Guia do Rio de Janeiro
Como visitar o Rio de Janeiro com segurança
Não se deixe impressionar pelo que dizem os cariocas. O Rio de Janeiro é muito mais seguro para visitar do que para o morar.
O principal legado da Olimpíada é turístico, e hoje os turistas se locomovem pelo Rio com muito mais segurança do que antes. O metrô leva mais longe, o VLT tornou seguro trafegar pelo Centro, Uber e táxi por aplicativo buscam e deixam você na porta de onde quiser.
Veja por que você não precisa ter medo de visitar o Rio de Janeiro – e siga nossas dicas para aumentar sua segurança.
O Rio de Janeiro é tão inseguro assim?
Basta mencionar o Rio de Janeiro numa conversa, e instantaneamente aparece a pergunta: “E a segurança?”. As belezas, o charme e os tesouros cariocas não são suficientes para impressionar quem está obcecado com arrastões, balas perdidas, tráfico de drogas, crise sem fim. Os cariocas parecem ser os primeiros a desaconselhar visitas à sua cidade.
No entanto, é só você caminhar por Copacabana, Ipanema ou Leblon para perceber que há mais moradores de classe média caminhando na rua e usando a cidade (fora de carros, fora de shoppings!) do que em qualquer outra metropóle brasileira. Não existe lugar do país com tantas mesas nas calçadas e com um comércio de rua tão forte em bairros de classe média. Se o Rio é tão perigoso assim, por que tanta gente ainda está nas ruas?
Num dia de sol e calor — em qualquer fim de semana do ano — as praias do Rio lotam, do Leme ao Pontal. Por que dezenas de milhares de pessoas insistem em se expor a arrastões?
O contra-senso continua quando você examina o turismo. A Olimpíada ocorreu na maior tranqüilidade. Não houve nenhum caso de violência contra turistas durante o Rock in Rio 2017. Nem durante o Rock in Rio 2019. Os Réveillons de 2018, 2019 e 2020 foram sucesso retumbante, com ocupação total dos hotéis. Antes da pandemia, os argentinos estavam por toda parte, nas praias, nos pontos turísticos, nos supermercados, felizes como mineiros em Guarapari.
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É assim há 30 anos
Eu comecei a viajar ao Rio de Janeiro como turista há mais de 30 anos, e desde o fim de 2015 moro na cidade.
Não me lembro de nenhum momento em que viajar ao Rio ou morar no Rio não incluísse adotar um pacote de precauções de segurança. A insegurança e a violência sempre existiram. Nos lugares mais violentos da cidade, a violência de fato aumentou.
Morar no Rio está de fato mais inseguro do que há 10 anos. Mas visitar o Rio, por incrível que pareça, está mais seguro – ou menos inseguro, se você preferir – do que antes da Olimpíada.
Continue lendo, que eu explico.
Insegurança do morador
O Rio sofreu a crise brasileira de uma maneira muito mais intensa do que o resto do país. O estado foi à falência, o funcionalismo e os aposentados deixaram de receber, a recessão foi brutal, a população de rua aumentou.
A falta de continuidade do projeto das UPPs (as unidades de polícia pacificadora, instaladas nas favelas) fez recrudescer a violência em morros e comunidades. O estado de espírito que define o carioca passou de ‘descontração’ para ‘desalento’.
Se você precisa mandar seus filhos para a escola todos os dias; se você tem que cruzar um túnel (ou a Linha Vermelha) todos os dias para trabalhar; se o único meio de transporte que serve para você todos os dias é o ônibus; se você passa todas as suas noites num apartamento de fundos para um morro onde há tiroteios – realmente, não está fácil.
Mas você, como turista, tem o privilégio de não precisar passar por nada disso. E ainda pode aproveitar uma série de novidades olímpicas que, de fato, aumentaram a segurança de quem visita a cidade.
Mala de bordo nas medidas certas
A segurança do turista
As obras de mobilidade urbana feitas para a Olimpíada cobrem quase todo o território percorrido pelo visitante e proporcionam deslocamento com toda a segurança.
O metrô, que é o lugar mais seguro do Rio de Janeiro, agora leva também ao coração de Ipanema, ao Leblon e também à Barra da Tijuca (de quebra, evitando passar pelo túnel engarrafado). Já o simpático VLT trouxe segurança aos deslocamentos pelo Centro. Use esses dois meios de transporte sempre que puder, e seus deslocamentos serão mais seguros do que aí na sua cidade.
(O exemplo mais agudo: na primeira noite do Rock in Rio 2017 aconteceu o evento mais violento daquele ano na Rocinha. O morro foi invadido por uma facção em busca do controle do tráfico local. Os moradores ficaram ilhados e correram risco de vida. Os bairros vizinhos de São Conrado e Gávea, assim como quem passava de carro na auto-estrada Lagoa-Barra, viveram uma noite de tensão insuportável. Mas nesta mesma noite, porém, milhares de espectadores do Rock in Rio passaram por ali em total segurança, na ida e na volta, alheios ao que acontecia — por baixo da terra, no metrô.)
