Europa viajar sem reservas

Europa: vale a pena viajar sem hotéis reservados?

Europa viajar sem reservar hotéis

Muita gente pergunta nas caixas de comentário: dá pra viajar pra Europa sem ter reservado hotéis para a viagem inteira? O que que eu digo na imigração?

A razão normalmente alegada por não querer fazer reservas por todo o período é o desejo de não querer engessar a viagem. Poder exercer o direito de decidir pra onde ir e quanto tempo ficar em cada lugar no calor da viagem.

Daqui a pouco eu falo sobre isso. Antes disso, é bom relembrar as exigências de imigração pra brasileiros entrarem como turistas na Europa.

Requisitos para um brasileiro entrar na Europa

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Requisitos para entrar no Espaço Schengen

Primeiro, vamos examinar as exigências do Espaço Schengen — um grupo de 29 países, incluindo San Marino, Vaticano e Lichtenstein, que aboliram o controle de fronteiras entre si. Dos países mais visitados por brasileiros, só o Reino Unido, a Irlanda e a Croácia não pertencem ao Espaço Schengen.

Agora: Portugal, Espanha, Itália, Suíça, Alemanha, Holanda — países que têm vôos diretos ao Brasil — pertencem ao Espaço Schengen.

O Espaço Schengen tem regras claras pra brasileiros que estejam viajando de férias ou a negócios.
Você precisa ter (e, de preferência, tudo organizado numa pastinha):

  • Passagem de volta já comprada
  • Um passaporte que permaneça válido por 3 meses depois da data do seu vôo de volta ao Brasil
  • Prova de que dispõe de 65 euros por dia por pessoa pra custear a sua viagem (em dinheiro vivo, extrato de cartão de crédito ou de cartão pré-pago)
  • E… reservas de hotel confirmadas pra todo o período da viagem, ou carta-convite dos seus amigos ou parentes na Europa que vão hospedar você em casa

Daí você pergunta: todos os agentes de imigração vão pedir todos esses documentos pra você? Não. Você deve ter tudo isso arrumado numa pastinha, mas só vai precisar mostrar se for pedido.

Acontece que, se o agente de imigração desconfiar que você é um imigrante clandestino em potencial, ele vai começar a pedir esses documentos. E se você não tiver, por exemplo, reservas de hotel confirmadas e/ou carta-convite que cubram toda a sua viagem, você vai estar em maus lençóis.


Carta-convite? Que bicho é esse?

Carta-convite é o documento que oficializa a sua hospedagem numa casa de amigos ou parentes na Europa. Deve ser escrita preferencialmente em inglês, assinada a mão e digitalizada.

Não existe um formulário-padrão para todos os países, mas o que importa é o conteúdo. O anfitrião precisa informar o número de seu passaporte, endereço e telefone, declarar que o hóspede está custeando a sua viagem e anexar cópia do seu passaporte e prova de situação legal no país.

Pode ser algo assim:

  • LETTER OF INVITATION
  • I (nome do anfitrião), (nacionalidade), holder of passport (número do passaporte), living at (endereço, cidade, país, telefone), hereby declare that I have invited (nome do convidado), (nacionalidade), holder of passport (número do passaporte), living at (endereço, cidade, país), to be a guest at my house from (data de chegada) to (data de partida).
  • I testify that (nome do convidado) travels as a tourist by (his/her) own means. Attached you find a copy of my passport and residence permit. Please don’t hesitate to contact me at (número do telefone).
  • Cordially,
  • (Assinatura e nome do anfitrião)

Requisitos para entrada no Reino Unido

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E fora do Espaço Schengen? Para entrar no Reino Unido também é assim?

Não. Não existem regras objetivas pra entrar no Reino Unido — mas isso só aumenta a autoridade do agente de imigração de implicar com você.

Se eu fosse você, montaria uma pastinha igual à do Espaço Schengen. Passagem de volta, extrato de cartão, reservas para toda a estada (ou carta-convite se for se hospedar em casa de amigos ou parentes) e seguro-saúde.

