Um cruzeiro na selva: como é o Iberostar Grand Amazon
Semana retrasada embarquei no Iberostar Grand Amazon para um cruzeiro de três dias pelo rio Solimões – que é como o Amazonas é chamado a oeste de Manaus. Meu objetivo era conferir algo que já intuía havia muito tempo: que esta é a maneira mais confortável (e menos aventureira) de visitar a floresta. Encontrei exatamente o que imaginava: conveniências de hotel urbano, bom serviço all-inclusive, passeios enxutos que não exigem demais do passageiro.
Uma noite no Centro
Sugiro que você faça como eu e chegue na tarde anterior ao embarque. Hospede-se no Centro, onde a pedida é o Go Inn, um hotel básico-moderninho que está situado a uma quadra e meia do Teatro Amazonas. (Mais perto ainda abriu um hotel tipo pod, o Casa Teatro).
Hospedar-se por ali permite que você veja o melhor da Manaus histórica a pé – e com toda a segurança, já que a área próxima ao teatro é bastante policiada. Só o Teatro Amazonas merece duas visitas: uma para fazer o tour guiado (R$ 7,50, última saída às 17h) e a outra à noite, para assistir a um espetáculo (compre na bilheteria ou no site da BestSeat).
Quase todas as atrações do Centro estão ao redor da praça do teatro. O belíssimo Palácio da Justiça fica nos fundos; uma quadra adiante você visita o singelo solar onde morou Eduardo Ribeiro, o governador que concluiu o Teatro Amazonas e fez as obras que tornaram Manaus a Paris dos trópicos.
Dentro da própria praça você vai encontrar o Tacacá da Gisela (autêntico, saboroso e preparado com toda a higiene, ideal para o estômago dos turistas), o buffet de sorvetes amazônicos da Glacial e o sanduíche de pernil do Bar do Armando, um sujinho que é perfeito para a saída do teatro (abre no fim da tarde).
Sugiro que, no dia seguinte, você volte à praça para fazer compras com calma na Galeria Amazônica, que tem uma seleção fantástica de peças de artesanato indígena com origem detalhada – e preços que não espantam.
Feche a conta no hotel, deixe mala e compras guardadas, e pegue um táxi para almoçar num restaurante regional inventivo, como o Banzeiro, em Vieiralves, a uma corrida de R$ 15 de táxi (R. Libertador, 102, tel. 98/3234-1621).
Hora do embarque
Apesar de estar muito mais organizado e limpo do que quando estive lá pela primeira vez, há mais de 10 anos, o porto de Manaus pode intimidar o visitante. Seu táxi vai deixar você em frente ao burburinho da rampa de acesso. Você deve ser imediatamente assediado por carregadores – mas não é caso para se assustar. Um funcionário do Iberostar, usando crachá, estará ali para indicar o carregador (também identificado) que vai levar suas malas e acompanhar você até o barco.
O embarque acontece entre 15h e 16h30. Ao chegar, o buffet do lanche da tarde estará servido no convés. Aproveite o fim de tarde na piscina. Depois, peça um espumante para contemplar o sol se pôr por trás da nova ponte sobre o Rio Negro. É nesse momento que, ao som de música clássica, o barco zarpa.
O barco
Construído especialmente para este percurso, e em operação desde 2005, o Iberostar Grand Amazon é um intermediário entre as embarcações regionais amazônicas e os grandes navios de cruzeiro que operam no litoral. Com 75 cabines, transporta no máximo 150 passageiros (se você já tiver feito um cruzeiro num meganavio, vai se sentir num iate).
Espaço é o que não falta nas cabines: elas têm 23m2. São bastante confortáveis: todas são externas, têm varanda, armário e banheiro amplos e ar condicionado split; a TV, pequena, pega dois canais abertos (Globo e Bandeirantes) e passa filmes e programas da BBC nos demais canais em circuito fechado.
