Vou ficar várias horas no aeroporto entre voos. O que posso fazer?

Eis outra pergunta que é trending topic interno aqui no Viaje na Viagem. Só mudam as coordenadas: vou ter 6 horas entre voos em Lisboa… Vou ter 3 horas entre voos em Newark… vou ter 4 horas entre voos em Bogotá…

Desculpe jogar água fria na sua empolgação, mas em 98% dos casos a recomendação sensata é: leve um livro, tome um café da manhã reforçado, almoce, dê uma passadinha no free shop. Sair do aeroporto, na imensa maioria das vezes, ou é inviável, ou uma fonte de perrengues e stress.

Mais adiante eu falo dos casos em que vale a pena sair do aeroporto. Mas antes vamos examinar os motivos que tornam 98% das saídas uma má idéia.

1) Na vida real, o intervalo entre vôos é menor do que você imagina.

Você pensa: “ah, meu voo chega às 7h e o outro só sai às 13h. Tenho 6 horas no aeroporto!” Desculpa, mas… não tem não. Seu avião deve pousar às 7h. Até você conseguir sair do avião e passar pela imigração é possível que  já tenha passado uma hora ou mais. E se o seu próximo voo está marcado para as 13h, significa que você precisa estar no portão de embarque às 12h15, 12h30 no máximo. Ou seja: aquele intervalo inicial de 6 horas já baixou para 4 horas e meia, se tudo correr bem. Se o avião atrasar, o que não é improvável, o que no papel pareciam ser 6 horas acaba baixando para 4 horas, 3 horas e meia…

2) Trajetos entre aeroporto e cidade são longos, caros e estressantes.
Se você parar um pouquinho para pensar, vai se lembrar que a chegada do aeroporto à cidade e a ida da cidade ao aeroporto são os dois momentos mais desagradáveis de qualquer viagem. É raro o aeroporto que não esteja a uma hora do centro da cidade. O táxi sempre é caro e o transporte público raramente tem cara de passeio. Ao resolver sair do aeroporto entre voos, você consegue a proeza de acrescentar mais dois trajetos chatérrimos à sua viagem – e o pior de tudo: no mesmo dia! Com poucas horas de diferença! Vale investir 100 dólares? Fora a grana, tem um outro aspecto matemático importante: conte em perder duas horas na brincadeira. Lembra aquele intervalo de 6 horas? Já virou duas horas e meia…

3) O que você faz com a mala de mão?
De trem, esses pit-stops são tudo de bom. Você tem 4 ou 5 horas entre dois trechos, então desce, deixa as malas no guarda-volumes e vai passear – as estações são sempre centrais, ou ficam no máximo a duas ou três estações de metrô do coração do centro histórico. Mas de avião… como fazer com a maleta ou a mochila que subiu com você no avião? É raro o aeroporto que ofereça guarda-volumes – e quando oferece, nunca é tão fácil assim de achar. No mínimo, você tem que diminuir mais 30 ou 40 minutos do seu intervalo, que é o tempo de ir até o cafundó onde esteja o guarda-volumes e passar lá na volta. O jeito normalmente é carregar o trambolho com você. Continua a fim?

4) É preciso estar de volta ao aeroporto com 2h/2h30 de antecedência.
Mesmo que você já tenha o cartão de embarque do vôo seguinte na mão, terá que passar pelos procedimentos de segurança. Pense em perder entre 60 e 90 minutos nesses perrengues (sobretudo nos Estados Unidos). E como é preciso estar no portão de embarque no máximo meia hora antes do horário de saída do voo, não sobrou quase nada de tempo para aproveitar.

5) Em resumo: diminua entre 5 ou 6 horas do seu intervalo.
É o cálculo mínimo realista: 1 hora para desembarque e imigração; 2 horas para ir e voltar da cidade; 2h de antecedência para procedimentos de segurança e embarque. Querendo mais segurança, acrescenta-se mais meia hora para o caminho de volta (nunca se sabe) e meia hora para o reembarque, o que dá 6 horas. (E não esqueça de torcer para o voo não atrasar.)

