Soroche, o mal de altitude: será que é tão mau assim? 1

Soroche, o mal de altitude: será que é tão mau assim?

Chá de folhas de coca

Eu estava em frente à esteira do aeroporto de Cusco esperando a minha mala chegar, quando de repente me dei conta: “Que engraçado… estou respirando!”. Não contem para a minha mãe, mas desde que eu soube que iria viajar a Cusco e Machu Picchu eu fiquei bem preocupada quanto ao mal-estar que poderia sentir pela altitude.

Os principais sintomas do mal de altura (soroche, para os peruanos) são falta de ar, tontura, enjôo e dor de cabeça. Pela experiência do meu grupo e pelos relatos que li, eu concluí duas coisas:

1) sentir-se mal é quase inevitável;

2) com alguns cuidados, você consegue não se sentir tão mal assim.

Minha idéia do soroche era já sair da porta do avião ofegando e me escorando pelas paredes (ok, exagerei um pouco aí). Na verdade, os efeitos são menos drásticos e vêm mais despacito — devagar o suficiente para você conseguir atravessar o estacionamento do aeroporto e caminhar até as vendinhas do outro lado numa boa. Ali você encontra balinhas de coca para comprar (peça por caramelos de coca).

Vendinha no aeroporto de Cusco

As balas de coca com mel são gostosinhas e prometem ajudar na oxigenação do sangue.

Desse momento em diante, vá com calma. Chegou no hotel em Cusco, fez o check-in, subiu com as malas e está se sentindo ótimo? Maravilha, mas resista à tentação de já partir para um rolê pelos pontos turísticos da cidade. Vá até a esquina, tome um café, veja o movimento, e espere para turistar no dia seguinte.

Dar um tempo para o seu corpo se acostumar com a altitude é a melhor forma de amenizar o soroche.

O que é o soroche

O soroche é o mal-estar que pessoas que moram em cidades mais próximas ao nível do mar sentem em altitudes elevadas. Quanto maior a altitude, mais rarefeito é o ar – e pior nos sentimos. Nossa respiração fica mais rápida e os batimentos cardíacos aumentam enquanto o nosso corpo tenta se habituar às novas condições de clima.

Machu Picchu está a 2400 metros acima do nível do mar. Cusco, 3400 metros acima.

Cusco

Como amenizar os sintomas

O combate ao mal de altitude começa na definição do roteiro: programe uma passagem sem correria pelas cidades mais altas, reservando o primeiro dia para se aclimatar.

Mascar folhas de coca é uma tradição andina que alivia o mal-estar. As folhas também podem ser usadas para fazer chá; fica bem gostoso. São estimulantes, então melhor não tomar tarde da noite.

Na alimentação, a dica é evitar bebidas alcoólicas, tomar bastante água e comer comidas leves. O chá de muña é digestivo e ajuda a melhorar os enjôos.

Outdoor das Sorojchi Pills

As Sorojchi Pills são no Peru o remédio mais popular para o combate ao mal de altura (bem, pelo menos entre os turistas). A composição é ácido acetilsalicílico, cafeína e salófeno. O que é salófeno o Google não me ajudou a descobrir, mas os demais componentes você pode encontrar em outros remédios no Brasil mesmo. Comprar as Sorojchi Pills não é indispensável, não.

Os hotéis mais bambambãs de Cusco (como o Belmond Hotel Monasterio, o JW Marriott, o Casa Cartagena ou o hotel onde nós ficamos, o Aranwa) dispõem de tubulações especiais que liberam mais oxigênio nos quartos, ou então de máscaras de oxigênio que são emprestadas ou alugadas aos hóspedes.

O que sentimos

No meu grupo de viagem havia pessoas de idades variadas, condições físicas variadas e experimentamos o soroche de diferentes formas. Alguns se sentiram bastante nauseados, outros apenas sentiram a respiração um pouco mais difícil. Interessante notar que a pessoa mais fora de forma não foi quem se sentiu pior, e a pessoa mais velha não teve sintomas mais fortes do que os outros.

Comigo o mal-estar bateu ao chegar no hotel. Me senti zonza, mas durante o check-in tomei um chá e melhorei. Já era noite, e depois do jantar (no próprio hotel) dei só um pulinho na Plaza de Armas (que era bem perto) e voltei para dormir. Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça horrorosa, mas passou com uma CafiAspirina, que levei de casa, e com uma xícara de chá de coca. Durante os passeios da manhã, comi uma ou duas balinhas de coca quando senti a respiração um pouco mais curta, mas nada que pudesse chamar de ofegante.

