A gente caminhava pela rua Sainte-Cathérine, a "Rua Augusta" de Montreal, quando o temporal que estava ameaçando resolveu desabar. Era hora do almoço e resolvemos nos refugiar num dos muitos shoppings da parte oeste da rua (neste quesito, a Sainte-Cathérine se parece mais com a Orchard Road de Cingapura: é um shopping do lado do outro).
Seguimos a sinalização para a praça de alimentação e escolhemos um lugar para comer (é incrível: os fast foods são étnicos. Tem fast food thai, vietnamita, indiano, mexicano, libanês, chinês, japonês, québecois -- mas fomos num fast food de salada, mesmo). Ao sairmos da praça, me dei conta: estávamos na cidade subterrânea de Montreal.
Como se sabe, Montreal tem a maior rede do planeta de passagens construídas sob a terra. São mais de 30 km de túneis e galerias que tornam a cidade mais habitável durante o inverno praticamente ártico do Canadá. Mas também são uma mão na roda nos outros... ahn... dois ou três meses do ano
Prosseguimos pela galeria subterrânea e então vi que, ali na região da Sainte-Cathérine, aquilo nada mais era que a interligação entre os pisos subterrâneos dos vários shoppings. Pense em algo confuso! A travessia não se dá em linha reta, mas com os vaivéns típicos da arquitetura de shopping. Conseguimos atravessar uns três e escapulimos para superfície. Felizmente a chuva tinha terminado (e o sol estava brilhando).
Só no dia seguinte é que eu fui entender o funcionamento da Montreal subterrânea. Consultando um mapinha para me localizar na cidade, achei o acessório fundamental para caminhar debaixo da terra: o diagrama oficial da RÉSO, a rede de passagens subterrâneas de Montreal.
Funciona como um mapinha de metrô. Os quadradinhos (as "estações" da rede de galerias) correspondem a shopping centers, edifícios e estações (de metrô ou trem) cujos subterrâneos são usados como passagem.
Para não se perder, basta manter um olho no mapa e outro na sinalização aérea: sempre tem uma setinha indicando a direção do próximo quadradinho do diagrama.
Todo o percurso é feito em ambiente fechado, mas nem todas as galerias são subterrâneas. Da Gare Central à estação McGill do metrô, por exemplo, chega um momento em que você sobe por uma escada rolante e atravessa um complexo comercial pelo térreo, mesmo.
Para ter acesso à rede, basta entrar em qualquer porta com o sinal RÉSO.
Vale a pena dar uma descidinha para constatar a grandiosidade da obra ou para se proteger das intempéries. Mas não espere ver nada demais: é como andar por um shopping center que não acaba nunca.
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