiro do qual você não verá a tradicional foto da piscinona do convés rodeada por uma arquibancada de espreguiçadeiras. Em primeiro lugar, porque não há piscinona, mas uma série de piscinas pequenas e jacuzzis. E depois, porque esta seria a última foto do navio que um editor selecionaria; o Central Park, a Boardwalk e os espetáculos são infinitamente mais interessantes.

Holiday on ice at sea?
Holiday on ice at sea?

Por sinal, mesmo para alguém tão inexperiente em cruzeiros como eu, a sensação de não precisar subir ao convés para sair do ambiente fechado é surpreendente. Eu estava hospedado no décimo-primeiro deck, e para ir ao Central Park eu descia ao oitavo (para a Boardwalk, descia ao sexto).

No Comedy Club
No Comedy Club

Como funciona

Há dois restaurantões enormes que abrem para todas as refeições sem cobrar. Um é o buffetzão-padrão, chamado Windjammer, e outro é o restaurantão-formalzão, chamado Opus.

Tentando pegar leve no Opus
Tentando pegar leve no Opus

Além deles, há uma série de lugares que servem café da manhã, almoço e lanche na faixa. À noite, todos os restaurantes “especiais” (com exceção da pizzaria Sorrento’s, na Royal Promenade) exigem reserva e cobram à parte. Mas não são caros: o menu completo do 150 Central Park, o restaurante de chef do navio, sai US$ 35. Em restaurantes mais prêt-à-porter, como o japonês Izumi, os pratos (combinados de sushi, por exemplo) saem por módicos US$ 7 a US$ 9. É mais um suplemento do que propriamente um jantar à parte.

150 Central Park
150 Central Park

Alguns lugares, porém, cobram o dia inteiro, como a lojinha de cupcakes (mas os donuts e os sorvetes estão incluídos). Bebidas alcoólicas não estão inclusas. Quem quer escapar da comilança pode se refugiar no Solarium Bistro, que tem buffets saudáveis no café da manhã e no almoço (e cobra no jantar). O cardápio do restaurantão principal, o Opus, sempre tem alguma opção sem carboidratos ou frituras.

Na acadjimia
Na acadjimia

Freqüentar a academia é grátis, mas alguns aparelhos e todos os tratamentos de spa são cobrados.

Tirolesa, não: zipline
Tirolesa, não: zipline

As atividades mais diferentonas, como as piscinas de ondas para fazer surf e body-boarding e a tirolesa (zipline, em gringuês), precisam ser reservadas; as vagas esgotam logo.

Guitar Hero na área teen
Guitar Hero na área teen

Os shows estão incluídos — e são muito bons. Há um musical da Broadway — o primeiro encenado num navio –, o “Hairspray”. O espetáculo do teatro aquático (no final da Boardwalk) é claramente (bem) inspirado no Cirque de Soleil, e tem direito a mergulhadores à la Acapulco, numa piscina que fica o tempo todo mudando de profundidade. Tem também um espetáculo de patinação no gelo, “Oasis Dream”, e um segundo musical, “Come fly with me”, que ainda não estava pronto para estrear no nosso cruzeiro. Um teatrinho pequeno serve para apresentações de comédia stand-up, e há também um clube de jazz. Com exceção do jazz, todos os espetáculos precisam ser reservados (dá para fazer isso pela internet, antes de embarcar).

Blaze, uma das discos
Blaze, uma das baladas

Depois do show da noite você ainda pode escolher entre duas discos (uma mais jovem, outra para tiozinhos), um lugar de música latina ao vivo, um bar de karaokê, um piano bar, um bar dançante com vista para o convés, um pub com som ao vivo — e mais o cassino, claro.

Também salsa, rumba e cha cha chá
Também salsa, rumba e cha cha chá

É muita gente? Balança?

