Barreirinhas: em busca da pousada perfeita

Barreirinhas, a “capital” dos Lençóis Maranhenses, é a base mais indicada para quem quer visitar a região com algum conforto e sem dificuldade para marcar passeios em grupo. A cidade tem um ótimo resort de charme, o Porto Preguiças, e um cardápio diversificado de atividades, que vai além da visita a lagoas. O rio Preguiças é a grande atração do lugar — não há quem não faça o passeio de voadeira a Caburé, com paradas em Vassouras e Mandacaru. A descida de bóia pelo rio Formiga e a expedição de quadriciclo a Caburé, passando pelos Pequenos Lençóis, ajudam a esticar a estada dos turistas por ali.

Já para o visitante com perfil menos convencional-careta-familiar, aquele que se sente realizado na rusticidade de Atins ou Santo Amaro, Barreirinhas acaba sendo um ruído no itinerário. Só que passar por Barreirinhas é inevitável: se você está explorando os Lençóis, em algum momento (provavelmente em mais de um), vai precisar pernoitar na cidade. E se não tiver cacife para o Porto Preguiças, vai ter dificuldade em achar uma pousada que reúna charme, bom preço e que não seja point de grupos de excursão.

A boa notícia é que: a Alison do Hidden Pousadas e eu achamos o lugar 😀

Eu tinha mais uma noite para ficar na cidade na volta de Atins e, pesquisando disponibilidade no Booking, deparei com uma pousada com nota altíssima, 9,5: a Sossego do Cantinho. Nunca tinha ouvido falar; achei que era novidade. O chalé para uma pessoa estava a R$ 187; reservei na hora.

Em Atins, passei 48 horas sem internet ou telefone. Quando desembarquei às 6 da manhã da segunda-feira em Barreirinhas, fui direto para a padaria Mandi, esperar até um horário decente para ir à pousada e, enquanto me chapava de café com bolo de massa puba, pôr emails e outras comunicações em dia.

Foi quando vi um tuíte da Alison para mim, postado enquanto eu estava offline lá em Atins:

Rá! Como que ela ficou sabendo? Nem respondi o tuíte, porque achei que àquela hora ela já estaria a caminho de Atins, e o mistério só seria resolvido quando ela voltasse.

Às oito da manhã, liguei para a pousada para combinar o traslado (a pousada fica na outra margem do rio; na chegada e na saída eles te buscam e levam de lancha até o ponto de embarque). A dona, Josiane, disse então que o marido, Michael, estava naquele instante levando uma pessoa, e que me esperaria chegar para voltar.

Peguei um táxi (R$ 10, 3 minutinhos) até o lugar de embarque e… quem era a pessoa que estava sendo trazida? A Alison!!!

Nos cinco minutinhos em que trocamos figurinhas, ela contou como ficou sabendo da minha ida. Ela estava falando com a Josi e o Michael de fontes de informação na internet, quando citou o meu nome. Foi quando o Michael falou: ué, mas tem um Ricardo Freire que acabou de fazer reserva.

Sincronicidade, pípols!

A pousada é realmente um achado. E não é nova: existe desde 2003, e sabe-se lá por que não consta mais na lista do 4 Rodas. O dono é um casal metade suíço (o Michael), metade maranhense (a Josiane). Essa combinação gringo + brazuca normalmente dá ótimo resultado (o melhor de dois mundos, etc., insira aqui o seu clichê).

São apenas quatro chalés, amplos e confortáveis, num terreno à beira-rio. A área para tomar sol é protegida pela vegetação — você não vai ficar em exposição para as (eventuais) lanchas que passam. Uma caixa de areia engenhosamente construída na margem forma uma prainha segura em frente à pousada; quem gosta de nadar pode também pular no rio, que tem correnteza mansíssima.

Como está na margem oposta à cidade, os passeios às lagoas podem sair dali mesmo (quem vem do centro tem que atravessar de balsa). O carro de linha (Toyota) que vai para Atins passa na estrada em frente.

Querendo ir a Barreirinhas (duvido que você queira ir mais do que uma vezinha), são 10 minutos de caminhada pela estrada de areia até o barquinho (grátis) que atravessa o Preguiças com passageiros. Quando fiz o trajeto, voltei com uma turminha de estudantes saindo da escola à tarde. Foi lindo.

(Ah, sim: a cozinha da pousada é ótima, você não vai se arrepender de não sair para jantar.)

A Alison — e os hóspedes que deixaram seus comentários no Booking — tinham toda a razão. A Sossego do Cantinho é um belíssimo achado. Uma pousada gostosa a ponto de promover Barreirinhas da categoria passe-correndo para a categoria fique-uns-dias-para-descansar-da-rusticidade-e-do-sacolejo-de-Santo-Amaro-e-Atins.

Ei, Alison, qual será o próximo lugar onde a gente vai se encontrar sem combinar?

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