As exceções: quando e onde vale a pena sair do aeroporto

Quando: a partir de 10/12 horas de intervalo

Se você quer aproveitar o pit stop de avião para dar uma voltinha na cidade, e não tem trauma de transporte aeroporto-cidade-aeroporto, tente programar o seu voo com um intervalo grandalhão. (Não se esqueça de insistir no check-in para a sua bagagem ser despachada ao destino final, senão você vai arranjar outro problema.) Tendo pelo menos 4 ou 5 horas líquidas na cidade (descontadas aquelas 6 horas de chegada, transporte e reapresentação) você pode fazer um passeio com mínimo stress. Mas não arranje muito lerê nessas quatro ou cinco horinhas: caminhar e comer na rua é sempre mais gostoso do que se meter num museu ou perder mais uma hora na fila para subir num mirante.

Uma outra boa solução para um intervalo a partir de 8 horas é descansar num hotel de aeroporto. Pergunte por tarifas day-use.

Dubai

Onde: Panamá, Cingapura, Dubai, Lisboa

Os melhores lugares para aproveitar intervalos entre vôos para turistar são aqueles destinos eminentemente turísticos que funcionem como “hubs”. Esses aeroportos estão acostumados com viajantes que precisam matar um tempão entre um vôo e outro e já oferecem facilidades. Em Cingapura há city-tours para turistas em trânsito. Em Dubai o táxi é barato, e em meia hora você chega ao shopping Madinat Jumeirah (de onde se avista o Burj Al Arab) ou à torre Burj Dubai. Lisboa também tem um aeroporto bastante central; em 15 minutos (e 10 euros) você está no Chiado. E no Panamá os motoristas de táxi têm roteiros e tabelas prontos; quem tem 8 horas líquidas entre voos (descontada aquela hora de imigração e a hora e meia de reapresentação) pode pensar até em dar um pulinho no Canal. (Leia mais aqui.)

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    371 comentários

    Me parece que a saída, por si só, já desestressa e torna a espera menos maçante. Mesmo que não se consiga fazer alguma coisa por muito tempo, só o fato de ir à rua, andar de trem ou táxi, ver gente um lugar diferente, é muito mais agradável do que ficar horas a fio dentro do aeroporto e faz o tenpo passar sem sentir.

    Claro que também não pode ser arriscado demais.

    Viajando para Nova York via Bogotá, pela Avianca, com intervalo grande, deu para conhecer bem o Centro da cidade (com direito até a museus) na ida e o Cerro de Monserrate (+ novo passeio pelo Centro para almoçar) na volta.

    Uma boa solução são as salas vips, como as que os diners, e os cartões blacks oferecem gratuitmente. Para quem viaja esporádicamentes, no caso de mais de 5 horas de conexão, acho que vale a pena pagar pelo uso, costumam cobrar entre 30 e 50 dólares, o que considerando-se que oferecem comida, bebida, muitas vezes banho, e um lugar bem confortável para descansar, alem de computador ou wifi, vale a pena.

    E no Brasil? Aqui em Fortaleza em meia hora se chega a Av. Beira Mar, quem faz conexão (geralmente vindo das capitais ao sul do Nordeste com direção ao Norte) pode dar uma caminhada pelo calçadão, ou quem sabe uma visita ao Centro Cultural Dragão do Mar.
    Em Recife também acho o Aeroporto vizinho a praia de Boa Viagem, em 10min se chega até ela e dá pra tomar uma água de coco contemplando a barreira de recifes. Em Salvador a idéia é inviável, pois o aeroporto é muito longe..

      É verdade Andre L, pertinho do aeroporto temos a Praia de Aleluia, Stella Maris, Ipitanga, Flamengo e vários hotéis-Resorts para fazer day use em frente ao mar, como o Catussaba e Gran Hotel Stella Maris. Não dá nem 15 min de taxi. Claro que nem pensar em ir ao centro histórico de Salvador com pouco tempo, mas dá até para ver a praia de Itapuã e ter uma belíssima refeição em bons restaurantes! Humm… já estou planejando um post, rsrsrs.

