Milhas: 3 pegadinhas para ficar esperto
Milha é uma palavra mágica, que evoca viagens grátis. Alguns programas usam a palavra ponto, que é bem menos sexy do que milha, mas a idéia é a mesma: realizar o sonho humano de voar –- de graça.
A partir de um certo número de milhas ou pontos você consegue, sim, emitir a sua passagem grátis. O problema é emitir a passagem grátis para o destino que você quer, na data que você pode e junto com quem vai viajar com você.
Para voar com milhas para o destino que quer e na data que pode, muita gente acaba pondo os pés pelas mãos — e quando vê, o grátis saiu caro.
Milha dá trabalho
Essa é a pegadinha básica. Ao contrário do que a propaganda apregoa, não é só juntar milhas e sair voando.
Quer dizer: se você viaja sozinho e pode marcar sua viagem de acordo com as promoções das cias. aéreas –- tipo, apareceu Montevidéu baratinho com milhas pra viajar em junho, bora? – então OK, para você não vai ser muito difícil voar de graça.
Agora: se você quer juntar milhas com objetivo de uma viagem específica numa época específica e ainda levando gente junto — por exemplo, ir o casal e dois filhos com milhas para Orlando em janeiro — prepare-se pra investir muito tempo no computador. O segredo de quem se dá bem nesse mundo das milhas é a persistência.
Milha boa é milha grátis
É preciso lembrar que milha é prêmio. É um bônus que a gente ganha para transfomar em viagens grátis.
Quando você começa a pagar por esse bônus, já vale menos a pena. E a gente acaba pagando pelas nossas passagens “grátis” de diversas maneiras.
A pior delas é comprar passagem mais cara só para acumular milhas. Isso não faz sentido. Não troque o garantido — uma passagem mais barata — pela promessa de milhas que você nem sabe se vai conseguir usar.
Mesmo a anuidade do cartão de crédito que acumula milhas tem que entrar na conta. Se você paga 300 reais de anuidade por um cartão desses, quando poderia ter um cartão sem anuidade, precisa computar o custo da anuidade na sua passagem ‘grátis’.
Quando a cia. aérea oferece a opção de pagar a passagem com milhas e completar com dinheiro, veja quanto custaria comprar só com dinheiro. Digamos que uma passagem nacional esteja a 8.000 milhas + 500 reais. Daí você vai ver quanto está custando a passagem só em dinheiro, e está 650 reais. Ou seja: você estaria entregando as suas milhas por nada.
Clubes e aceleradores de milhas
Dois produtos prometem multiplicar seus pontos.
Nos clubes de milhas você paga uma mensalidade, ganha milhas todo mês e tem uma série de regalias naquele programa de milhagem. Esses clubes são indicados pra usuários avançados de milhas, que já sabem jogar o jogo e vão saber tirar proveito das vantagens.
Já os aceleradores de milhas são oferecidos por cartões de crédito top de linha, que cobram uma porcentagem da sua fatura, tipo 4%, 5%, pra dobrar o número de milhas acumuladas. Esses acumuladores só valem a pena pra quem quer tirar passagens ‘grátis’ na classe executiva. Porque se for para emitir passagens ‘grátis’ na econômica, é provável que o cliente já tenha pago no acelerador o valor inteiro da passagem.
Passagem grátis boa leva ao destino final
No afã de usar as milhas, muita gente acaba emitindo passagens erradas. O sujeito quer ir para Cusco, com intenção de visitar Machu Picchu, mas só consegue disponibilidade com milhas até Lima. Daí emite a passagem grátis pra Lima e depois quando vai comprar a passagem de Lima-Cusco-Lima, descobre que está quase o preço da passagem do Brasil pra Cusco, e que entregou suas milhas à toa.
Isso acontece o tempo todo. Só emita passagem até o meio do caminho se você já tiver feito a pesquisa de quanto custam os trechos complementares e tiver comparado com o custo total da viagem sem milhas para ver se vale a pena.
Também nunca emita passagem com milhas só de ida pra destinos internacionais. Quando você for comprar a volta com dinheiro, pode acabar pagando o preço de uma ida e volta normal.
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81 comentários
Olá,
Tenho mais de 11.000 pontos, porém não estou sabendo transformá-los em milhas. Todo programa de milhagem eu tenho que pagar uma mensalidade ou há algum que seu gratis. Eu estou pretendendo ir ao Estados Unidos em julho 2019. Seria possível me dá algumas dicas?
Olá, Flaviana! 11.000 pontos infelizmente dão apenas para uma viagem doméstica, normalmente de ida, em tarifa promocional de milhas. Os programas são gratuitos, apenas os clubes de milhas são pagos. Para uma viagem ida e volta aos Estados Unidos você precisaria de algo entre 50.000 (numa superpromoção) e 120.000 milhas, dependendo da época em que você queira viajar. Julho é alta temporada, é o mês mais caro em milhas junto com janeiro.
Olá, Bóia
Vou utilizar milhas da TAP para viajar para Espanha. Gostaria de saber o passo a passo para utilizar minhas milhas e de minha esposa. Faço login e compro primeiro a minha e depois ela faz o mesmo?
Abraço
Olá, Alexandre! O ideal é a operação ser feita ao mesmo tempo em dois computadores diferentes.