Nosso cruzeiro saiu com 4.000 passageiros e não parou em lugar nenhum. O navio tem capacidade para 6.000 passageiros e faz pelo menos três paradas num cruzeiro de sete dias. Não posso avaliar, portanto, se essa diferença de dois mil passageiros influirá demais na qualidade de serviço. No nosso cruzeiro, tudo correu às maravilhas. Também não posso falar sobre os desembarques nas escalas. O embarque e o desembarque na base, em Fort Lauderdale, foram tranqüilissíssimos.

Outra piscina no Solarium
Outra piscina no Solarium

Quanto a balançar — nadica de nada. A maior parte do tempo você nem se lembra de que está num navio.

Vai pra onde? Quanto custa?

O Oasis parte de Port Everglades, o porto de Fort Lauderdale, a meia hora do aeroporto de Miami (e a cinco minutos do aeroporto de Fort Lauderdale). Não é todo porto que pode receber um navio desse tamanho. Nos primeiros anos estão programadas escalas em Labadee (uma praia privada no Haiti, onde foi construído um píer especial), St. Maarten, Cozumel, Costa Maya (lugarejo na fronteira do México com Belize, um pouco ao sul de Tulum), St. Thomas (nas Ilhas Virgens Americanas), Falmouth (cidade histórica na Jamaica) e Nassau (nas Bahamas).

Sai menos caro do que você poderia imaginar. O querido Bruno Vilaça da Superviagem me passou os valores do cruzeiro mais barato do ano que vem — saída em 27 de novembro, com escalas em Labadee, Cozumel e Costa Maya. Os preços não incluem aéreo (mas já incluem as taxas de R$ 508 por pessoa) e foram calculados ao câmbio de R$ 1,80 por dólar.

Quem comprar agora nesse cruzeiro paga, por pessoa, R$ 2.077 em cabine interna (sem janela), R$ 2.137 em cabine externa (R$ 2.337 com varanda), R$ 2.177 com vista para o Central Park (R$ 2.337 com varanda) e R$ 2.277 com vista para a Boardwalk (R$ 2.527 com varanda). Como se pode notar, as cabines com vista para o vão são mais caras do que as com vista para o mar! E só por curiosidade, os lofts de dois andares, nesta saída, custam R$ 7.687 por pessoa (mais barato que muito Réveillon por aí, hehe).

Salvo algum desastre (ops) no serviço ou nas operações de embarque e desembarque com o navio lotado, acredito que este será um sucesso total de boca-a-boca. É bem possível que esses preços subam. Se você está interessado, adiante-se. (O Bruno informa que brasileiros podem fazer em 5 vezes sem juros e sem entrada.)

No Aquatheater
No Aquatheater

Era isso, pessoal. Não doeu. Posso até dizer que eu praticamente gostei 😳

Veja também:

Welcome aboard

Quem tem nutricionista tem medo

Ontem à noite no Oasis of the Sea

La Nave

166 comentários

Após ler seu comentário, liguei na mesma hora para a agência e já estou adiantando 02 dias.

Muito obrigada por essa super dica, vc nos salvou!!

Olá,Ricardo! Tudo bem?
Em dezembro viajo durante 07 dias no Oasis… Você acha que vale a pena comprar roupas e acessórios no navio? Fico muito na dúvida, pois gostaria de ir “apenas com a roupa do corpo”, mas tenho medo de chegar lá e ser muito mais caro ou não tem tantas opções.
Muito obriga,
Fátima Fernandes.

    Olá, Fátima! Aqui quem fala é a Bóia, assistente do Ricardo Freire para perguntas. Se quiser comprar roupas, o melhor é chegar dois dias antes e aproveitar Fort Lauderdale e Miami. No navio os preços tendem a não ser competitivos com os das lojas de terra firme.

    Muito obrigada pela informação… O grande problema é que chego 8h antes do navio sair.

    Isso é bem arriscado, Fátima. Se o seu voo atrasar na saída do Brasil você pode até perder o navio. E perdendo não há o que fazer. Se não houver seguro seu investimento será totalmente perdido. É sempre bom chegar 1 ou 2 dias antes.

Olá,Ricardo!Comprei o cruzeiro para 3 pessoas em Dezembro,mas só depois notei q nossa cabine fica no começo do navio(deck 7),fiquei muito preocupada,séra q é o caso de tentar trocar?

