dicas de Montreal

Montreal: um pé lá, outro cá

É normal que cidades ofereçam contrastes, mas nesse quesito fica difícil bater Montreal. Dividida entre a Europa e o Novo Mundo, o Canadá unido e a autonomia regional, o francês e o inglês, a segunda maior cidade canadense faz do seu caldo de contradições o seu maior charme. Em nenhum lugar do mundo ocidental a questão da língua é tão preponderante.

Vieux Montréal

Barcelona pode ter abraçado o catalão com desmedido entusiasmo depois do fim do franquismo, mas o fato é que ali toda a população é perfeitamente bilíngüe. Já em Montreal, segundo o censo de 2006, pouco além da metade da população se declara fluente em francês e inglês. Quem atende ao público, porém, normalmente fala inglês. Por ironia, o turista que fale francês talvez tenha mais problemas para se comunicar, já que o sotaque québecois é virtualmente impenetrável para ouvidos não habituados.

Vieux Montréal

Mais francesa que a França

Fundada por franceses em 1642, Montreal logo se tornou o principal centro do comércio de peles da América do Norte. O domínio da França, contudo, durou apenas até 1760, quando as colônias francesas do Canadá foram entregues à Inglaterra como conseqüência da vitória britânica na Guerra dos Sete Anos. Mesmo constituindo a minoria da população, os ingleses formavam a elite de Montreal, controlando a banca e o comércio. Ainda durante o período colonial britânico os anglos fundaram a Universidade McGill, a mais importante e prestigiosa da cidade – e onde até hoje as aulas são dadas em inglês.

Universidade McGill, Montreal

A dominação cultural da elite anglófona só foi seriamente contestada pela maioria québecoise a partir da década de 1970. Desde então uma legislação lingüística rigorosa regula a comunicação no serviço público (onde o bilingüismo é obrigatório), nas escolas (as aulas podem até ser em inglês, mas os trabalhos podem ser apresentados em francês, mesmo na McGill) e no comércio. Todos os letreiros de Montreal precisam estar em francês – e é por isso que você vai ler coisas como “Café Starbucks Coffe” ou “Poulet Frit du Kentucky” (em vez de Kentucky Fried Chicken).

Montreal

O purismo é tamanho que faz o francês aparecer em ocasiões em que já não é mais usado na França. A placa “PARE”, que em território francês é “STOP”, em Montreal é “ARRÊT”. Estacionamento, que em qualquer cafundó da França é “Parking”, no Québec é “Stationemment”. Vale a pena prestar atenção nesses detalhes. Em plena era da globalização, é uma experiência única estar num lugar onde a língua universal é combatida com tanto (e provavelmente inútil) esforço.

Montreal, igreja anglicana

Entenda a cidade

Montreal está situada numa ilha do rio São Lourenço, ao pé do Mont Royal (que em francês arcaico se chamava “Mont Réal”, daí o nome). O Boulevard St.-Laurent divide a cidade entre o Oeste anglófono (você percebe pelo nome das ruas: University, Peel, Mansfield) e o Leste québecois. É provável que você se hospede no leste anglo – onde estão a principal zona hoteleira, o grande comércio e a estação de trem – e faça turistagem no leste francês, região em que se encontram a cidade antiga, o porto e o parque olímpíco.

Catedral de Montreal

No eixo leste-oeste, a rua mais importante é a Sainte-Catherine, que vai mudando de cara conforme a região. No canto oeste estão as grandes lojas de departamento. Passando o Boulevard St.-Laurent a rua se torna o epicentro do Quartier des Spectacles, o bairro dos teatros e centros culturais. Continuando para leste você passa pela Universidade de Québec em Montreal (UQÀM) e pela rodoviária e chega ao Gay Village.

Gay Village, Montreal
Mont-Royal, Montreal

Fora da região turística fica o Plateau du Mont-Royal, onde predominam as casas de três andares típicas da cidade e há bons restaurantes frequentados pelos locais (o principal polo é a rua Duluth). Há também muitos enclaves de comunidades de imigrantes; o mais colorido – e mais fácil de visitar – é Chinatown, que fica próxima à cidade antiga, ao longo da rue de la Gauchetière e suas transversais.

