golpe do charuto havana

Golpe do charuto em Havana: cuidado para não cair nessa!

golpe do charuto havana

Charutos são o produto mais famoso de Cuba. Quem é fumante muito provavelmente vai incluir no planejamento de viagem uma pesquisinha prévia sobre onde comprar as marcas que já conhece. Mas quem não é fumante, apenas um turista curioso (e quando muito só ouviu falar de um tal Cohiba), precisa ficar muito esperto para não cair no golpe do charuto em Havana.

Eu, turista curiosa que sou, caí.

A armação toda é tão sutil que eu só fui entender a mecânica por completo depois de conversar com dois amigos. Ambos estiveram em Cuba recentemente e ambos foram vítimas do golpe também, mesmo sendo viajantes de longa data. Os malandros agem com simpatia e levam os gringos na lábia, e embora a experiência não seja traumática, ninguém fica feliz de ser feito de bobo e de voltar para casa com mercadoria falsificada.

Como funciona o golpe do charuto em Havana

Caminhando por Havana, especialmente por Habana Vieja, você vai ser abordado algumas vezes por pessoas oferecendo charutos. Você não compraria charutos de uma pessoa qualquer na rua, certo? Certo.

Então, seguindo o passeio, eventualmente você vai parar para tirar algumas fotos, tomar uma água, um mojito. Daí algum cubano muito simpático vai se apresentar e puxar papo, perguntar de onde você é (“Brasil? Me encantan las novelas!”), dizer que está feliz que você está gostando de Cuba. Talvez num momento da conversa ele pergunte se você tem lugar para se hospedar, você vai dizer que sim e quem sabe até comente sobre a ótima casa particular ou hotel em que você está ficando. Antes de ir embora, ele vai deixar uma dica: visitar uma cooperativa de trabalhadores das fábricas de charutos em Havana, que mensalmente fazem uma venda especial de parte do que produzem por um preço muito bom. Ele diz que vale a pena checar, você agradece, ele se despede e pronto.

Daí você fica na curiosidade: “Caramba, nem tenho acesso à Internet aqui para pesquisar mais sobre essa cooperativa. Talvez seja legal, de repente é como uma feirinha.”

Continuando o passeio, você vai ser de repente cumprimentado por uma pessoa muito feliz em te ver: “Oi, você não está hospedado no hotel tal? Eu vi você chegando outro dia, sou sua camareira!”. Ou: “Olá, você não é o hóspede brasileiro da casa de fulana? Reconheci logo, eu sou vizinha dela!”. Vocês vão conversar um pouquinho, e eventualmente os charutos serão mencionados. Talvez você até aproveite para perguntar que história é essa de cooperativa, e ela diga que se você quiser visitar ela pode ir junto, que ganharia com isso alguns vales para reforçar as compras de mantimentos do mês.

E aí vocês vão.

Desnecessário dizer que é tudo muito bem armado. A primeira pessoa a fazer a abordagem puxa assunto para colher toda a informação que a segunda pessoa possa usar para demonstrar intimidade e levar você à “cooperativa”. E a cooperativa, na verdade, vai ser a casa de alguém que vai se apresentar como um funcionário de uma fábrica de charutos e continuar sustentando a lorota toda.

As caixas de charuto à venda vão ser bonitonas a ponto de nenhum leigo ser capaz de desconfiar que não correspondem a um produto legítimo. Para ajudar na venda, os charutos ora serão os “preferidos de Fidel”, ora os “favoritos de Raúl”, “aromatizados com rum”, e daí em diante, e o falso funcionário falará das qualidades de cada tipo, dará sugestões para a escolha e ainda explicará a importância de se manter o selo de garantia do produto na caixa para controle alfandegário (que ironia).

Se você chegar até aqui, é porque comprou toda a história; comprar os charutos vai ser o próximo passo natural.

Havana é uma cidade perigosa?

Havana é uma cidade bem segura para o tamanho que tem. É raro escutar relatos de roubos a turistas, e você vai se sentir muito mais à vontade para tirar fotos e passear pelas ruas de lá do que se estivesse em Paris, Buenos Aires ou no Rio de Janeiro.

Golpes contra turistas, por outro lado, são bem comuns. O golpe do charuto é o principal deles. Alguns aproveitadores também tiram vantagem do interesse dos estrangeiros em conversar sobre o país para descolar uns drinks de graça, outros oferecem dicas de restaurantes e acabam levando a lugares pega-turista que cobram o triplo do preço. Pode acontecer de uma corrida de bicitáxi que foi combinada por 4 CUC de repente virar 4 CUC “por passageiro”. Seja firme e prepare-se para trabalhar muito o seu jogo de cintura.

Onde comprar charutos em Havana?

Você compra charutos cubanos legítimos em Havana em qualquer uma das lojas La Casa del Habano. A maioria das lojas está nos saguões de grandes hotéis, como no Hotel Nacional (Calle 21, esquina com O, tel. 7/836-3564), Meliá Cohiba (Avenida Paseo, entre 1ª e 3ª, tel. 7/833-3636) e Tryp Habana Libre (Calle L, entre Avenida 23 e Calle 25, tel. 7/834-6100), em El Vedado. Em Habana Vieja há uma La Casa del Habano no hotel Conde de Villanueva (Calle Mercaderes 202, tel. 7/862-9293) e também no antigo prédio da fábrica de charutos Partagás (Calle Industria 520, tel. 7/866-8060).

Cohiba, Montecristo e Partagás estão entre as marcas mais conhecidas, e você pode conhecer outras no site da Habanos. Existem charutos de todos os preços, mas um único charuto Cohiba legítimo pode custar entre 20 e 30 CUC.

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31 comentários

Eu comprei charutos das tais cooperativas e não tive nenhuma decepção. São charutos fornecidos aos funcionários e depois vendidos porque não atenderam requisitos de fabricação como por exemplo espessura e tamanho. Fumei os charutos e a qualidade é a mesma do mercado oficial. Seria demais montarem uma “fabricação paralela” ao arrepio do Estado cubano, ainda mais num regime de alta vigilância sobre sua população.

Oi muito boa sua dica é assim mesmo posso confirmar porque sou cubana e realmente acontece isso tudo ,na rua não deve comprar charuto de ninguém, tem que procurar mesmo as lojas do estado.

Golpes são comuns quando se viaja. Cuidado com italianos em Miami vendendo franquia para obtenção de visto . São vigaristas de uma franquia de sorvete gelato go. Vários brasileiros já foram enganados.

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