O seguro-saúde não é obrigatório para o Reino Unido, mas não é esperto sair de casa sem estar coberto. Conta de hospital em libras não é algo que dê para encarar.

Vale a pena viajar à Europa sem reserva de hotel?

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Não, né?

Você precisa das reservas confirmadas para entrar na Europa

Viajar com reservas confirmadas é a regra do Espaço Schengen. E também é um item fundamental para dobrar a reticência de um agente de imigração no Reino Unido.

Para que arriscar?

Quem viaja com reservas viaja melhor

Para mim, esse é um aspecto ainda mais importante de todos.

Essa idéia de ‘não engessar a viagem’ podia valer há 30 anos, quando as viagens à Europa eram mais longas e as pessoas faziam suas reservas de hotel no guichê informações turísticas ao chegar na estação de trem da cidade.

Hoje o mundo inteiro faz reserva com antecedência, e quando você deixa pra reservar ao chegar você tem que se contentar com o que sobrou.

Você abre mão de escolher onde ficar em troca dessa liberdade de… ter que se preocupar com isso durante a viagem. A liberdade de… perder o seu tempo útil de viagem tomando providências práticas que podiam ter sido tomadas ainda no Brasil, quando o seu taxímetro tava correndo em reais.

O que está por trás do receio de ‘engessar a viagem’

Esse receio de engessar a viagem normalmente é uma desculpa pra duas coisas. Uma desculpa pra não planejar direito a viagem (ah! lá eu me viro!). E uma desculpa para não tomar decisões importantes — mas na verdade você só faz adiar a decisão pra depois de você chegar.

Os dois motivos podem fazer você dar com os burros n’água.

Viajar sem planejamento:

  • Faz você perder passeios e atrações importantes por simplesmente não ter comprado os ingressos com antecedência
  • Faz você pegar filas de duas, três horas porque não comprou o ingresso com hora marcada quando ainda estavam disponíveis
  • Faz você pagar mais caro por viagens de trem que teriam desconto se você tivesse comprado antes
  • Faz você perder a chance de se hospedar nos hotéis de melhor custo x benefício, que são os primeiros que lotam

E adiar decisões de itinerário pra depois que você chegar é inútil. Quem disse que você vai ter melhores condições pra decidir para onde ir depois de chegar? A tendência é você passar zunindo pelos lugares, porque a próxima escala sempre pode ser mais bacana — e você só vai descobrir isso depois que chegar lá. Viajar assim é uma ansiedade.

Quer desengessar a viagem?

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Se você não quer engessar a sua viagem, existe uma solução: viaje devagar.

Fique mais dias em cada lugar

Com mais dias em cada base você vai baixar a ansiedade e vai experimentar essa sensação de liberdade que você procura. Você vai descobrir coisas que você não esperava e vai poder calibrar os passeios aos arredores de acordo com a sua disposição e energia.

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124 comentários

Olá boa noite, eu viajo dia 22 para França e minha carta convite ainda não chegou, tô desesperada, o que eu faço?

    Olá, Girlene! Pode ser um email, não é mais preciso nenhum registro ou coisa parecida.

    Boia, vi vários vídeos e informações que, por exemplo, pra Portugal e Espanha, tinha que ter a carta convite com firma reconhecida, com cópia autenticada e que isso tudo tinha um valor considerável. Sua informação é atualizada?
    Obs: amo ler vocês!!!

    Olá, Gil! Basta vir do email pessoal e conter endereço e telefone. Melhor ainda se for assinada a mão e escaneada.

Olá,

Estou com viagem marcada para a França (vou ficar 80 dias) com conexão/imigração em Roma.
Tenho tudo que é pedido (passagem de volta, seguro, reservas, dinheiro) mas ouvi relatos de quem poem pedir um comprovante de vínculo com o Brasil, emprego ou estudos.

Não sou mais estudo e tenho trabalho com freelancer justamente com a intenção de viajar por mais de um mês, a dúvida é: o que levar como comprovante de vínculo uma vez que não tenho carteira assinada? Deram a ideia da delcração do imposto de renda, porém não fiz a declração no último ano porque não atingi cota.