      Outra opção para conexões longas no aeroporto de Salvador é o Shopping Salvador Norte – exatamente em frente ao aeroporto, mas é preciso pegar um táxi; corrida de 5 minutos. Lá existem várias salas de cinema. Lembro que as praias de Stella, Flamengo, etc só estão a uma corrida curta de táxi de segunda a sábado; domingos e feriados com sol o engarrafamento é enorme e uma corrida de táxi de 15 minutos se transforma em 1 hora. Na rótula do aeroporto estão sendo construídos vários hoteis, que provavelmente já estarão funcionando no final de 2012.

      Só tem que tomar cuidado com o horário do trânsito, em Salvador o trânsito bem lento (também na Bahia, tinha que ser. rsrsr).

      Não entendi “a brincadeira”, Carlos. Brincadeira ou preconceito? Engarrafamento em outros lugares é mais rápido?

      Concordo conterrânea em relação à “piada”, mas acho que mesmo com engarrafamento no final de semana, para ser de 1h somente no alto verão e com muito azar, pq são menos de 7km. Vamos imaginar que engarrafamento assim só se for entre 10 às 12h e das 15h às 17h, talvez…

    Estou sempre preparada para as conexões… As vezes ate alguma inesperada por atraso de vôo. Sempre tenho um livro, palavras cruzadas, netbook e também gosto de observar o vai e vem do povo. Já vi ate o Riq em alguma dessas esperas!

    Acabei de ver no aeroporto em Amsterdam umas excursões organizadas a partir do aeroporto mesmo, achei uma ideia muito boa, com hora para sair e para chegar, sendo que eles levam atré o aeroporto de volta.

    Em Barcelona, numa parada de 10 horas eu guardei a mala no guarda volume (bem fácil de se encontrar) e saí do aeroporto tomando o ônibus para a Plaza de Cataluña (acho que demorou 30 minutos e custou 5 euros). Consegui fazer 2 roteiros de City Tour naquelas ônibus turísticos e passear, almoçar e depois lanchar nas Rumblas. Ainda voltei com 1 hora antes da saída do voo.

    Gatei 10 euros de transporte, 5 euros do guarda volume, 20 euros do City Tour e uns 20 euros de comidas / bebidas durante o dia.

    Outro bom aeroporto pra fazer isso é Schipol em Amsterdam, pq é pertinho (20min de trem) da cidade, o transporte é barato e ainda dá pra contar com guarda volumes da estação de trem, se for necessário.

      No Schipol é preciso tomar um pouco de cuidado, porque como ele é imenso demora pra conseguir desembarcar, passar pela imigração, comprar o passe de trem e pegar o trem, mas ele te deixa exatamente no centro de Amsterdã.

      Foi em Schiphol que realmente deu xabú em voo meu. Confiei no sistema de trens que normalmente é ULTRA eficiente na holanda, havia me programado para chegar com tempo, e 2 minutos após o trem sair da estacao deu uma pane e ficamos um bom tempo parado sem poder sair do trem. Cheguei cerca de 7 minutos após o tempo oficial de fechamento do guiche e nao teve conversa, mesmo com o voo cancelado. Claro que foi um ponto fora da curva, e a probabilidade de isto acontecer na Holanda é proximo a zero, mas o risco existe.

      Aprendi “the hard way” e desde então, eram livros e agora o iPad cheio de ebooks, filmes e musicas.

      Ah, mas eu fiquei vááárias vezes presa no trem entre Amsterdam e Roterdam em 2008 – ou seja, não sei se o sistema de trens é tão confiável assim…

      vá que vc pegue justo a semana de manutenção?

      eu ficaria com o intervalo superior a 10h como indicado pelo Riq como limite

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