O novo pólo turístico da cidade, o Boulevard Olímpico, que reúne quase duas dezenas de atrações, é bem policiado e não registra incidentes de segurança.
O acesso ao Cristo Redentor, que era uma bandalha, está civilizado, com ingressos com hora marcada para subir de van ou trenzinho. (A propósito, dá para comprar ingresso antecipado também para o Pão de Açúcar, o AquaRio e o Museu do Amanhã.)
Com o chegada dos aplicativos de transporte (incluindo Uber & cia.), andar de táxi ficou não só mais barato, como mais seguro. A chance de um taxista dar voltas com você ou usar taxímetro adulterado (algo comum em cidades turísticas do mundo inteiro, de Budapeste a Buenos Aires) hoje é muitíssimo menor do que já foi.
A probabilidade de ser ludibriado na praia também é pequena: desde a operação Choque de Ordem, no início da década, os clientes das barracas têm fichas de consumo com preços discriminados.
Vai por mim: tome as precauções que você tomaria há dois, três ou dez anos, e você vai curtir a cidade muito mais do que há dois, três ou dez anos.
Assaltos x furtos
O risco mais comum corrido pelo turista nas áreas em que circula no Rio é o de ser assaltado. Mas não é muito mais alto do que em qualquer outra metrópole brasileira. Em São Paulo, Porto Alegre ou Fortaleza também não é recomendável andar por ruas ermas, nem usar o celular displicentemente na calçada.
Em que grande cidade não temos receio de parar à noite no sinal vermelho, ou ficar preso no engarrafamento com celular ou bolsa à mostra? Não deixe de ir ao Rio por causa de um problema que também existe na sua cidade.
Em compensação, turistas brasileiros e estrangeiros estão praticamente a salvo no Rio de um contratempo muito freqüente em destinos não têm fama de inseguros: os furtos. Não há, no Rio (e no Brasil em geral) as quadrilhas de mãos-leves que surrupiam dinheiro, carteira e celulares nas aglomerações e nos transportes públicos de cidades como Paris, Barcelona, Lisboa ou Santiago. Só há furto sistemático no Rio em mega-shows e no Carnaval de rua. O metrô e as atrações turísticas, porém, são seguros.
(Se você quer conhecer histórias tristes de furtos a turistas brasileiros no exterior, clique neste post sobre golpes na Europa e neste outro sobre problemas nos táxis e metrô de Santiago.)
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Dicas práticas de segurança
O segredo de curtir o Rio é diminuir a sensação de insegurança. E isso acontece naturalmente quando você toma as precauções adequadas e vai percebendo que há vida normal ao seu redor.
Muitas dessas precauções são exageradas, mas ao seguir esse receituário você vai se sentir mais tranqüilo (e, de fato, vai reduzir riscos, por pequenos que sejam).
(Se você acha que impensável visitar uma cidade onde você precise seguir dicas de segurança, veja as nossas dicas de segurança para visitar Barcelona. Lá, na nossa opinião, você corre mais risco de ficar sem o seu celular, seu dinheiro e seus documentos.)
O kit básico de precauções é o mesmo que você já usa na cidade onde mora (e se não usa, deveria passar a usar):
- Saia para andar na rua sem correntinha ou relógio
- Não fique de bobeira na calçada com o celular
- Leve a câmera numa bolsa (trespassada no corpo) e tire só na hora de usar
- Se não tiver nada para carregar, saia sem bolsa. Cada penduricalho a menos é uma tranqüilidade a mais
- Não caminhe à noite por lugares ermos
- Espere o táxi ou Uber chegar para então sair da portaria ou do restaurante
Acrescente essas dicas específicas para o Rio, que vão ajudar você a reduzir sua sensação de insegurança ao mínimo:
- Identidade + 1 cartão de crédito (ou débito) + o cartão do plano de saúde + uns trocados: isso é o suficiente para qualquer saída ou passeio no Rio. Deixe a carteira no cofre do hotel, e você sairá à rua com mais tranqüilidade
- Use sempre que puder o metrô e o VLT — ambos, mais seguros do que andar de bonde e metrô na Europa…
- Evite andar de ônibus, que são vulneráveis a assaltos e arrastões
- Ao andar de carro, prefira o GPS do Google Maps, que escolhe o mais rápido entre percursos convencionais, ao Waze, que na ânsia de descobrir a rota mais curta pode mandar passar por quebradas inseguras
- Caso precise transitar pela Linha Vermelha, túnel Rebouças, túnel Zuzu Angel, avenida Brasil ou Linha Amarela, não se estresse por antecipação. É verdade que são os corredores de trânsito mais vulneráveis a tumulto na cidade. Mas lembre que pelo menos 150.000 carros passam por dia por cada uma dessas vias — 99,99999% das vezes sem ocorrências mais graves que um engarrafamento
- Hospede-se perto do metrô (veja indicações aqui). Além de mais seguro, é mais conveniente para turistar
- Precisa sacar dinheiro? Existem caixas do Banco 24 Horas na maioria das estações do metrô. Faça o saque quando estiver voltando para o seu hotel. Você elimina o receio de alguém ver você entrar e sair da agência do banco. (É mais seguro do que sacar dinheiro num caixa aí da sua cidade)
- Em Ipanema e Leblon, evite caminhar por ruas de passagem que não tenham comércio, como Prudente de Moraes e General San Martin. Para deslocamentos a pé entre os dois bairros, use as ruas principais, Visconde de Pirajá e Ataulfo de Paiva
- Sábado à tarde e domingo, evite cruzar a região dos Arcos da Lapa e também o Largo da Carioca a pé. Nesses dias, visite a Escadaria Selarón de táxi ou Uber
Segurança na praia
Calma no Brasil. A praia do Rio não é o lugar conturbado que tantos (incluindo cariocas) pensam.