Alexandre, se você emitir pela central de atendimento da TAP, é só você informar os números dos programas de milhagem seu e da sua esposa que o atendente já faz a reserva de todas as passagens que vão ser debitadas de cada programa. Você vai pagar uma taxa de emissão por telefone, porém assim você emite todas no mesmo localizador e não corre o risco de emitir uma e não conseguir emitir a outra.
Realmente os programas de milhas são um paradoxo: informam facilidade, porém nos dão bastante trabalho! É preciso avaliar cada situação, pois o risco de desperdiçar as milhas/pontos é muito grande. Ocorre que é necessário avaliar BEM as situações que realmente vale a pena utilizar milhas. Ocorre com frequência pontuação muito alta (>15.000) para trechos baratos (São Paulo, BH, Rio, Vitória, POA, Curitiba, SSA, REC, etc), então, é necessário pesquisar com frequência diária a disponibilização de assentos por menor preço. Muito Importante: (1) saber o preço mais barato possível em milhas para ter referência (mesmo que em outra data); (2) Sempre ter um pouco de milhas (12.000 por exemplo) na conta do programa para aproveitar de promoções ou poucos assentos disponibilizados.
É verdade que se eu comprar passagens com milhas corre o risco de eu perder o vôo caso alguém compre no mesmo voo a passagem a dinheiro e não tenha mais vaga no vôo? Quem compra a dinheiro prevalece sobre a minha compra por milhas caso o vôo esteja lotado. No caso a vaga do voo seria pra quem comprou a dinheiro e eu perderia o vôo.
Olá, Lima! Se você compra a passagem, você tem o seu lugar no vôo, não importa qual foi o meio de pagamento.
Uso milhas muitas e muitas vezes mas realmente é sofrido para conseguir exatamente o que se quer. Já foi mais fácil mesmo.
Hoje tenho um problema e queria uma AJUDA.
PERGUNTO: em uma reserva comprada com dinheiro Tam para Mendoza posso dar no show na ida e usar só a volta? A ida precisa ser mudada mas custa o valor da passagem toda e uma ida por pontos fica baratinha. By The way fiz uma reclamação no Sac deles pedindo a troca da ida que seria favorável a eles por causa das datas, vai que uma boa Alma se apieda da minha situação hahahaha
Olá, Cristina! Antigamente a regra era: quem perde o vôo de ida perde também a reserva da volta. Nas novas regras da Anac parece que não é mais assim, mas de toda maneira você precisa avisar que não vai pegar o vôo.
Uma pergunta: quando compramos com milhas + dinheiro, podemos acumular as milhas está compra? Sei q só com dinheiro podemos sim acumular milhas, e por outro lado resgatando a passagem somente com milhas não faz sentido acumular milhas. Mas minha dúvida é quando a compra da passagem é “casada”, milhas + dinheiro. Neste caso, podemos resgatar as milhas dessa passagem? Ao menos parcialmente? Ou não?
Obrigado desde já
Olá, Bruno! Se você quer somar milhas com a sua passagem, compre a passagem integralmente em dinheiro, numa tarifa que permita acúmulo de milhas.
Minha filosofia com milhas, sendo que agora viajo bastante a negócio: upgrades parecem ser o melhor uso. Promoção de upgrade principalmente. Eu há muito parei de ficar fazendo contas e gastando horas pra comprar passagens pensando em milhas. Viajo da forma que for mais conveniente e acumulo pontos em cada uma das 3 principais alianças. Se der pra usar deu, se não der, não vejo sentido em gastar horas do meu tempo pra fazer malabarismos na hora de acumular, principalmente porque toda a espera pode ser jogada no lixo por uma mudança unilateral de regras.
O que valorizo mais que milhas é manter status que de direito a Lounge, alteração de voo gratuita etc. Acho esses benefícios mais úteis.
Bom dia Ricardo!
Quero passar pelo Peru para conhecer Machu Picchu, Cuscu Vale Sagrado, me oriente em cada, quanto tempo ou diária e necessário.
Olá, Flavia! Quem responde é A Bóia.
Leia a série a partir deste post:
https://www.viajenaviagem.com/2016/04/viagem-ao-peru-roteiro-9-noites/
Concordo plenamente com v .
Estou querendo transferir pontos da LIVeli em milhas Múltiplos em passagens aéreas e estou encontrando a maior dificuldade.
Ainda não consegui nada
É preciso garimpar muito para conseguir vantagens. Aproveitei uma oferta Smiles e consegui uma viagem para 3 pessoas com destino a Buenos Aires por 5.000 milhas cada trecho, o que deu 30.000 milhas totais que iriam ser perdidas em pouco tempo. Ainda se teve a sorte de a Gol haver cancelado um dos voos e, então, negociei com eles e consegui transferir a viagem para a semana do professor, pegando o feriado de 12 de outubro inclusive, tudo a custo zero (2016). Já pela TAP fui à Europa (Belo Horizonte/Budapeste e Bruxelas/Belo Horizonte) em 2013, classe executiva, duas pessoas, mas a TAP cobrava uma taxa de emissão de passagem de aproximadamente R$1.500,00 no total, o que mesmo assim compensou face ao custo da passagem executiva.