A correnteza do rio não afeta a estabilidade do barco, que não balança nem um pouco. O acabamento não é acintosamente luxuoso (o que combina com o entorno e o percurso). Todas as refeições são servidas em bufê. Senti falta de mais especialidades regionais.
Ainda assim, sempre há sucos de frutas amazônicas no café da manhã, pelo menos um peixe local a cada refeição e sorvetes exóticos de sobremesa. Bebidas, até mesmo as alcoólicas (peça o espumante!), também fazem parte do sistema all-inclusive.
Solimões x Negro
A cada semana Iberostar Grand Amazon cumpre dois roteiros: um de quatro noites pelo rio Negro (saídas às segundas-feiras), seguido por outro de três noites pelo Solimões (saídas às sextas). Os dois percursos oferecem atividades semelhantes, em paisagens sensivelmente distintas.
Escuras, as águas do rio Negro são quentes, ácidas e pobres em nutrientes; por isso, suas margens são mais preservadas e quase não há mosquitos (não é à toa que a maioria dos hotéis de selva está para aqueles lados).
Já as águas barrentas do Solimões são frias e cheias de vida, possibilitando a pesca e o cultivo das áreas de várzea na época seca. Para minha surpresa, o contato com o modo de vida dos caboclos ribeirinhos foi tão interessante quanto as excursões para o interior da floresta; nas fotos mais bonitas que trouxe para casa vêem-se as palafitas e as embarcações que apareceram no caminho.
Quanto aos mosquitos, embarquei com um estoque de repelentes esperando um massacre, mas ao menos nesse período do ano (até novembro é época seca) a mosquitada parece estar de férias…
As atividades
São bastante semelhantes às dos hotéis de selva; a diferença é que o navio permite que se explore pontos diferentes da floresta. Em alguns horários há mais de um passeio oferecido; na véspera você se inscreve nos que quer participar. O grupo é então dividido em lanchas menores, que se dirigem a pontos distantes uns dos outros; não haverá outra lancha no seu igarapé.
Entre os programas estão caminhadas interpretativas pela selva, passeios de barcos pela selva inundada, pescaria de piranhas, focagem de jacarés, contemplação do nascer do sol no meio do rio, visita a uma família de ribeirinhos, visita a um lago de vitórias-régias.
Entre um passeio e outro há palestras no barco sobre aspectos da Amazônia.
À noite sempre acontece um show; o mais produzido é o da última noite, apresentado por uma trupe de bailarinos vindos especialmente de Manaus.
O gran finale do cruzeiro acontece às seis da manhã do dia do desembarque, quando o barco passa pelo encontro das águas barrentas do Solimões com as águas escuras do rio Negro.
Publicado originalmente na minha página Turista Profissional, no suplemento Viagem & Aventura do Estadão.
Leia mais:
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- Chiaroscuro amazônico: o encontro das águas
- Guia de Manaus no Viaje na Viagem
265 comentários
Pessoal, em que horário aproximadamente se desembarca em Manaus no retorno do cruzeiro? Obrigado.
Olá, Diogo! Você desembarca antes das 10h da manhã.
Bóia, li algumas dicas aqui sobre o que mulheres podem vestir no jantar de gala do navio. Mas, e os homens? Em outros cruzeiros, veste-se terno e gravata geralmente. Mas isso serve para a Amazônia também? Por favor, diga que não! hehehe Sei que à noite tem que usar no jantar normal calça e sapato fechado. Mas, e o no jantar de gala? Serve uma camisa de manga cumprida? Vou fazer o cruzeiro no carnaval.
Olá, Wander! Calça comprida e camisa já está ótimo.
OK. Vou me informar
Estou interessada nessa viagem. Pode ser comprada qquer agência? Somos mais velhos mas estamos acostumados com esse tipo de passeio. Qual as próximas datas?
Olá, Ivany! Os passeios saem toda semana, duas vezes. Qualquer agência de viagem venderá o pacote.
