No centro de Paris, na divisa entre o 1º e o 2º arrondissements, já fora da confusãozinha de Châtelet, um espaço de alguns quarteirões esconde um dos passeios mais chiques que você pode fazer na cidade.
Venha pela rue Étienne Marcel para passar pela Place des Victoires -- uma praça circular, construída na confluência de seis ruas, que figura fácil entre as mais bonitas de Paris (para mim, só perde para a Place des Vosges e a Place Vendôme). As fachadas são austeras e a estátua eqüestre no meio da praça não tem cara de muitos amigos, mas se você diminuir o passo vai encontrar as vitrines de Kenzo e Thierry Mugler.
Siga pela rue de la Feuillade e um pouco adiante, à sua esquerda, você encontrará os fundos do Palais-Royal. Entrez, s'il vous plaît.
Construído originalmente para hospedar o Cardeal Richelieu, o palácio teve diversos usos ao longo do tempo; o mais interessante é o de 1784 para cá, quando virou uma espécie de shopping center avant-la-lettre. Em torno dos seus jardins, me conta a Wikipédia, Louis-Philippe II fez instalarem 145 lojas, entre cafés, restaurantes, salões de cabeleireiro, museus. De todos os ocupantes originais, ainda resta um: o venerável Grand Véfour, um dos bastiões da haute gastronomie, no mesmo endereço há 225 anos.
As arcadas hoje abrigam lojas de grifes, moda de vanguarda, alguns antiquários, uma loja de chapéus, perfumarias. Dois teatros funcionam por lá -- o Thêatre du Palais-Royal, numa quina dos fundos, e a Comédie Française, na frente.
Dois ou três cafés das arcadas mantêm mesas no pátio. Sente-se ali para um café ou un verre e você vai pensar que está a léguas do burburinho da Paris central.
O mais bonito do Palais-Royal, pra mim, está no pátio: o jardim é a obra de arte topiária mais linda que eu já vi (e olha que eu fui a Villandry). O espaço é pequeno, mas o efeito é de uma simetria taj-mahaliana.
Continuando em direção à entrada do Palais pela rue Saint-Honoré você vai ver também as 260 colunas moderninhas de Daniel Buren, instaladas em 1986 durante o mandato de Jack Lang como ministro da Cultura.
Saia novamente pelos fundos. Bem no meio da quadra você encontrará a rue Vivienne, onde estão as outras duas paradas do passeio.
A primeira, já no número 2, é o centenário restaurante Le Grand Colbert. Gastronomicamente ele não faz nem cosquinhas no Grand Véfour, mas oferece cozinha honesta de brasserie num cenário glamouroso. Virou ponto de peregrinação turística depois que uma cena de 'Alguém tem que ceder', com Jack Nicholson, Diane Keaton e Keanu Reeves, foi filmada por ali. As formules do almoço (somente prato principal a €15; entrada e prato a €25; entrada, prato principal e sobremesa a €33) são bem abordáveis. Para se sentir a Diane Keaton, peça o frango com fritas A gente ficou na formule de €25, pediu um pichet de tinto de 45cl (€15) e duas águas (erro! sempre dá para pedir une carafe d'eau, que é de graça), e a conta ficou em €80 para a dupla.
Na saída dê uma passeada na Galerie Vivienne, aberta em 1823 e que ainda hoje é a mais elegante da cidade, com boutiques, galerias de arte, restauradores. Jean-Paul Gaulthier mantém sua loja principal numa das entradas da galeria; o Bistrot Vivienne é muito freqüentado pelo pessoal da moda. Para quem cabulou o almoço no Grand Colbert, a casa de chá A Priori Thé é a única com mesas no corredor da galeria.
Querendo se hospedar por aqui, tem um hotel da rede duas-estrelas Timhotel praticamente ao lado.
Leia também:
Palais-Royal no Conexão Paris, por Maria Lina
Moda no Palais-Royal no Conexão Paris, por Maria Lina
Galerie Vivienne no Conexão Paris, por Maria Lina
41 comentários