Chinatown, Montreal

Aproveite o metrô

Quando a temperatura permite, Montreal é um bom lugar para caminhar: quase tudo é plano (na parte central, a exceção é uma subidinha entre a rue Sainte-Catherine e a Sheerbrooke, coisa de duas quadras). No frio ou debaixo de chuva, existe a famosa rede de galerias subterrâneas. Com pressa ou preguiça, porém, o metrô é uma mão na roda: fácil de entender, limpo, fluido. E é a melhor maneira de chegar a lugares como a ilha de Santa Helena, o Parque Olímpico e o bairro do Plateau du Mont-Royal. A viagem avulsa é muito cara: 3 dólares canadenses. O negócio é comprar um passe de um dia (8 dólares canadenses) ou três dias (16 dólares canadenses). O passe de um dia se paga em três viagens; o de três dias, em seis; ambos são válidos no ônibus da STM para o aeroporto (tarifa avulsa, 8 dólares canadenses).

As estações valem por um guia turístico. Na linha verde, desça em Peel para ir ao Museu de Belas Artes e aos bares das ruas Crescent e Maisonneuve; na Place des Arts para o Museu de Arte Contemporânea; em Berri/UQAM para os barzinhos da rue St.-Denis; em Beaudry para o Gay Villlage; em Viau para o Parque Olímpico, Torre de Montreal e a estufa Biodôme.

Museu de Belas Artes, Montreal
Crescent Street, Montreal
Biodôme + Torre de Montreal
Vista da Torre de Montreal
Biodôme, Montreal

Na linha laranja, Bonaventure é ligada à estação de trem; Square-Victoria leva aos bares transados da extremidade da rue McGill próximos ao porto; a Place d’Armes é o melhor acesso à cidade antiga e a Chinatown, e Mont-Royal serve para os restaurantes da rue Duluth.

Porto de Montreal
Place d'Armes, Montreal

A linha amarela é curtinha mas é o melhor caminho para a ilha Santa Helena, onde estão o museu Biosphère, dedicado ao meio ambiente, o Cassino de Montreal e o parque de diversões La Ronde, que pertence à família Six Flags. No verão também é montada uma praia fluvial. Leia mais sobre o metrô aqui.

Ilha Ste. Helène vista da Torre de Montreal
Montreal

A cidade subterrânea

Montreal tem a maior rede do planeta de passagens construídas sob a terra, a RÉSO. São mais de 30 km de túneis e galerias que tornam a cidade mais habitável durante o interminável inverno canadense. Não se trata, porém, de um universo paralelo, como muitos forasteiros imaginam. A RÉSO é apenas a interligação entre os pisos subterrâneos de shopping centers e edifícios comerciais. Na maior parte do tempo você se sente dentro de um shopping center, não de uma galeria de passagem. É preciso usar um mapinha em que os pontos de acesso à superfície (os shoppings, edifícios ou metrô) aparecem como “estações”. Para não se perder, basta ver na sinalização dos corredores a direção da próxima “estação” do seu percurso. Leia mais sobre as galerias aqui.

Bixi, Montreal

Chegar e ficar

A pouco menos de cinco horas de trem de Toronto e a três horas de Québec (com wifi a bordo!), Montreal compõe um roteiro ferroviário perfeito para quem quer explorar o leste do Canadá sem os contratempos dos aeroportos (mas para voltar de Quebec a Toronto, use o avião).

Quem chega a Montreal de trem já está muito próximo da principal região hoteleira da cidade. O hotel Fairmont Queen Elizabeth é interligado à estação; o renovado Novotel está a cinco minutos de táxi. Outro ótimo ponto para se hospedar é o início da rua Sherbrook – uma localização conveniente tanto para a cidade antiga quanto para a zona comercial. Por ali, fique no metido Hotel 10 (desde US$ 175) ou no funcional Hilton Garden Inn (desde US$ 160)

121 comentários

ola, estou precisando de ajuda.Gostaria de ir a Mont Tremblant ,Canada, por minha conta. Estou em Montreal. Achei excursao de onibus, mas sempre q faco excursao acabo sem tempo de “curtir” a cidade. Alguem pode me ajudar? alem de locacao de carro existe outra forma de ir ( sem ser excursao??!!)

Olá, existe a possibilidade de ir com minha família morar em Montreal por um ano. Tenho duas filhas, de 6 e 10 anos. Gostaria de saber qual idioma praticado nas escolas, francês ou inglês? Pela sua experiências as crianças vão voltar falando as duas linguas ou n?o? Vocês conhecem e poderiam me indicar brasileiros que moram em Montreal ou já moraram que pudessem me ajudar com suas experiências? Desde já muito obrigada por sua atenção.