No site da Receita é possível tirar uma certidão negativa de débitos tributários com a união, será que esse documento é aceito? Se sim, deve estar traduzido por um tradutor juramentado?

    Olá, Danielle! O agente de imigração procura identificar imigrantes ilegais. Tenha respostas prontas para as perguntas que ele possa vir a fazer. Saiba descrever o que você faz no Brasil. Seja sincera para não entrar em contradição.

A Bóia, existe alguma vantagem em fechar o seguro de viagem com antecedência? (ex: falta um mês e 20 dias para minha viagem). Procurei no site mas não consegui achar um post sobre o assunto. Você tem alguma dica para a melhor escolha do seguro?

    Olá, Rebeca! Se você apostar na desvalorização do real, deve comprar antes porque a cada desvalorização o preço do seguro aumenta.

Ola Ricardo, no próximo mês irei para Amsterdã e já aluguei um apartamento pelo Airbnb, como devo fazer caso precise confirmar a minha estadia? Tenho que solicitar a carta para o locatário?

    Olá, Eduardo! Quem responde é A Bóia. A confirmação de reserva é um comprovante.

Reservo pelo Booking, imprimo no idioma do país e levo comigo. Se realmente for ficar, ótimo. Se não for, cancelo sem taxas no limite de cinco dias antes do início da reserva.

Ajuda bastante para quem vai ficar de couchsurfing. Levo a confirmação da reserva mesmo já havendo cancelado-a.

    É isso que estou pensando em fazer, cancelar dentro do limite de tempo mas levar as reservas impressas

Em 1997, viajei pra Europa com duas amigas. Só a primeira semana tinha hotel reservado, as outras duas semanas não, que era pra não viajar engessada. Na primeira cidade onde chegamos sem saber onde iríamos nos hospedar, teve briga. Escolher hotel na hora, com lista fornecida pelo serviço de atendimento ao turista… não deu certo. Uma queria pagar menos por noite, eu queria mais conforto e a terceira tentava apaziguar os ânimos. Perdemos umas horas visitando um ou dois hotéis e discutindo sobre “muita escada pra subir com mala”, “rua muito esquisita”, “cheiro de mofo”, até conseguirmos um quarto para três com o qual as três concordassem. Enfim…. nunca mais fiz isso.

Também não arrisco viajar sem reservas. E o conjunto de informações mais os comentários acima são de grande utilidade. Obrigada

Sempre viajo para a Europa com todos os hotéis reservados, seja para viagens curtas de 10 dias (quando as férias são apertadas), seja para viagens mais longas, quando já fiquei mais de um mês viajando de férias. Eu prefiro ter a certeza de onde vou dormir e não perder tempo precioso da viagem procurando hotel, mesmo que seja pela internet.

E como o texto diz, tem também as exigências da imigração. Vou contar como houve uma certa mudança nisso ao longo do tempo, pelo menos para mim:

Eu comecei a viajar com freqüência para a Europa há uns 8 anos, fazendo às vezes duas viagens por ano. Eu me lembro perfeitamente bem que mesmo na primeira viagem, viajando sozinha ou acompanhada, independentemente do aeroporto de chegada, NUNCA me pediam nenhum documento além do passaporte e faziam poucas perguntas (do tipo quantos dias vai ficar na Europa e só). Já cheguei a entrar no Espaço Schengen pela Alemanha sem sequer ser perguntada sobre nada: o agente apenas pegou meu passaporte e carimbou. No Reino Unido, faziam mais perguntas, mas também nunca pediam outro documento além do passaporte.

Pois bem, desde 2017, toda vez que eu chego lá (agora mais frequentemente por Frankfurt) sou bombardeada com perguntas: querem ver a passagem de volta, saber todo o meu itinerário, quantos dias vou ficar em cada lugar, querem ver as reservas dos hotéis (e eles conferem uma por uma bem atentamente) e até já perguntaram quanto dinheiro eu tinha (apesar de não terem pedido para mostrar).