Obrigada,desde já!

    Olá, Maria JOsé! Aqui quem responde é A Bóia. Quanto mais você investir na sua acomodação, melhor acomodada ficará 😀

Olá Ricardo, estou conhecendo seu blog agora e já amo!! Estamos indo para o oasis em jan/12 eu (7dias), meu esposo, filha, sobrinha e casal de amigos. Nunca se quer entrei em um navio! Por favor, me diga uma coisa, qual a atividade que mais lhe agradou durante sua viagem? O que é imperdível? É muito tempo? Vamos ter três paradas. No texto vc diz que alguns restaurantes são pagos! Pensávamos que era tudo incluso exceto bebida alcoólica! Tiroleza, aquele surf,vc foi? é pago? é um preço justo?
Vc fez uma programação antes? Teria alguma dica de programação?
Desculpas por todas minhas perguntas….
OBG!

    Olá, Carol! Aqui quem responde é A Bóia, assistente do Ricardo Freire para perguntas.

    O Ricardo Freire foi numa viagem inaugural para a imprensa há quase dois anos. O melhor é você confirmar nas condições da sua reserva o que é incluído e o que é pago, essas coisas podem mudar com o tempo (e variar conforme a tarifa e a classe da acomodação).

Olá Ricardo! Estou com uma viagem de 7 noites marcada no Oasis com minha noiva, no dia 22 de outubro de 2011 e gostaria de saber como é o clima nessa época no Caribe e na Flórida (Fort Lauderdale). Ouvi falar que não é muito quente e que venta demais.. Verdade? Quanto as compras, onde é mais em conta, Miami ou St. Maarten, St. Thomas e Nassau, que são os pontos de parada do navio na data de minha viagem? Abraço e obrigado pela atenção…

    Oi Vicente. Acabei de chegar do Oasis, fazendo o mesmo percurso que você vai fazer. Os preços nas ilhas são os mesmos de Miami, com a diferença de que nelas você não paga imposto. O que vocês vão encontrar é um número enorme de joalherias.
    No navio há também um comércio muito grande de relógios e jóias, tudo sem os impostos de Miami.
    Aproveite a viagem. Foi tudo muito bom.

nossa, passei meu dia inteirinho procurando pelo Oasis…Adorei as fotos ! Espero que ele venha para o Brasil um dia, mas caso contrario vou até ele ! haha

eae Ricardo,
parabéns pelo post..completo. Vou em abril mas ja gostaria de saber sobre as lojas, compensa comprar algumas coisas nas lojas do próprio cruzeiro ou aproveitar para comprar em Miami mesmo???
Abraços
Leonardo

    Miami, sem dúvida. No máximo o que vale a pena comprar são bebidas, pelo comodidade. Mas se você for aproveitar Miami por alguns dias encontrará preços melhores. É o mesmo esquema de um hotel, onde tudo é mais caro do que o encontrado na loja em frente a ele.

Oi Ricardo,
estou me programando para fazer essa viajem no carnaval e achei seu blog muito interessante e gostaria de saber se vc pode responder uma curiosidade. A água da piscina é doce ou salgada? E onde vc acha que é melhor ficar, nas cabines com vista para o bordwalk ou para o central park? Tenho medo que seja barulhento.
Atenciosamente
ticiana Duarte

    Água doce. Eu pegaria uma cabine com vista para o mar. Mas o Central Park é sossegado.

    É doce? Nos dois que eu já fiz pela RC eram salgadas.
    Doce é bem melhor!

Viagem no tempo. O post sobre os tapetes me fez voltar ao post do navio gigante que me fez ir mais atrás: o primeiro cruzeiro do Riq. Além do texto ser muito engraçado e os comentário muitas vezes sem noção, o lay out era totalmente vintage!!!
E só se passaram 2 anos.
Parabéns ao Riq por transformar o site em um lugar onde as pessoas podem encontrar o que procuram, de maneira objetiva e sem precisar aporrinhar o “comandante”.

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