Bala de coca

Você já viajou para grandes altitudes? Como fez para combater o mal-estar? Conte pra gente!

Mariana viajou a convite da TAM.

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142 comentários

Desculpem o palavreado mas passei um mal desgraçado mesmo. Em Lima e Machu Picchu nem tanto, mas em Cusco e Puno pensei que iria morrer kkk… Um conselhito, comam pouco, pouco mesmo! Infelizmente no meu caso não pode ser um passeio gastronômico. Ps: vários brasileiros passaram mal, uns menos, outros mais. Literalmente, “vá com calma!” rsrs

Estou no Peru desde o dia 16, fiquei em Lima 3 dias e cheguei em Cusco dia 19, hoje é dia 22. Estou tendo dores de cabeça, fraca mas constante, e meu nariz sangrou hoje. Estou com medo de ir a montanha . Minha família tem problemas de avc. É melhor eu desistir do passeio?

    Olá, Rosângela! Você está no ponto mais alto (3.400m). Machu Picchu é mais baixo (2.500m).

Indo para Cusco no fim deste mês. Apreensiva com o mal da altitude porque estarei com minha filha de 11 anos. Alguém tem dicas para crianças? O Soroche Pills pode ser dado tb a crianças ? Pelo que vi tem composição parecida com o AAs, que ela já está acostumada a tomar. Obrigada.

Neste momento estou numa cidade dos himalaias a 3450 m de altitude. Antecipada mente fui a uma consulta do viajante e receitaram uns comprimidos para tomar 12 horas antes e durante a estadia meio comprimido de 12 em 12 horas. Tenho 67 anos e não estou a ter problema nenhum. Claro que tb fiz a vacina da febre tifóide e um seguro de saúde. Viajantes com menos idade devem fazer a vacina da hepatite A, de acordo com os médicos. Adorei ir à consulta do viajante. Explicaram tudo muito bem e tirei as dúvidas todas

Adorei o post e as dicas.. Confesso que quando eu cheguei em um lugar de grande altitude pela primeira vez (Cusco) também achei que ia sair do avião já passando mal kkkkk

Estive por lá e amei. Ficamos 15 dias por lá sugiro 20 dias. No meu caso ficou faltando as linhas de Nazca.
Quando às questões da altura não tivemos problema algum. Tomamos bastante chá de coca. Nós hotéis os lugares turísticos e balas de coca. Aconselho fazer isso.

Pena eu não ter lido antes, ótimas dicas. Eu cheguei as 20h só descanso e chá, na manhã seguinte caminhei entorno da Plaza das Armas, quando estava achando que não me daria nada, a tarde fiz um passeio a 3850m e senti dor de cabeça e enjou, similar a uma super ressaca.

Estou na Argentina e a cidade mais alta que estive até o momento foi Iruya (4000 metros acima do nível do mar). Os sintomas de cansaço e taquicardia são frequentes, assim como formigamentos mas mãos e dedos dos pés são muito frequentes. Até o momento só tomei o chá de coca o que ajudou muito, mas pretendo lançar mão de mastigar as folhas que o pessoal do hotel indicou como ideal. Outra coisa, tomar muita água e não fazer movimentos bruscos…

Na travessia do Atacama para o Uyuni na Bolívia, na primeira noite passamos pelos 5000 metros de altitude e pernoitamos a 4500. Mesmo tendo passado os quatro dias anteriores subindo e descendo as altitudes no Atacama, a chegada na Bolívia foi traumática. A noite a dor de cabeça veio com uma violência insuportável, um pouco de tontura Tb. Tomei um chá de uma erva que nem sei pronunciar, entrei no oxigênio que havia no hotel e a dor amenizou mas me acompanhou um pouco mais amena ao longo de todo o dia seguinte. Apenas ibuprofeno ajudava mas ainda assim não eliminava a dor. Dois dias depois voltei ao normal.
Agora estou na Suíça e hoje fui aos 2900 metros. Senti um pouco de tontura e nada mais, porém horas depois já bateu aquela dor de cabeça, forte mas suportável dessa vez!

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