Renata

Ola Boa noite…irei em Setembro para Montréal e tenho algumas duvidas como:o comércio é caro? a cidade em si é cara? nao vou ter custo com hospedagem pois tenho conhecido que mora por la…vou com intuito de conhecer a cidade e passarei 12 dias…mas claro, gostamos sempre de uma comprinha basica Grata

    Olá, Luciana! Seu amigo, como morador da cidade, deve ter as manhas de como economizar; vá por ele.

Caros

Alguém pode me dizer se existe alguma restrição para atravessar a fronteira (NY-Monteal-NY) com o carro alugado…???

    Olá, Miguel! Ao alugar o carro você precisa comunicar isso à locadora. A fronteira é bem chatinha, você vai ter perrengues extras.

Temos 1 semana, em julho, para Toronto. Como já conhecemos a cidade gostaria de sair uns 3 dias, qual seria melhor escolher : Quebec ou Montreal? Já estivemos meu marido e eu nas 2 cidades há 15 anos atrás. Avião ou trem?
Pensei em ficar 2 dias em cada uma delas, mas acho q aí é mta correria. Conselhos, por favor.

    Olá, Salete! Toronto está a 5h de trem de Montreal, mas a 8h de Québec. Montreal é uma metrópole, Quebec uma cidade pequena de interesse histórico. Não há hierarquia entre destinos, escolha o que oferecer a experiência que você está buscando neste momento.

Boia !
Estou planejando passar o natal em NY e o reveillon em alguma cidade / regiao proxima . Pensei no leste do Canada ( Montreal / Quebec ) . O q vc acha de ir p la nessa epoca ? O frio atrapalharia muito o turismo? Alguma sugestao de um destino nessa regiao para o reveillon ?
Obrigado , Marcelo

    Olá, Marcelo! O frio atrapalha bastante o turismo. O réveillon não é comemorado no exterior do jeito que comemoramos no Brasil, não se dá tanta importância. Combine Nova York com a cidade que você preferir; com exceção de Washington, Filadélfia ou Boston, para todas as outras você vai precisar pegar um avião, então a questão da distância é relativa.

Boia,

Com certeza neste caso BH ate SP de aviao!!! Mas estando por la,acho que as estradas sao bem mais convidativas e tambem pensei em parar para dormir em Boston.A minha “nova”duvida e que li em um site uma pessoa que falou que para entrar nos EUA vindo do Canada de carro,e um pouco demorado na fronteira. Com varios carros,filas,tem que passar pela imigracao…Vc sabe alguma coisa a respeito da fronteira?

De qualquer maneira,estou considerando voltar para NY de aviao!
Obrigada pela sua ajuda!

Cristina

    Olá, Cristina! Não há nenhuma emoção em dirigir numa auto-estrada. Os limites de velocidade não são altos, a paisagem não costuma ser bonita, um carro em Boston só atrapalharia. A fronteira americana é terrível. Nossas recomendações são sempre técnicas.

Ola

Estarei indo em Julho para Montreal e vou alugar um carro para ir ate Quebec.
Meu voo para retornar ao Brasil vai sair de NY. Acho a viajem de trem entre Montreal e NY muito
longa.Ja que vou estar com carro, voces acham uma boa ideia eu ir de Montreal ate NY de carro?
Fica muito caro devolver o carro em outro pais?

Obrigada,
Cristina

    Olá, Cristina! Deve ficar, sim. Orce nos sites das locadoras, você vai saber na hora.

    São 600 km. Perguntinha: se você fosse americana, estivesse em Belo Horizonte e fosse pegar seu vôo de volta em São Paulo, você alugaria um carro para ir dirigindo ou pegaria um avião?

Olá, estou viajando agora, final de fevereiro, para N. York, 2 dias, e então Montreal, Toronto, Niagara e de volta a N. York, onde fico uma semana. Melhor o trajeto maior de trem ou de onibus?

Olá! Gostaria de saber se há opções para ir de ônibus de NY para Montreal e vice-versa e quanto tempo leva essa viagem. Também queria saber se há outras opções, além da Amtrak, para se ir de trem entre as duas cidades, pois pela Amtrak, me parece que o trem leva 11h para chegar e a viagem ainda é feita durante o dia.

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