Arrastão na praia tem dia e hora
Arrastões na praia ainda existem, embora mais raros do que se pensa.
Na praia, os arrastões estão mais para arruaça do que para assaltos em massa. Como técnica de assalto, o arrastão na praia é muitíssimo menos eficiente do que quando praticado em engarrafamentos ou prédios.
Os arastões na praia acontecem em dias de muito sol e calor, no fim de semana ou nas férias, do meio da tarde em diante. É quando bandos de pivetes saem da praia em correria, causando pânico e amealhando celulares e bolsas no caminho.
Normalmente as vítimas também estão saindo da praia nesse momento. Passageiros de ônibus – sobretudo os da linha 474 – também sofrem.
Como evitar arrastões na praia
No fim de semana, evite as praias do Arpoador e o Posto 8 de Ipanema (entre Francisco Otaviano – onde passam os ônibus – e Teixeira de Melo – que é o caminho do metrô).
Nos dias mais quentes de verão, vá à praia de manhã e saia no começo da tarde.
Sigo essa regra há 6 anos e nunca presenciei arrastão nenhum na praia.
O calçadão está mais seguro
O calçadão de Copacabana (dos dois lados da avenida) é o campo tradicional de atuação dos pivetes que praticam pequenos assaltos, saindo correndo ou de bicicleta. Felizmente esse tipo de incidente em Copacabana está controlado. É mais fácil você ser furtado no calçadão da Rambla em Barcelona do que assaltado no calçadão de Copa, hoje em dia.
Importante: à noite, evite o calçadão de Ipanema, que fica totalmente ermo. O calçadão de Copacabana, porém, fica cheio e não é inseguro à noite.
Na areia é sossegado
Na areia você está mais seguro do que imagina. Furtos (quando você é roubado sem perceber) podem acontecer, mas no Brasil não temos profissionais com a qualidade dos que surrupiam carteiras e celulares a rodo no metrô de Paris ou da rambla de Barcelona.
Evidentemente, não dá para deixar seus objetos de bobeira. Leve uma bolsinha tipo saco para o celular e dinheiro, e amarre na cadeira ou nos aros do guarda-sol. E deixe com um vizinho quando for cair n’água.
Carregue o mínimo de tralha para a praia (pra que levar a carteira inteira? não precisa!) e seus dias serão mais tranqüilos. Se precisar, use o guarda-volumes do posto salva-vidas mais próximo. Na terceira ida à praia a paranóia já vai ter passado.
Segurança no Réveillon e no Carnaval
Clique para dicas de segurança no Réveillon aqui.
Clique para dicas de segurança no Carnaval aqui.
147 comentários
Olá Boia!
Parabens pelo site, pela abordagem e clareza.
Estou indo com meu namorado gringo da nossa hospedagem no Recreio dos Bandeirantes para Angra do Reis/Ilha Grande.
Os transfers são um absurdo de caros, mas estou morrendo de medo de estar com ele na rodoviária para pegar o onibus para Angra.
Eles é loiro alto dos olhos azuis, chama atenção como estrangeiro.
Você acha que estou exagerando, e com os devidos cuidados (sou super cuidadosa e atenta) podemos ir de onibus?
Pensei também em um uber até ITAGUAI e lá o onibus para Angra, já que o Recreio já está no caminho…
Te agradeço alguma consideração que possa fazer a respeito.
Abraços!
Olá, Priscila! Não seja paranóica. O único problema aí é a distância do Recreio à Rodoviária.
https://www.viajenaviagem.com/destino/rio-de-janeiro/rodoviaria/
Olá! Estou indo esse fim de semana e vou me hospedar em Copacabana! Teria algum lugar para indicar pra pode sair a noite, jantar ou fazer um lanche diferenciado!
Olá, Tatiane!
Veja:
https://www.viajenaviagem.com/destino/rio-de-janeiro/onde-comer/
https://www.viajenaviagem.com/destino/rio-de-janeiro/o-que-fazer/