Da primeira vez que essas perguntas e pedidos começaram a ser feitos (na imigração em Frankfurt em 2017) eu fiquei bem nervosa, mesmo já sendo viajante experiente e mesmo minha viagem sendo estritamente de turismo, porque nunca me questionaram daquele jeito. Eu tinha todas as reservas, todas as passagens de deslocamentos, o seguro viagem, o ingresso para atrações, mas acabei entregando todos os documentos ao agente de imigração ao mesmo tempo, até porque estavam organizados por ordem de uso ou apresentação (passagem – seguro – hotel – ingressos de atrações – deslocamento – hotel – deslocamento, etc) e acho que isso fez ele me fazer ainda mais perguntas. Foi nessa vez (e única) que o agente perguntou quanto dinheiro eu tinha, mas não chegou a pedir para mostrar, e só me liberou e carimbou o passaporte quando respondi minha profissão (sou servidora pública federal do Judiciário da União, parece um mantra que funciona …)

Depois desse “susto”, eu passei a levar todos os documentos organizados e separados por tipo: passagens, hotéis, deslocamentos, ingressos, seguro. Esse ano em fevereiro, novamente entrando no Espaço Schengen por Frankfurt, me perguntaram meu itinerário, pediram a passagem de volta e a reserva dos hotéis. Mas já estava preparada para a nova abordagem, mostrei apenas os documentos pedidos e na ordem solicitada e foi mais tranquilo (não pediram quanto dinheiro eu tinha, nem minha profissão e o agente foi menos inquisidor).

Nessa mesma viagem, também fui ao Reino Unido e ainda retornei ao Espaço Schengen por Portugal (Porto). No Reino Unido, as mesmas perguntas de sempre, mas pediram a viagem de volta. Em Porto, não pediram os documentos além do passaporte, mas me perguntaram nome do hotel onde eu ia ficar.

Então, minha recomendação é sempre já ter todas as reservas dos hotéis para todos os dias da viagem. E ter essas reservas impressas. Eu já cogitei inclusive apenas levar os arquivos das reservas salvos em PDF no smartphone, para evitar desperdício de papel, mas depois das últimas experiências, eu sempre vou imprimir TUDO!!

OBS: Em Frankfurt, esperando nas filas da imigração, eu pude perceber que eles fazem as mesmas perguntas para (quase) todo mundo, independentemente da origem. Queria ver se era por eu ser do Brasil, mas vi fazendo as mesmas perguntas para japoneses, norte-americanos, canadenses, etc e até mesmo para os membros de uma tripulação inteira de um A380 de uma companhia asiática.

OBS 2: Em uma das minhas viagens, eu fui para a Noruega. Já estava no meio da viagem e já tinha passado pela imigração Schengen e então não precisava passar de novo pela imigração (apesar da Noruega não fazer exatamente parte da UE). Eu tinha reserva num hotel relativamente caro, mas que eu pude reservar com política de cancelamento gratuito até as 16h do dia do check-in. Só que ao chegar no Aeroporto de Oslo às 15h, eu considerei ver se havia um hotel com preço mais em conta, sabendo que o custo de vida em Oslo é um dos mais caros do universo. Enquanto esperava minha mala na esteira, eu conectei meu smartphone à wi-fi do aeroporto, fiz uma busca rápida no app do Booking e vi que havia um hotel pela metade do preço que eu ia pagar, praticamente no mesmo lugar, apenas com um pouco menos de conforto (a única diferença era que não tinha frigobar e o hotel era um pouco mais simples). Eu na mesma hora cancelei a reserva anterior e fiz a nova reserva no outro hotel, já pagando todas as diárias pelo cartão de crédito. Acho que foi a única vez que eu fiz uma loucura dessas, de reservar na hora da chegada (mas lembrando que eu tinha uma reserva válida para outro hotel de qualquer forma).

Viajar com tudo reservado é um conforto impagável. Uma jogada que fação é que Reservo pelo Booking na modalidade que aceita cancelamento. Uso o Priceline uns 04 dias antes para tentar a sorte de pegar um hotelzão por preços módicos. Já dei sorte em Vancouver e Las Vegas, mas não deu certo em Tokyo e New York. Mas aí tinha o Booking pré-reservado…

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