Prezados,
Embarco no Iberostar Gran Amazon com minha família no Carnaval e gostaria de saber qual é o traje exigido para o jantar do comandante. Vcs poderiam nos informar? Ficaremos no aguardo… Aproveito a oportunidade para parabenizar pelos posts
Abs.,
Olá, Claudia! Apesar de ser um jantar de gala, você pode usar um vestido simples. Já tivemos uma leitora falando que usou um vestido de algodão, aqui:
https://www.viajenaviagem.com/2011/08/exclusivo-como-os-gringos-pegam-piranhas-no-brasil/comment-page-1#comment-154750
Comprei um pacote com a Viverde para o passeio pelo Rio Negro. Faltando 10 dias para viajar quebrei a perna, que está engessada. Liguei para a Viverde e eles foram muito solícitos e me aconselharam fazer o passeio assim mesmo (de muletas). Ainda estou um pouco insegura, o barco oferece acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção?
Olá, Sonia! Não há informações sobre acessibilidade no site do Iberostar Grand Amazon. É possível que você consiga ficar bem instalada no navio, mas os passeios ficam mais complicados de fazer com a perna imobilizada.
Estou na maior expectativa pois viajo amanhã. Reservei o navio + diárias extras em Manaus através do contacto com Ricardo da VIVERDE.COM.BR que esclareceu-me absolutamente todas as dúvidas.em vários emails, prontamente respondidos. O contacto com a agência foi super profissional e atencioso. Volto aqui quando voltar da viagem amazônica
Gente, acabei de chegar de um cruzeiro no Iberostar Grand Hotel Amazon pelas águas do Rio Negro e Solimões e fiquei maravilhado com que pude ver e desfrutar no navio e os passeios por ele oferecido, quanto a natureza, não tem explicação para tanta beleza,coisas de Deus, e quanto ao navio uma maravilha, vale a pena conhecer e desfrutar dessa aventura nas águas dos Rios Negro e Solimões e a grande selva amazonica.Obrigado Deus.
Meus caros;
fiz um passeio no rio negro no iberostar gran amazon, foi tudo lindo.
os guias são otimos. o atendimento é personalizado.
as pessoas são amigaveis e atenciosas
os proprios hospedes estavam no clima de viagem, sem preça.
a comida no navio foi de muito boa para otima.
o jantar do comandante foi excelente.
o guia wenscelau foi muito atencioso, parabens.
espero voltar
nossa agencia foi a viverde
Acabei de chegar do passeio e não gostei muito. Se eu tivesse optado por um hotel na selva, acredito que teria sido melhor. Achei que faltou legitimidade ao navio. A comida é sofrível. Poucos pratos regionais, peixes, frutas, sucos que são características legítimas e esperadas por quem visita a amazonia. No buffet tivemos ofertas de peru e cordeiro assados e o peixe – pirarucu – estava fora de ponto. No último dia, o jantar era “surf and turf” – um pedaço de lagosta sobre um pedaço de filé e fatia de torrada…. Um navio que navega pelo Amazonas 7 dias por semana, 365 dias por ano, teria que ter mais atenção à cultura amazônica. Na programação aconteceu uma palestra sobre frutas sem nehuma degustação e no show de encerramento, um “indío” tocava “Imagine” de John Lenon, Paul Simom e o Condor Passa enquanto um vídeo passava cenas da Amazonia. O show final misturou “flashs” de samba, frevo, capoeira, bumba meu boi ciranda… Creio que uma companhia de dança/teatro local poderia apresentar danças mais legítimas, representar e contar detalhes da festa do Kuarup. Fiquei no hotel St Paul; fazia parte do pacote da Viverde. Por causa do horário do navio, o hotel concedia um late check out e early check in o que é positivo, mas as acomodaçõoes sao fracas. Fomos duas vezes ao restaurante Banzeiro. Ótimo. Acho que eu não soube fazer opções melhores. Nem a cidade e nem o rio me impressionaram. Depois de Manaus, fui a Belém…que é uma outra história.
Nossa Anna, que desolador o seu depoimento! A vida assim é muito triste